Atlas inédito sobre patologias da construção sai do papel

Ideia é criar documento que aponte os problemas mais comuns em cada microclima do continente latino-americano
27 de setembro de 2018

Atlas inédito sobre patologias da construção sai do papel

Atlas inédito sobre patologias da construção sai do papel 425 283 Cimento Itambé
Pedro Castro Borges

Pedro Castro Borges: concreto pode sofrer de “câncer”, e pode morrer se não for corretamente tratado
. Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Segundo Pedro Castro Borges, que esteve em Foz do Iguaçu-PR na semana passada, onde aconteceu o 60º Congresso Brasileiro do Concreto, o atlas é necessário para que sejam identificados os microclimas dentro do continente e, por meio desta pormenorização, possam ser trabalhados itens como qualidade do cimento, relação água/cimento e famílias do concreto. “A relação água/cimento, por exemplo, influencia muito no transporte de cloretos para dentro do concreto. Isso também depende da temperatura ambiente onde a obra está sendo construída. Quanto mais água e maior a temperatura, mais poros serão criados no concreto e, consequentemente, menor restrição à entrada de cloretos”, define.

O atlas, no entender de Pedro Castro Borges, seria um indicador de como produzir o melhor concreto em cada região do continente, levando em conta características climáticas, patologias mais recorrentes e propriedades dos materiais (cimento, areia, brita, água e aditivos) utilizados em cada microclima. Para isso, ele mobiliza especialistas para que o documento seja elaborado por várias mãos. “Não é um trabalho sozinho. Tenho falado com uma rede de especialistas em patologias do concreto que já alcança 19 países. A ideia é que em 2019, na CONPAT que vai ocorrer em Chiapas, possam lançar os fundamentos do atlas, para começarmos a elaborá-lo. No entanto, não é um trabalho que ocorre rapidamente. Presumo que vai precisar, no mínimo, de cinco anos para que possamos coletar as informações e publicá-lo”, diz.

Brasil tem papel importantíssimo na elaboração do atlas sobre patologias

Para o engenheiro mexicano, com a reunião de vários microclimas em um atlas será possível criar modelos matemáticos mais precisos para ajudar a prevenir, principalmente, o ingresso de cloretos no concreto, assim como evitar processos de carbonatação. Pedro Castro Borges ainda destaca que o Brasil tem papel importantíssimo na elaboração do atlas sobre patologias do concreto. Não só por ser o maior país do continente latino-americano, mas por possuir vários microclimas em seu território. “O Brasil tem um vasto litoral, que abrange desde a região nordeste – muito vulnerável a cloretos – até o sul do país, que tem características muito distantes. Por isso, a presença dos estudiosos brasileiros é importantíssima na concepção desse atlas”, reforça.

No México, o professor-doutor é considerado a principal autoridade no estudo de patologias relacionadas ao concreto. O trabalho de Pedro Castro Borges, atualmente, tem sido o de formar novos pesquisadores, já que as estruturas em seu país também são alvos recorrentes de ataques por cloretos, e de atuar em cima do aprimoramento de normas técnicas. “Costumo comparar o concreto a um ser vivo. Ele pode sofrer de câncer, que seriam os ataques por cloretos, e pode morrer, ou seja, pode ruir. Por isso, tratar dessas patologias é um tema de grande importância para todos”, reafirma.     

Entrevistado
Reportagem com base em palestra concedida pelo professor-doutor e engenheiro civil Pedro Castro Borges, durante o 60º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo IBRACON

Contato: pcastro@cinvestav.mx

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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