30,8% dos profissionais estão familiarizados com tecnologias 4.0 na construção civil
Pesquisa Nacional sobre Digitalização na Arquitetura e Urbanismo avalia a maturidade digital dos profissionais da área
Em agosto de 2022, a Pesquisa Nacional sobre Digitalização na Arquitetura e Urbanismo revelou que 64% dos profissionais não utiliza nenhum tipo de ferramenta ou metodologia orientada a planejar as atividades no início dos projetos. Além disso, apenas 30,8% dos entrevistados dizem estar familiarizados quando consultados em relação às soluções 4.0, o que inclui inteligência artificial, business intelligence e o próprio BIM.
Por outro lado, 84,5% dos profissionais ouvidos pela pesquisa afirmaram ter uma percepção positiva a respeito do BIM e 77,6% compreendem que a ferramenta terá uma grande importância no mercado.
“Quando um profissional está fazendo o projeto de maneira isolada, isto é, quando faz a sua disciplina sem levar em conta as demais, em geral, é possível desenvolver o projeto seguindo uma intuição, uma metodologia simplificada ou a própria experiência. Não estou levando em conta as interferências que meu projeto pode gerar nas demais disciplinas e vice-versa. O problema é que para fazer um projeto em BIM, esta compatibilização é indispensável. Ainda é baixo o número de profissionais que utiliza esta ferramenta porque ainda é muito baixo o número de profissionais que faz projetos em BIM de maneira coordenada e compatibilizada”, comenta Rodrigo Broering Koerich, presidente do BIM Fórum Brasil.
Na opinião de Koerich, a consequência disso é que quando não se usa esta tecnologia ou quando projetos incompatíveis são realizados, a compatibilização é feita posteriormente. Consequentemente, o retrabalho é muito grande. “As pessoas muitas vezes acabam convivendo com este retrabalho, mas não param para se organizar em equipes multidisciplinares. Quando estas são orientadas por uma determinada metodologia clara de sequenciamento de atividades, isso possibilita que as decisões sejam tomadas à medida que elas são acordadas com as demais disciplinas”, explica Koerich.
Tecnologias 4.0
Com relação à tecnologia, o setor de construção civil é provavelmente o mais atrasado de todos. “O setor ainda encara as tecnologias como algo muito distante. Não se imagina o uso destas tecnologias dentro da construção, dentro do canteiro de obras, mesmo nos projetos. Vamos pensar primeiro nas tecnologias 2.0, que é o uso do CAD. Ele vem sendo utilizado há aproximadamente 25 anos. Até então, os projetos eram feitos em papel. Ainda hoje não é 100% das pessoas que fazem o uso do CAD como tecnologia principal. Ainda tem gente que gosta de fazer a concepção ou algumas etapas do projeto à mão. A adoção da tecnologia é algo que ainda demora. E a tecnologia 4.0 ainda vai levar bastante tempo se não houver políticas, processos ou ações que acelerem o uso dessas ações de maneira integradas”, declara Koerich.
Dificuldades na adoção do BIM
Na Pesquisa Nacional sobre Digitalização na Arquitetura e Urbanismo, foi possível verificar que 56% dos profissionais estão no estágio de adoção inicial do BIM. No entanto, 91,6% deles vêm seus esforços de adoção descontinuados no tempo. A falta de recursos foi apontada como o principal fator que afetam os esforços de adesão, com índice de 71,2%. Ao mesmo tempo, 36% dos profissionais disseram ter desenvolvido experiências de trabalho em BIM.
“As principais dificuldades para fazer esta transformação passam primeiro pela sensibilização. Em primeiro lugar, é preciso que as pessoas compreendam que estas tecnologias trarão grandes ganhos. O segundo passo é a integração destas tecnologias. O primeiro desafio é transpor a barreira de adoção do próprio BIM como uma das tecnologias 4.0. Quando existir a modelagem tridimensional, ou a modelagem de informação da construção, que é o BIM, de maneira mais ampla nas fases de projeto, a tendência é que novas tecnologias que podem ser associadas ao uso do BIM também passem a ser incorporadas. Ainda assim, elas precisariam ser integradas. A maior dificuldade começa pela sensibilização, depois a gente tem uma fase de preparação do mercado, dos projetistas para que eles adotem essas metodologias, mas as principais barreiras estão na mudança do processo de trabalho, para um processo coordenado”, expõe Koerich.
Trata-se, sobretudo, de um processo que demanda a interação entre equipes para obter maior produtividade. “Caso contrário, eu faço meu trabalho em um processo tradicional, sem uma metodologia, tenho muito retrabalho pra fazer isso, e as pessoas acabam abandonando o processo porque esse retrabalho não paga a conta”, alerta Koerich.
Outra ação necessária para a difusão do BIM, segundo Koerich, é a sensibilização dos contratantes de projeto, sejam eles do setor público ou privado.
“Como você sensibiliza uma construtora ou incorporadora a fazer o uso de uma tecnologia que ela não está acostumada? Ao mostrar que ela tem vantagens reais no uso desta tecnologia, como os ganhos na qualidade da construção, diminuição de custos, redução de prazos, dentre outros. A partir do momento em que o mercado começar a contratar ou a exigir que os projetos sejam feitos utilizando o BIM, é natural que os projetistas e demais envolvidos comecem a fazer um uso mais extensivo da tecnologia. Também é necessário preparar essas empresas para contratar o BIM. Senão, eles acabam contratando de forma errada, sem entender como deve ser feito e se frustram e podem ter a impressão de que a ferramenta não traz benefícios”, conclui Koerich.
Entrevistado
Rodrigo Broering Koerich é Engenheiro Civil (1995) e Mestre em Estruturas (2004) pela Universidade Federal de Santa Catarina. Trabalha desde 2001 na AltoQi Tecnologia, empresa que desenvolve softwares BIM para projetos, orçamento e gestão de edificações, com mais de 65 mil clientes no Brasil e no exterior, onde é Diretor de Portfólio. É o coordenador técnico do projeto CONSTRUA BRASIL (Termo de colaboração – Ministério da Economia e RECEPETi) para aumento da produtividade e competitividade da construção civil, projeto com impacto nacional no setor de construção civil. Ainda, é presidente do BIM Fórum Brasil, associação civil de âmbito nacional, neutra, sem fins lucrativos que reúne os diversos agentes da Cadeia Produtiva da construção envolvidos e interessados na disseminação do conceito e prática da Modelagem da Informação da Construção (BIM).
Contato
Assessoria de imprensa – raquel.ribeiro@bimforum.org.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Cadastre-se no Massa Cinzenta e fique por dentro do mundo da construção civil.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Massa Cinzenta
Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.
15/05/2024
MASP realiza o maior projeto de restauro desde a sua inauguração
MASP passa por obras de restauro em suas estruturas. Crédito: Assessoria de Imprensa / MASP Quem passa pela Avenida Paulista vem notando uma diferença significativa na…
07/11/2024
Shoppings horizontais: nova tendência no varejo e oportunidade para o setor da construção
Nos últimos anos, um novo modelo de centro de compras tem ganhado popularidade entre os consumidores brasileiros: os shoppings horizontais. Diferentes dos tradicionais centros…
07/11/2024
Construção civil terá benefício tributário para compra de máquinas
O programa de depreciação acelerada irá beneficiar 23 áreas econômicas do setor industrial, incluindo as atividades de construção de edifícios e de obras de infraestrutura. O…
07/11/2024
Construção da Ponte Harald Karmann promove importante avanço na mobilidade urbana de Joinville
Com capacidade para suportar até 5.400 veículos por hora, a Ponte Harald Karmann deve contribuir para a redução de congestionamentos. Crédito: Secom Joinville A construção da…
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.
Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS
Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32
Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40
Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.
Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI
O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.