Novos edifícios terão normas para reduzir a sensação térmica
Resolução federal exige eficiência energética mínima em novos prédios a partir de 2030
A construção civil brasileira passará por uma transformação gradual, porém estrutural, a partir de 2027. Uma nova resolução federal estabelece Índices Mínimos de Eficiência Energética para edificações, tornando obrigatória a adoção de critérios que reduzam o consumo de energia sem comprometer conforto, segurança e qualidade dos ambientes. As mudanças estão previstas na Resolução CGIEE nº 4, de 26 de setembro de 2025.
A medida atinge novos projetos de edificações públicas, comerciais e residenciais, com cronograma escalonado até 2040, permitindo adaptação de profissionais, empresas e gestores públicos. A proposta é alinhar o Brasil a padrões internacionais de eficiência, ao mesmo tempo em que promove economia de energia, conforto térmico e resiliência climática.
Atualmente, a construção civil conta com um sistema voluntário de classificação de eficiência energética, semelhante ao adotado para eletrodomésticos. Com esta nova resolução, essa classificação passará a ser obrigatória para novas edificações.
O que são os índices mínimos?
Os índices funcionam como padrões obrigatórios de desempenho energético, semelhantes aos já existentes para equipamentos como geladeiras e aparelhos de ar-condicionado. No caso das edificações, o objetivo é garantir que os projetos utilizem menos energia para oferecer o mesmo nível de conforto e funcionalidade.
Na prática, isso envolve desde soluções de projeto — como ventilação cruzada, iluminação natural e sombreamento — até a especificação de materiais e sistemas mais eficientes.

Crédito: Divulgação GT Building
Quem será obrigado a cumprir as regras
A obrigatoriedade entra em vigor em 2027, com novas construções de edifícios públicos federais, que deverão atingir desempenho equivalente ao nível A da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), o mais eficiente da escala que varia de A a E. Para o Rio Grande do Sul, contudo, a implementação dessa exigência foi postergada para 2028, em virtude da situação de calamidade pública enfrentada recentemente pelo estado.
A partir de 2030, a exigência se estende a edifícios comerciais, residenciais e de habitação de interesse social (HIS) em cidades com mais de 100 mil habitantes. O cronograma segue até 2040, quando todas as novas edificações públicas, comerciais e residenciais em municípios com mais de 50 mil habitantes deverão atender aos índices mínimos.
Edificações privadas deverão alcançar, no mínimo, o nível C da ENCE, que, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), corresponde basicamente ao cumprimento de normas técnicas já vigentes. Projetos que atingirem nível A poderão receber o Selo Procel Edificações.
Habitação social também entra no radar
Um dos pontos centrais da regulamentação é a inclusão progressiva das Habitações de Interesse Social (HIS). A partir de 2030, moradias financiadas ou executadas com recursos públicos deverão incorporar critérios mínimos de eficiência energética, o que pode resultar em contas de luz mais baixas, melhor ventilação e maior conforto térmico, especialmente em regiões quentes e com infraestrutura precária.
Obras em andamento não serão afetadas
A regulamentação não terá efeito retroativo. Projetos já aprovados ou obras em andamento não precisarão se adequar às novas regras. As exigências valem apenas para novos projetos protocolados após a entrada em vigor da norma, garantindo uma transição planejada e sem impacto imediato sobre empreendimentos em execução.
Eficiência não exige grandes obras
Segundo o documento, não são necessárias intervenções complexas ou de alto custo para alcançar eficiência energética. Estratégias simples de projeto, como o correto posicionamento de janelas, o aproveitamento da iluminação natural, a ventilação cruzada e o sombreamento adequado de fachadas, são capazes de reduzir significativamente a necessidade de climatização artificial.
Em novos projetos, soluções estruturais — como materiais com maior resistência térmica, vidros eficientes e estratégias bioclimáticas adequadas à região — podem ser incorporadas de forma gradual.
Impacto econômico e ambiental
Além da redução do consumo energético, a regulamentação deve impulsionar a modernização da cadeia produtiva da construção civil, estimulando tecnologias inovadoras, sistemas construtivos mais eficientes e atualização de normas técnicas.
Estudos do MME indicam que, até 2030, atividades ligadas à eficiência energética podem gerar mais de 1,2 milhão de empregos diretos e indiretos, além de contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa, valorização imobiliária e atração de investimentos.
Exemplos de eficiência energética
No âmbito da administração pública, Alexandra Maciel, coordenadora do Grupo Técnico para Eficientização de Energia em Edificações do Ministério de Minas e Energia, compartilhou o exemplo do edifício do Ministério da Saúde – Bloco O da Esplanada.
“Este edifício é uma referência para toda a Esplanada, por ter passado pelo processo de etiquetagem e recebido a classificação A — o nível máximo de eficiência energética para edificações. Esse prédio reúne uma série de soluções adaptadas ao clima de Brasília, como estratégias de proteção contra a insolação, uso de películas de baixa emissividade e intervenções na reforma interna que ampliaram o aproveitamento da iluminação natural. Soma-se a isso um sistema de ar-condicionado eficiente, plantas livres que permitem ventilação cruzada quando o ar não está em uso e um sistema de iluminação elétrica de alto desempenho”, afirma Alexandra.
Em Curitiba (PR), o OÁS, empreendimento que está sendo executado com concreto da Concrebras, deve utilizar algumas estratégias de eficiência energética e já conquistou algumas certificações, incluindo GBC Condomínio, LEED, PBE Edifica e Fitwel. Uma destas estratégias é a fachada ventilada. De acordo com a construtora GT Building, ela é formada por camadas independentes. Uma estrutura de sustentação é ancorada à parede impermeabilizada da edificação, criando um espaço de ar entre o revestimento externo e a parede. Esse espaço permite uma ventilação natural contínua, conhecida como ‘efeito chaminé’, que reduz a absorção e a transferência de calor para o interior do edifício. A ventilação constante impede o acúmulo de calor e umidade entre as camadas, prolongando a vida útil dos materiais e evitando problemas comuns nas fachadas convencionais.
“Estudos realizados para o Oás comprovaram uma redução de até 5 °C nas temperaturas internas em comparação às fachadas convencionais — resultado alcançado de forma totalmente passiva, sem o uso de sistemas de climatização. Essa eficiência térmica pode representar economia de cerca de 30% no consumo de energia elétrica com ar-condicionado, especialmente nos períodos de mais calor”, destaca o diretor de operações da GT Building, Maurício Fassina.
Fontes
Maurício Fassina é diretor de operações da GT Building.
Alexandra Maciel, coordenadora do Grupo Técnico para Eficientização de Energia em Edificações do Ministério de Minas e Energia.
Contatos
GT Building – centralpress@centralpress.com.br
Ministério de Minas e Energia – imprensa@mme.gov.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
Vogg Experience
Cadastre-se no Massa Cinzenta e fique por dentro do mundo da construção civil.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.

Massa Cinzenta
Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.
15/05/2024
MASP realiza o maior projeto de restauro desde a sua inauguração
MASP passa por obras de restauro em suas estruturas. Crédito: Assessoria de Imprensa / MASP Quem passa pela Avenida Paulista vem notando uma diferença significativa na…
22/12/2025
Construção civil deve encerrar o ano com alta de 1,8% no PIB
Após um desempenho robusto em 2024, a construção civil apresentou perda de ritmo em 2025, embora tenha mantido crescimento. De acordo com estimativas do FGV Ibre com base em…
22/12/2025
Tratamento de partículas finas de concreto com CO2: a rota de mineralização que viabiliza o uso de materiais cimentícios de baixo carbono
A descarbonização da cadeia produtiva do cimento e do concreto configura-se como um dos maiores desafios da construção civil. Nesse cenário, pesquisas associam eficiência…
22/12/2025
Pavimentos permeáveis de concreto avançam no país como solução técnica para drenagem, sustentabilidade e mitigação climática
A adoção de pavimentos permeáveis de concreto vem ganhando relevância no setor da construção civil, especialmente em projetos voltados à drenagem urbana sustentável.…
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.
Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS
Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32
Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40
Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.
Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI
O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.









