Nova norma define parâmetros para argamassas de hidratação controlada
Documento estabelece diretrizes para coleta, transporte, recebimento e homogeneização de amostras
A 66ª edição do Congresso Brasileiro do Concreto (IBRACON) apresentou, durante o Seminário de Argamassas, a NBR 17218:2024, primeira norma brasileira dedicada às argamassas de hidratação controlada (AHC) — anteriormente conhecida como argamassas estabilizadas.
A publicação, lançada oficialmente em dezembro de 2024, estabelece diretrizes básicas para coleta, transporte, recebimento e homogeneização de amostras para ensaios, dando início à padronização de um produto que já vinha sendo amplamente utilizado nas obras, mas sem respaldo normativo específico.
Durante a apresentação no congresso, a engenheira e professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Fernanda Nepomuceno Costa, uma das responsáveis pela elaboração do documento, destacou que a norma surge como um marco regulatório. “A NBR 17218 nasceu porque o produto já é uma realidade consolidada nas obras. As construtoras e fabricantes perceberam ganhos expressivos em produtividade, redução de desperdício e uniformização do material”, afirmou.

Crédito: Envato
Segundo Fernanda, o novo texto também busca alinhar a terminologia técnica: o termo “hidratação controlada” substitui “estabilizada” por representar de forma mais precisa o funcionamento do sistema.“A reação do cimento é temporariamente bloqueada por aditivos, permitindo que a argamassa permaneça utilizável por períodos que variam de 12 a 72 horas, sem perda de desempenho”, explicou.
Apesar de concisa — com apenas quatro páginas —, a norma introduz conceitos relevantes para o controle de qualidade, como a lâmina de água e impurezas que não pertencem a argamassa, além de trazer outros parâmetros fundamentais, como tempo de início de uso, prazo de uso e janela de utilização, que deverão constar em notas fiscais. Esses parâmetros ajudam a garantir a rastreabilidade do produto e a evitar o uso fora do prazo, um problema comum em obras com alto volume de produção.“O objetivo é dar segurança técnica tanto para o fabricante quanto para o aplicador. A rastreabilidade é fundamental para que se possa identificar a origem e o comportamento do material em cada etapa”, reforçou Fernanda.
A palestrante também ressaltou que a publicação é apenas o primeiro passo de um processo de construção normativa mais amplo. “Ainda temos lacunas a preencher. Faltam diretrizes para a estocagem nas obras, para os ensaios de consistência e para o momento ideal de moldagem dos corpos de prova. É preciso criar um ecossistema normativo completo para garantir desempenho e segurança”, observou.
Ela defendeu ainda ofortalecimento do diálogo entre pesquisadores, fabricantes e construtoras para acelerar os avanços técnicos e destacou a importância de formar comissões complementares que possam desenvolver novos documentos, incluindo normas para chapisco e aplicação em campo.
Aplicações na Alvenaria
Ainda neste mesmo seminário, Elaine Guglielmi Pavei Antunes, professora e doutora da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), apresentou a palestra“Argamassa de Hidratação Controlada: Aplicações na Alvenaria”, na qual abordou o uso do produto em sistemas de alvenaria estrutural e de vedação. Elaine explicou que a AHC, produzida em concreteiras e armazenada em reservatórios no canteiro, pode ser utilizada por longos períodos — de 8 até 72 horas, conforme aespecificação do fabricante —, proporcionando maior flexibilidade de execução, controle e desempenho.
“O uso da argamassa de hidratação controlada é uma resposta às novas demandas do mercado. Diante da escassez de mão de obra e da necessidade de padronizar o desempenho das alvenarias, esse tipo de material garante qualidade e constância no canteiro”, destacou. Ela também detalhou como a AHC impacta diretamente no comportamento físico e mecânico da alvenaria, contribuindo para o isolamento térmico e acústico, além de reduzir a ocorrência de fissuras. “Quando aplicamos corretamente, conseguimos melhores resultados em segurança estrutural, conforto e eficiência. É um avanço técnico e produtivo para o setor”, afirmou.
Sobre a importância da normalização, Elaine reforçou que a NBR 17218 cria as bases para a consolidação de uma cadeia produtiva mais segura e eficiente. “As normas traduzem o que há de melhor entre pesquisa e prática. Elas estabelecem o mínimo necessário, mas o engenheiro pode — e deve — fazer melhor”, disse. Segundo ela, o desafio agora é ampliar o escopo normativo, incorporando novos parâmetros de desempenho e controle tecnológico. “Estamos em um momento de transição. A norma trouxe organização, mas ainda precisamos de instrumentos complementares que orientem desde o recebimento da argamassa até sua aplicação final”, completou.
As duas palestrantes concordaram que a argamassa de hidratação controlada representa uma tendência irreversível no setor, por unir tecnologia, sustentabilidade e produtividade. Ao reduzir desperdícios e retrabalhos, o sistema contribui diretamente para a racionalização da construção e para a redução de emissões de CO₂associadas à produção de materiais.
Fernanda Nepomuceno reforçou ainda a importância da colaboração entre todos os agentes da cadeia construtiva: “Temos desafios, mas já recebemos muitos feedbacks positivos das obras. Agora precisamos transformar essaprática consolidada em um sistema normativo completo e confiável, que garanta qualidade, segurança e durabilidade para o futuro da construção brasileira.”
Fontes
66º Congresso Brasileiro do Concreto 2025 – IBRACON
Cobertura da equipe do Massa Cinzenta – Cimento Itambé
Contato
Assessoria de imprensa Ibracon – fabio@ibracon.org.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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