Plano Nacional de Economia Circular propõe novo modelo de desenvolvimento sustentável

Objetivo é promover a transição do modelo linear de produção para uma lógica circular, que valoriza o reaproveitamento de recursos

Economia circular busca repensar processos, valores e formas de produzir
Crédito: Envato

O Brasil está se preparando para uma mudança significativa na forma como lida com recursos naturais, resíduos e cadeias produtivas. O governo federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), está elaborando o Plano Nacional de Economia Circular (PNEC).

A proposta busca promover uma transição do modelo linear de produção, baseado em extrair, consumir e descartar, para uma lógica circular, que valoriza o reuso, a regeneração e o reaproveitamento de recursos.

“O plano parte da premissa de que precisamos de uma abordagem sistêmica, intersetorial e integrada para lidar com os desafios ambientais, sociais e econômicos do país”, afirma Flávio Ribeiro, coordenador da Cooperação Técnica alemã da GIZ no Brasil para a agenda de economia circular.

Estratégia ampla e participação ativa

O PNEC está sendo construído com a contribuição de representantes do setor produtivo, poder público, academia e sociedade civil. Segundo Ribeiro, o objetivo é que o plano seja não apenas uma política pública, mas um verdadeiro pacto nacional pela transformação do modelo de desenvolvimento brasileiro.

“Estamos focando em quatro grandes eixos estratégicos: promoção da circularidade nas cadeias produtivas, incentivo a modelos de negócio circulares, estímulo à inovação e melhoria do ambiente regulatório”, explica o coordenador. Além disso, estão previstas medidas de educação, formação profissional e financiamento para iniciativas sustentáveis.

Entre os setores que podem se beneficiar dessa transição e já atuam com economia circular, está a indústria cimenteira. De acordo com Ribeiro, o setor tem diversas oportunidades para aplicar os princípios circulares de maneira prática e estratégica.

“O setor cimenteiro pode adotar tecnologias de coprocessamento de resíduos, substituindo parte do combustível fóssil por resíduos sólidos urbanos, industriais e da agricultura”, afirma. 

Exemplo disso é a Rio Bonito, empresa do grupo Itambé especializada em coprocessamento e que em 2024 processou 155.786 toneladas de resíduos. “Hoje, o coprocessamento é uma técnica consolidada, reconhecida por sua eficiência no tratamento de resíduos. A diversidade de vias de introdução de resíduos nos fornos é um diferencial técnico que posiciona a Rio Bonito como líder no mercado”, assinala Israel Wisniewski Vaz, gerente técnico e de coprocessamento da Rio Bonito.

Leia mais: https://www.cimentoitambe.com.br/rio-bonito-obtem-acreditacao-do-inmetro-e-diferencia-se-em-solucoes-ambientais-sustentabilidade-e-coprocessamento-de-residuos/

A economia circular é reconhecida mundialmente por seus efeitos positivos na geração de empregos, redução de emissões e estímulo à inovação. De acordo com Flávio Ribeiro, a experiência norueguesa mostra como é possível implementar soluções concretas e eficientes no setor da construção civil, promovendo a circularidade desde o início das obras.

“Na Noruega, está sendo adotado um modelo no qual os estandes de vendas de imóveis já são construídos com planejamento para serem desmontados e reutilizados em outras obras. Ou seja, nada é descartado após a venda do empreendimento”, destaca Ribeiro.

Essa prática alia sustentabilidade à redução de custos, ao evitar o desperdício de materiais e gerar menor impacto ambiental. Além disso, ela representa uma mudança na mentalidade do setor, priorizando o design reversível e reutilizável desde a concepção do projeto arquitetônico. “É uma aplicação clara do conceito de economia circular. O que antes era visto como lixo passa a ser entendido como recurso”, completa.

Para o Brasil, as oportunidades são especialmente promissoras nos setores da construção civil, agronegócio, indústria e saneamento. “É um caminho para tornar o país mais competitivo internacionalmente, com produtos mais sustentáveis, e ao mesmo tempo promover inclusão social e melhoria na qualidade de vida”, reforça Ribeiro. Ele também destaca que o plano prevê indicadores para medir os avanços e identificar áreas prioritárias para políticas públicas.

Brasil como protagonista

O PNEC representa uma oportunidade para o país liderar uma agenda ambiental moderna e inclusiva. Para Ribeiro, o momento é de ação coordenada e construção de consensos. “A economia circular nos convida a repensar processos, valores e formas de produzir. É uma proposta transformadora, que pode gerar benefícios para as atuais e futuras gerações.”

O plano, que já passou pela fase de consulta pública, deve ser finalizado ainda este ano, e a expectativa é de que se torne referência para estados e municípios. “Nosso desafio é construir um modelo que funcione na prática, com metas claras, recursos e governança. E estamos no caminho certo para isso”, conclui.

Iniciativa prática: Caçamba do Bem

Um exemplo concreto de economia circular em prática é o projeto Caçamba do Bem, idealizado por Marília Bender Almeida, designer de interiores e empreendedora social. O projeto funciona como um brechó da construção civil, evitando o descarte de materiais e promovendo seu reaproveitamento.

“Nós reinscrevemos no mercado peças que seriam jogadas fora, por meio da venda ou da doação desses materiais. Em 2024, já ressignificamos mais de 6 mil peças”, afirma Marília. A ação ajuda a reduzir resíduos em canteiros de obras e democratiza o acesso a materiais de construção.

Entrevistados
Flavio Ribeiro é embaixador do Movimento Circular, consultor e professor de Economia Circular, Logística Reversa e Regulação Ambiental Empresarial. Engenheiro Mecânico, especialista em Gestão e Tecnologias Ambientais e Análise Pluridisciplinar do Estado do Mundo. Mestre em Energia e Doutor em Ciências Ambientais. Conselheiro para Economia Circular do Pacto Global da ONU. Professor na Pós-Graduação em Direito Ambiental Internacional da Universidade Católica de Santos e na FIA Business School.

Marília Bender Almeida é formada em direito pela Universidade Positivo e designer de interiores pelo Centro Europeu. Sócia do escritório Bender Arquitetura e fundadora e CEO do Caçamba do Bem

Israel Wisniewski Vaz é graduado em Engenharia Química pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós-graduado em Gestão da Produção e Recursos Humanos pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI), MBA em Lean Manufacturing pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Atualmente, é gerente técnico e coprocessamento da Cimento Itambé e Rio Bonito Soluções Ambientais. 



Contatos
contato@betinicomunicacao.com.br (Assessoria de Imprensa)

mariliabenderalmeida@gmail.com

israel.vaz@cimentoitambe.com.br

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



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