Construção civil deve encerrar o ano com alta de 1,8% no PIB

Setor desacelerou em 2025, mas foi impulsionado pelo MCMV e pela infraestrutura

Após um desempenho robusto em 2024, a construção civil apresentou perda de ritmo em 2025, embora tenha mantido crescimento. De acordo com estimativas do FGV Ibre com base em dados do IBGE, o PIB da construção deve encerrar o ano com alta de 1,8%, abaixo do avanço de 4,4% registrado no ano anterior, refletindo um ambiente mais desafiador, marcado por juros elevados, desaceleração do consumo das famílias e custos pressionados.

Segundo a economista Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), o cenário já era esperado. “Em dezembro de 2024, nossa avaliação era de que 2025 seria um ano mais difícil, especialmente por conta do patamar elevado da taxa de juros, apesar de o setor ainda carregar os efeitos de um ciclo recente relativamente forte”, afirma.

Indicadores de atividade mostram resiliência

Mesmo com a desaceleração, alguns indicadores apontam resiliência da atividade. O consumo de cimento, considerado um dos principais termômetros do setor, cresceu 3,6% no acumulado do ano, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC). Em 12 meses, a alta foi de 3,2%, indicando continuidade das obras, especialmente na infraestrutura e no mercado habitacional popular.

Já a indústria e o comércio de materiais de construção apresentaram desempenho mais fraco. No acumulado do ano, a indústria registrou estabilidade, enquanto o comércio registrou leve retração, refletindo a redução das despesas das famílias com obras e reformas. Do total produzido pela indústria de materiais, 47% têm como destino direto o consumo das famílias, o que reforça o impacto da desaceleração desse segmento sobre a cadeia produtiva.

Emprego desacelera, mas segue acima da média da economia

No mercado de trabalho, o ritmo de contratações perdeu fôlego, mas permaneceu positivo. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que, nos últimos 12 meses até outubro, o emprego formal no setor cresceu 2,84%.

Dados da CBIC indicam alta de 8,4% nos lançamentos e de 5% nas vendas no mercado nacional.
Crédito: Envato

A escassez de mão de obra qualificada e a demanda insuficiente continuaram entre os principais entraves apontados pelas empresas. Até outubro, a construção civil empregava mais de 3 milhões de trabalhadores no Brasil, sendocerca de 365 mil no estado de São Paulo.

“A construção continua contratando mais do que demitindo, mesmo com a desaceleração observada ao longo do ano”, destaca Ana Maria Castelo.

Mercado imobiliário segue aquecido, com forte assimetria

O mercado imobiliário manteve crescimento em 2025, ainda que de forma desigual entre os segmentos. No acumulado de janeiro a outubro, dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) indicam alta de 8,4% nos lançamentos e de 5% nas vendas no mercado nacional.

Em São Paulo, o desempenho foi ainda mais expressivo. Segundo o Sindicato da Habitação, Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis do Estado de São Paulo (Secovi-SP), os lançamentos cresceram 41%, enquanto as vendas avançaram 10% na comparação anual, movimento impulsionado principalmente pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).

“O crescimento está concentrado nas duas pontas do mercado: o Minha Casa, Minha Vida e os imóveis de maior valor. O segmento intermediário segue mais pressionado pelas condições de crédito”, explica a economista.

Crédito recua fora do MCMV

O crédito imobiliário com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) apresentou retração significativa em 2025. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), as contratações para financiamento à construção caíram 48,9%, enquanto os financiamentos para aquisição recuaram 7,4%, resultando em uma redução total de 21,4% no ano.

Infraestrutura sustenta parte do crescimento

Na infraestrutura, por outro lado, as expectativas positivas se confirmaram. O Brasil deve encerrar 2025 com cerca de R$ 277 bilhões em investimentos, em valores nominais, o que representa um crescimento de 3,9%. O desempenho é sustentado pelo protagonismo do setor privado, impulsionado por concessões e leilões realizados nos últimos anos.

Custos seguem pressionados

A pressão de custos continuou elevada ao longo do ano, principalmente por conta da mão de obra. O INCC-M, calculado pela FGV Ibre, acumulou alta de 6,41% em 12 meses até novembro. Entre as capitais, São Paulo apresentou a maior variação, refletindo um mercado de trabalho mais aquecido e maior escassez de trabalhadores qualificados.

Confiança empresarial recua

Esse ambiente mais desafiador também se refletiu na confiança das empresas. A Sondagem da Construção do FGV Ibre aponta aumento das restrições relacionadas à mão de obra e aos custos, ao mesmo tempo em que o índice de confiança recuou ao longo de 2025. “As empresas encerram o ano mais cautelosas, embora os últimos dados indiquem uma leve melhora na margem”, conclui Ana Maria Castelo.

Fonte

Ana Maria Castelo é coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).

Contato

ana.castelo@fgv.br

Jornalista responsável: 
Marina Pastore – DRT 48378/SP 
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