Construção modular para a COP 30: é uma boa alternativa?
Belém contará com a Vila COP, um conjunto modular de alto padrão destinado a líderes e chefes de Estado
A quatro meses da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a capital do Pará enfrenta o desafio de lidar com a falta de leitos e acomodações para os visitantes do evento. Atualmente, toda a região metropolitana de Belém tem 24 mil leitos, enquanto a expectativa é que a cidade receba cerca de 50 mil visitantes durante o evento.
Diante deste cenário, algumas alternativas estão sendo consideradas como o uso de escolas, reformas de prédios antigos e a criação de hotéis em navios de cruzeiro.
“Como em todas as COPs, a questão acomodação é um desafio. Os hotéis estão de fato com suas ocupações máximas, e o governo está em fase de implantação de um programa de aluguel de moradias, onde um agente do governo vai na residência da pessoa e avalia por quanto pode ser locado o estabelecimento, seja um quarto ou toda casa. Esta medida está sendo tomada para controle da inflação de preços de hospedagem que está acima do normal”, afirma Bruna Siciliano, especialista em construções saudáveis e sustentáveis.
Desafios da construção em Belém
Para Bruna, com relação à forma de construção, é preciso levar em consideração que construir na Amazônia é diferente de construir na Paraíba, que ainda é diferente de construir em São Paulo e Rio de Janeiro. “Como engenheira coloco em pauta que em Belém ou Manaus, existem desafios operacionais e logísticos que fazem com que alguns insumos não sejam viáveis nestas regiões, a exemplo de agregados britados. Dessa forma, a brita passa a ser seixo de fundo de rio. Também temos de levar em conta que as estradas são os rios, tempos de seca e cheia afetam diretamente as obras. Com as mudanças climáticas no centro das discussões, tudo isso precisa ser colocado na ponta do lápis para tomada de decisão na construção de um projeto”, pondera.
Bruna acredita que a construção civil brasileira vai mostrar ao mundo sua capacidade de desenvolver tecnologias próprias para os canteiros de obras. “Um exemplo disso vem de Belém do Pará, onde se busca uma alternativa aos combustíveis fósseis por meio da exploração do látex”, aponta.
Outra questão latente é a crise de mão de obra – que atinge todo o Brasil. “A economia neste setor está aquecida, não somente em Belém por conta da COP, mas estamos em uma lacuna onde perdemos mão de obra para entregadores de delivery e aplicativos de transporte. É uma questão geracional, onde falta mão de obra, o que encarece o custo dos empreendimentos e demanda maior tempo de cronograma de execução. Além disto, a crise geopolítica e inflação em produtos utilizados na construção civil acaba sendo um grande desafio para garantir a sustentabilidade das obras, e saúde também financeira, pois manutenção e retrabalhos geram incompatibilidade com a descarbonização”, afirma Bruna.
Construção modular
Para atender esta demanda por leitos, como construir de forma sustentável e responsável? Seria possível deixar um legado de construções mais sustentáveis para a COP 30 e resolver a questão da falta de hospedagem?
Uma forma de fazer isto seria por meio da construção modular e o uso de pré-fabricados. Um exemplo do emprego desta técnica é a Vila COP, um conjunto modular de alto padrão que será destinado a líderes, chefes de Estado e representantes das 190 nações. Posteriormente, será transformado em centro administrativo do Governo do Pará, reunindo secretarias atualmente instaladas em imóveis alugados. “A construção da Vila COP faz parte da estratégia de ampliação da oferta de hospedagem desenvolvida pelos governos do Pará e Federal visando acomodar cerca de 50 mil pessoas que devem vir para Belém durante o evento. Depois da COP, este espaço será utilizado como centro administrativo pelo Governo do Pará, abrigando secretarias que hoje estão em prédios alugados. Isso representa economia para a administração pública e assegura que o investimento feito deixe um legado para o nosso Estado”, afirmou Hana Ghassan, vice-governadora e presidente do Comitê Estadual da COP 30.

Crédito: Agência Pará
O local onde será construída a Vila COP tem 19 mil metros quadrados. O projeto prevê uma divisão em 5 blocos, dos quais, quatro serão destinados à hospedagem, totalizando 405 suítes, e um bloco será de serviço com lobby, maleiro, escritórios, gerência, salas de reunião, academia, vestiários, quiosques de artesanato e souvenires, conveniência, restaurante e bar-café.
Para o arquiteto Marcos Serrano Miralles, ao partir do princípio da praticidade no tempo de execução, a construção modular pode ser uma boa saída para lidar com a falta de leitos. “Ela traz benefícios como a otimização de tempo, redução de resíduos e sustentabilidade para obras mais conscientes e eficientes”, informa.
Esta alternativa vem sendo incentivada pela Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec), que em 2024 apoiou a construção da sede de fábrica de estruturas modulares no Distrito Industrial de Ananindeua, Região Metropolitana de Belém. “Essa indústria é fundamental para o desenvolvimento do Pará. Além de impulsionar a criação de empregos, ela representa uma alternativa viável de hospedagem durante a COP-30”, justificou Lutfala Bitar, presidente da Codec.
Entrevistados/ Fontes
Bruna Siciliano especialista em construções saudáveis e sustentáveis, economia verde, soluções baseadas na natureza e descarbonização aplicadas a indústria da construção civil. Também é empreendedora e presidente do Grupo Siciliano Brasil, CEO Siciliano Ltda, Siciliano Tecnologia e Cofundadora Siciliano Pro.
Marcos Serrano Miralles é arquiteto. Ele já deixou sua marca em projetos em São Paulo, interior, litoral e outras regiões como Rio de Janeiro, Brasília e Gramado.
Transitando entre escritório próprio e multinacionais como a Asea Brown Boveri, no setor Real Estate, Miralles gosta de promover uma participação ativa dos clientes.
Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec)
Agência Pará
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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