Pavimento de concreto se torna alternativa sustentável para rodovias

Técnica proporciona mais conforto térmico, traz mais segurança e tem vida útil maior

Mais durável, seguro e ambientalmente responsável, o pavimento de concreto vem se consolidando como alternativa sustentável para a infraestrutura viária. De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), sua vida útil é significativamente maior que a do pavimento flexível, além de diminuir as intervenções de manutenção, o que reduz congestionamentos e o consumo de combustíveis.

A superfície clara contribui ainda para reduzir em cerca de 5 °C a temperatura ambiente, proporcionando mais conforto térmico, enquanto o desempenho técnico garante até 40% menos distância de frenagem, aumentando a segurança nas estradas. Ainda segundo a ABCP, ele é reciclável ao fim da vida útil e aliado a processos como o coprocessamento de resíduos, o que faz com que ele reúna vantagens que o tornam um material ecoeficiente e estratégico para o futuro da mobilidade.

Veja como está o panorama do uso de pavimentos de concreto, os desafios e oportunidades:

Custos: pavimento de concreto x pavimento flexível

De acordo com Dejalma Frasson Junior, gerente da regional Sul da ABCP, no início dos anos 2000 o pavimento de concreto ainda apresentava custo bem mais elevado em comparação ao flexível. “A base do pavimento de concreto é o cimento, enquanto o pavimento flexível é formado pelo CAP — Cimento Asfáltico de Petróleo — misturado à areia, pedra e brita resultando no Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ). Ocorre que, nos últimos 15 a 20 anos, o CAP sofreu aumentos expressivos, principalmente em função da variação do dólar e do preço internacional do barril de petróleo, o que impactou diretamente o valor final do CBUQ”, explica.

Paraná e Santa Catarina têm apostado no pavimento de concreto para rodovias.
Crédito: Roberto Dziura Jr/AEN

Segundo Frasson Junior, não se trata de uma queda no preço do concreto, mas de um encarecimento do CBUQ, o que acabou tornando a solução em concreto mais competitiva. “Hoje posso afirmar com segurança que boa parte das obras projetadas no Brasil já considera o pavimento de concreto como alternativa viável, seja em novas implantações ou em restaurações, por meio do sistema whitetopping”, afirma.

Sobre a diferença de custos entre os dois materiais, o gerente da regional Sul da ABCP destaca que não há um percentual fixo. “Muitos perguntam se o pavimento de concreto é tantos por cento mais barato que o pavimento flexível, mas cada caso precisa ser analisado individualmente. O orçamento depende de fatores como equipamentos disponíveis, mão de obra, tipo de solo, entre outros. O que podemos dizer com segurança é que, se antes o pavimento de concreto não era uma realidade, hoje já é”, conclui.

Paraná e Santa Catarina na vanguarda do pavimento de concreto

Frasson Junior destaca que os estados do Paraná e de Santa Catarina têm avançado na adoção do pavimento de concreto. “O Paraná hoje é o governo que mais executa obras nesse sistema. São mais de 500 quilômetros de projetos e frentes de trabalho em andamento. Santa Catarina também acompanha esse movimento, com importantes obras em execução”, afirma.

Para o gerente da ABCP, o diferencial está no caráter de continuidade das iniciativas. “Não se trata de um projeto de governo, mas de Estado. Em Santa Catarina, por exemplo, mesmo com a troca de governador, os projetos foram mantidos, licitados e estão sendo tocados”, explica.

Frasson Junior também cita o Distrito Federal, que segue a mesma linha, e ressalta a importância do apoio federal. “O mais relevante é que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), órgão máximo de infraestrutura de transportes do país, tem participado ativamente de eventos da ABCP. Hoje, apenas 2% das rodovias federais são pavimentadas em concreto, mas se o DNIT já enxerga a importância dessa solução, é natural que os estados sigam esse caminho”, avalia.

Adoção em larga escala

Segundo Dejalma, a adoção em larga escala do pavimento de concreto no Brasil ainda deve levar tempo. “Uma obra tem uma gestação longa. Ela começa na concepção da ideia, passa pelo estudo de viabilidade, depois pelos projetos rodoviários, que podem levar de dois a três anos, segue para a licitação e só então chega à execução. Estamos falando de um ciclo que pode variar de sete a dez anos”, explica.

Por isso, a transição deve ser gradual. “A mudança para o pavimento de concreto ainda vai levar de dez a quinze anos para ser percebida de forma mais ampla no Brasil”, avalia.

Gargalos na adoção do pavimento de concreto

De acordo com o gerente da regional Sul da ABCP, para expandir o uso do pavimento de concreto no Brasil, é preciso atualizar e aprimorar os processos técnicos e financeiros. “Precisamos trabalhar de forma mais clara e revisar as especificações de projetos e execução, além das planilhas de custos, que estão surgindo com novos materiais e tecnologias. A inclusão de fibras, por exemplo, é uma inovação que pode melhorar o desempenho técnico e gerar reflexos positivos no custo final”, afirma.

Ele destaca ainda outros gargalos que precisam ser superados. “A liberação do tráfego é um ponto crítico, assim como a modernização dos equipamentos. Resolver essas questões é fundamental para tornar o pavimento de concreto mais competitivo e eficiente”, completa o gerente da regional Sul da ABCP.

Pavimento de concreto nas faculdades

Para Frasson Junior, o ensino sobre pavimento de concreto nos cursos de graduação ainda é incipiente. “Muitos colegas da ABCP lecionam em faculdades, mas acabam focando mais em cursos de especialização. Com a mudança de postura do Dnit, porém, cada vez mais universidades estão reavaliando seus currículos”, afirma.

Ele compara o ritmo da educação com o das obras. “Assim como as obras levam alguns anos para se tornar realidade de forma significativa, acredito que a introdução do pavimento de concreto nos cursos de graduação também levará tempo. Mas, à medida que o mercado demanda, creio que logo as universidades começarão a incluir esse tema nas graduações”, completa o gerente da regional Sul da ABCP.

Entrevistado
Dejalma Frasson Junior é engenheiro civil graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pós-graduado em Edificações, Gestão Empresarial, Tecnologia do Concreto e Engenharia Rodoviária. Foi pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Atualmente, é gerente da regional Sul da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).

Contato
dejalma.frasson@abcp.org.br

Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
Vogg Experience



Massa Cinzenta

Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.

Veja todos os Conteúdos

Cimento Certo

Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.

Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS

Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32

Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40

Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.

Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI

O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.

descubra o cimento certo

Cimento Certo

Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.

descubra o cimento certo