Não basta dominar termos técnicos. A nova realidade exige conversação fluente, apesar de apenas 5% dos brasileiros dominarem o idioma estrangeiro
Por: Altair Santos
A formação técnica do engenheiro está cada vez mais dependente da língua inglesa. Durante os cursos de graduação, compreender textos escritos em inglês faz a diferença para ter acesso a livros e artigos publicados fora do país, e que agregam conhecimento ao universo acadêmico. Para quem tem a pretensão de fazer mestrado e doutorado, o idioma se torna ainda mais indispensável.
Já no âmbito do mercado de trabalho, a língua estrangeira tornou-se imprescindível. Em boa parte das empresas, o domínio da língua inglesa não é mais visto como um plus curricular, mas uma obrigação do candidato. Alemão e espanhol, sim, são aceitos como uma diferenciação para quem busca vaga no mercado de trabalho.
No caso da engenharia civil e da arquitetura, a interação cada vez mais intensa com projetos elaborados por escritórios fora do país, além da perspectiva de que construtoras estrangeiras possam vir a atuar com mais intensidade no Brasil, mostra que não se restringir à língua portuguesa é importante.
Por essas novas nuances do mercado, deter conhecimento do que se convencionou chamar de “inglês técnico” – aptidão para entender termos restritos à área de atuação – já não é mais suficiente. A exigência, agora, está na conversação, o que, segundo headhunters, é a maior dificuldade dos profissionais brasileiros.
Estudo da Talenses – grupo especializado em recrutamento e consultoria – revela que, mesmo que os candidatos sejam capazes de compreender textos em inglês, apresentam defasagens quando precisam conversar na língua. Principalmente nas áreas comercial, de TI (Tecnologia da Informação) e de engenharia.
Maioria só domina inglês básico
De acordo com o levantamento da Talenses, feito com 1.423 entrevistados, 52% dos recrutados para cargos de média e alta gerência no país têm somente conhecimento de inglês básico. Profissionais com nível intermediário e avançado, somados, não passam de 10% dos analisados.
Outro dado é que apenas 30% dos candidatos que dizem dominar a língua inglesa em seus currículos de fato têm fluência no idioma. “É um fator preocupante. Muitos dos candidatos afirmam no currículo que têm nível intermediário, quando na verdade têm apenas o básico”, revela Felipe Brunieri, gerente da Talenses.
A análise da empresa especializada em recrutamento faz ainda a seguinte observação: “No caso do profissional de engenharia ainda há a crença de que o inglês técnico adequado para a leitura de manuais, ou até mesmo para envio de e-mails, é o suficiente. Mas este conceito está mais que ultrapassado.”
O problema, aponta a consultoria, está no ensino incipiente de língua estrangeira nas escolas e faculdades públicas do Brasil. Só aprende efetivamente quem busca um curso de idiomas. Mas é preciso também saber filtrar essas escolas, já que algumas ensinam um inglês muito pasteurizado. No entanto, é inegável que ganha pontos profissionalmente quem aprende o idioma.
Em universidades, o conhecimento de inglês abre oportunidades para intercâmbios e participação em programas importantes. Em 62% dos casos, mostra estudo do MEC (Ministério da Educação), costumam conquistar estas vagas aqueles que dominam um idioma estrangeiro. No Brasil, porém, segundo dados da British Council, apenas 5% da população sabe realmente falar inglês.
Entrevistado
Talenses, recrutamento e consultoria (via assessoria de imprensa)
Contato
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Crédito Foto: Divulgação