Britânicos planejam construir hidrelétricas no mar

17 de janeiro de 2018

Britânicos planejam construir hidrelétricas no mar

Britânicos planejam construir hidrelétricas no mar 1024 614 Cimento Itambé

Projeto prevê retirar energia das marés. Desafio é produzir concreto que resista à água do mar sem desencadear patologias

Topo da barragem servirá de parque linear, segundo projeto para a Swansea Bay


Topo da barragem servirá de parque linear, segundo projeto para a Swansea Bay

Um ousado plano britânico pretende construir a primeira hidrelétrica no mar. O projeto consiste em erguer um paredão de concreto de 9 quilômetros, em forma de “U”, que envolveria parte da Swansea Bay, no País de Gales. Vinte e nove turbinas submersas seriam movimentadas pelo fluxo das marés. Segundo os cálculos dos projetistas, a usina pode gerar 350 megawatts de energia por dia, o suficiente para abastecer 150 mil casas. Ao contrário das hidrelétricas instaladas em rios, que precisam abrir suas comportas para controlar o fluxo de geração de energia e a vazão do reservatório, a usina no mar seria regulada pelas marés.

O projeto está estimado em 1,3 bilhão de libras – cerca de 6,8 bilhões de reais. O dinheiro viria de um consórcio de empresas de tecnologia da Grã-Bretanha, batizado de Tidal Power Lagoon. De acordo com Mark Shorrock, presidente-executivo do consórcio, o alto investimento traria retorno, pois a inovação pode ser vendida para outros países. “Além disso, a hidrelétrica movida a maré compensará a perda de fornecimento de energia que o Reino Unido terá nos próximos anos, com a desativação progressiva das termelétricas e dos reatores nucleares”, acrescenta. Sobre a estrutura da barragem será construído um parque linear para ser explorado pelo turismo.

Se o protótipo na Swansea Bay for bem sucedido, o consórcio já planeja construir o mesmo modelo de hidrelétricas em outros cinco pontos da Grã-Bretanha: Cardiff, Newport, Colwyn Bay, Bridgwater Bay e West Cumbria. Isso demandaria investimento de 15 bilhões de libras – aproximadamente 75 bilhões de reais. “O aspecto relevante deste tipo de hidrelétrica é que ela não depende dos caprichos da meteorologia. A operação dela é previsível. Sabemos exatamente quando a maré ficará alta e quantas vezes isso ocorre no ano. Outro detalhe é que elas serão construídas para ter vida útil mínima de 120 anos“, ressalta Shorrock.

Concreto romano

Turbinas submersas no mar se movimentam de acordo com a vazão das marés


Turbinas submersas no mar se movimentam de acordo com a vazão das marés

Um dos desafios da megaobra é produzir um concreto que seja resistente à água do mar e que não sofra patologias ao longo do tempo. As pesquisas para tornar o material imune, a partir de sua matéria-prima – o Cimento Portland, estão sob a liderança da geóloga e pesquisadora de concreto, Marie Jackson, da Universidade de Utah. Em artigo publicado na revista American Mineralogist, a especialista avalia que as características do “concreto romano”, que após 1.500 anos ainda mantém estruturas em pé na capital da Itália, possa ser o caminho para conseguir produzir um material com alta resistência e durabilidade

Por usar cinza vulcânica, o concreto romano é rico em tobermorita aluminosa e phillipsita, considerados ingredientes-chave para a longevidade do material. Em contato com a água do mar, os elementos se expandem, preenchem os vazios e fortalecem o concreto. A análise faz parte do artigo que Marie Jackson escreveu na American Mineralogist. Seu desafio agora é encontrar esse mesmo grau de resistência para o concreto que será usado nas hidrelétricas marítimas. As pesquisas devem chegar a uma conclusão em 2018, pois em 2019 o consórcio pretende iniciar a construção do primeiro protótipo.

Veja vídeo de como funcionará a hidrelétrica marítima

Entrevistados

  • Mark Shorrock, presidente-executivo do consórcio Tidal Power Lagoon (via assessoria de imprensa)
  • Marie Jackson, geólogo da Universidade de Utah (com base em artigo publicado na revista American Mineralogist)

Contato: Info@tidallagoonpower.com

Crédito Fotos: Tidal Power Lagoon

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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