Crescendo em ritmo industrial

29 de abril de 2009

Crescendo em ritmo industrial

Crescendo em ritmo industrial 150 150 Cimento Itambé

Construção civil voltada para o setor industrial prevê manter o ritmo de desempenho registrado em 2008

Iria Lícia Oliva Doniak: soluções habitacionais passam por sistemas construtivos industrializados

Iria Lícia Oliva Doniak: soluções habitacionais passam por sistemas construtivos industrializados

A construção industrial vai bem, obrigado. O setor prevê mais expansão em 2009 e avalia que terá muito trabalho nos próximos anos, por conta do crescimento da logística das empresas, e da Copa do Mundo de 2014. Ainda segundo a diretora-executiva da Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), Iria Lícia Oliva Doniak, o pacote habitacional recentemente lançado pelo governo federal – o “Minha Casa, Minha Vida” – vai depender, e muito, de sistemas construtivos industrializados. Diante deste cenário, o setor garante estar pronto para os desafios. É o que Iria Lícia mostra nesta entrevista. Confira:

Parece que para o setor industrial da construção civil a crise não chegou. Qual a tendência para 2009: de expansão dos negócios?
Quando se fala em setor industrial, é importante lembrar que a construção industrializada não é somente pré-fabricados de concreto. Setor industrial também pode ser entendido como obras destinadas ao setor industrial, como a construção de indústrias. Então, abrangendo tudo isso, diria que o setor de pré-moldados de concreto, independentemente do fato de 2008 ter apresentado um crescimento excepcional para a construção civil, já vinha apresentando índices de crescimento superiores a 10% ao ano. Para este ano, entendemos que este crescimento deverá continuar. No ano passado os fabricantes operaram com suas indústrias acima de sua capacidade de produção e em 2009 a expectativa é de que toda a capacidade instalada seja tomada.

Os setores de venda de imóveis industriais, segundo dados da consultoria Colliers International, afirmam que a alta demanda e a baixa oferta no entorno das principais rodovias do Brasil, como Anhanguera, Castello Branco, Bandeirantes, Régis Bittencourt, Anchieta e Imigrantes, manterá o mercado aquecido em 2009. A senhora tem essa visão também?
O crescimento das indústrias – não somente de novas indústrias, mas também a expansão de indústrias já existentes -, gera a necessidade de novas áreas comerciais e especialmente a ampliação dos setores de logística, como os centros de distribuição que evidentemente se situam no entorno das rodovias. Mas essa expansão não se dará apenas pelo crescimento da logística, mas pela procura de áreas em condomínios industriais, cujos valores de locação estão mais elevados justamente pela questão de oferta e procura. Isso, certamente, contribuirá de forma favorável para o mercado da construção industrial.

Como está o setor industrial da construção civil na questão tecnologia. Há novas formas de construção que tornam as obras mais ágeis em seus cronogramas e mais baratas?
O setor da construção civil, especialmente pelo grande aquecimento que houve no ano passado, e agora pelo próprio plano habitacional, tem se mobilizado no sentido inclusive de demover barreiras que impeçam a inovação e o crescimento da industrialização no país. Mas é preciso ressaltar que uma maior produtividade, desde que não haja detrimento da qualidade, é uma questão não somente de atendimento a cronogramas e custos, mas principalmente uma questão de otimização de recursos. Aí entramos no contexto de sustentabilidade, no qual os sistemas construtivos precisam, além de ser economicamente viáveis, serem socialmente justos e ecologicamente corretos.

E a mão-de-obra tem acompanhado esse avanço tecnológico?
A alta tecnologia empregada nas indústrias de pré-fabricados, como, por exemplo, na fabricação de peças protendidas, de concreto autoadensável e outros fatores, fazem com que o qualificação da mão-de-obra tenha que ser diferenciada em relação a processos convencionais. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) tem feito um apelo às entidades do setor no sentido de unirmos esforços, a fim de que as barreiras ainda existentes rumo à inovação e à industrialização do setor sejam demovidas. Como exemplo podemos citar tributação, normatização e código de obras. Precisamos incentivar a concepção modular de projetos, maior aproximação da academia com as empresas e levar as instituições de ensino a estarem mais ligadas à iniciativa privada. Isso dará melhor aproveitamento à pesquisa e ao desenvolvimento.
As construções pré-moldadas ainda se apresentam como a melhor solução para obras industriais?
Não somente para obras industriais como para os segmentos habitacional e comercial. Veja o caso dos shopping centers no Paraná, onde temos exemplos excelentes como o Shopping Barigüi, hipermercados e escolas como UNICENP, Positivo Júnior e Ambiental, Uniandrade, Tuiuti e até igrejas). Tem ainda as obras de infraestrutura: passarelas, terminais de aeroportos, pontes e viadutos). Além disso, estamos nos aproximando da Copa do Mundo no Brasil e os pré-moldados devem prevalecer na construção dos novos estádios, como já ocorreu nas principais obras do Pan-americano do Rio. Gostaria ainda de destacar o pré-moldado como solução também para edifícios altos e não somente obras horizontais, como tendência na Europa e cases já existentes no Brasil.

Qual será a co-relação entre os pré-moldados de concreto e o pacote habitacional recentemente lançado pelo governo?
Viabilizar a construção de um milhão de moradias, conforme prevê o plano “Minha Casa, Minha Vida”, só será possível, ainda que não haja um prazo estabelecido, a partir da adoção de sistemas construtivos industrializados. A pré-fabricação é um destes sistemas, que pelos benefícios que apresenta será uma das soluções. Em especial, destaca-se a alta produtividade aliada a um excelente padrão de qualidade, especialmente se considerarmos as empresas associadas à Abcic, que aderiram ao selo de excelência – programa de qualidade,segurança e meio ambiente , específico do setor. Cabe ainda destacar que independentemente do lançamento do plano do governo, algumas empresas do setor já há algum tempo vinham investindo no desenvolvimento de soluções habitacionais. Ressalta-se ainda que alguns estados já possuíam seus planos estaduais de habitação, à exemplo de São Paulo e Paraná, como tivemos a oportunidade de conhecer melhor durante nossa participação no 56.º Fórum Nacional de Secretários da Habitação e Desenvolvimento Urbano. Cabe ainda ressaltar que a Abcic criou também um fórum para debates e soluções de aspectos relacionados a moradias não somente de baixa renda e interesse social, mas de todo o contexto habitacional que é o Comitê Habitacional. A ele poderão se integrar todos os associados que atenderem aos critérios de participação dos comitês da Abcic. Será uma importante ferramenta de desenvolvimento do setor no contexto habitacional.

Antes havia um, digamos, pré-conceito dos arquitetos em relação às obras pré-moldadas. Isso está superado?
Nosso último informativo traz uma importante matéria com o arquiteto Sidônio Porto a respeito do tema. Recentemente, por ocasião do lançamento do 5.º Prêmio de Pré-fabricados de concreto para estudantes de arquitetura, o arquiteto fez uma palestra para os estudantes de arquitetura da FAU/USP. Seu depoimento ao informativo Abcic relata que este paradigma da década de 70 está definitivamente rompido. Além do arquiteto Sidônio Porto, poderíamos citar outros importantes nomes da arquitetura brasileira que tem encontrado e usufruído da flexibilidade e plasticidade que o sistema promove. Outro aspecto importante é a versatilidade na interface com outros sistemas construtivos.

Como o setor da construção industrial e as questões ambientais convivem hoje? Há harmonia?
A construção pré-moldada, pela sua própria natureza, contempla a sustentabilidade. Ela é economicamente viável, socialmente justa e ecologicamente correta. É um sistema construtivo altamente racionalizado, que traz para a construção civil práticas e conceitos industriais, como processos definidos e automatizados, controle de qualidade e rastreabilidade, especialização da mão de obra, uso intensivo de tecnologia na produção e no canteiro de obras. A sustentabilidade está perfeitamente alinhada com a pré-fabricação, por perseguir esses conceitos: poupar as jazidas naturais; eliminar a produção de resíduos; reciclar edifícios; reciclar materiais; racionalizar a construção; produzir edifícios sustentáveis e preservar o patrimônio.

A ABCIC possui um selo de excelência. No que esse reconhecimento de qualidade tem ajudado na evolução da construção industrial no Brasil? A adesão das empresas na busca do selo de excelência tem sido grande?
Há cinco anos o selo de excelência Abcic tem orientado o segmento do pré-moldado de concreto de acordo com padrões de qualidade, desempenho e tecnologia. Desde que foi criado, a certificação tem ajudado o mercado a se valorizar e tem incentivado as empresas a conquistarem melhorias constantes. Os benefícios são sentidos em ambos os lados, tanto para os fornecedores, que são avaliados de acordo com critério que priorizam a capacidade técnica, cumprimento de prazos, segurança, gestão e outros itens, como para o contratante, que encontra mais credibilidade e segurança na hora de escolher um prestador de serviço. Dividido em três níveis, o programa é evolutivo e a superação de cada etapa comprova o avanço da qualidade do trabalho prestado. A operacionalização do selo de excelência Abcic é conduzida pelo CTE (Centro de Tecnologia em Edificações). A credibilidade é assegurada por uma comissão de credenciamento voluntária que valida os processos de auditoria formada por representantes de entidades afins, tais como ABECE,ABCP,SINDUSCON SP, IAB e ABNT CB-18. Atualmente contamos com 15 empresas associadas que aderiram ao programa, com 19 plantas de produção atestadas (certificadas, sendo 9 nível I,9 nível II e 1 nível III) e outras em processo de implantação para solicitação dos níveis I ou II. Para saber se um fornecedor de pré-fabricado é certificado, basta solicitar o atestado e verificar o nível, o escopo, a planta de produção e a validade. As normas para o selo de excelência, bem como a relação de empresas certificadas estão disponíveis no site da ABCIC (www.abcic.org.br). Basta acessar em certificação.

* Iria Lícia Oliva Doniak é engenheira Civil graduada pela PUC-PR, em 1988. Desde 1997 é consultora da D.O. Engenharia e Projetos, cujo foco principal de atuação tem sido a construção pré-fabricada. A engenheira também é membro do Comitê de Revisão da NBR 9062 Projeto e Execução de Estruturas de Concreto Pré-Moldado, membro do Comissão de Estudos da NBR 14861 Lajes alveolares pré-fabricadas de concreto, membro da Comissão de Estudos – Projeto de norma ABNT CB-18 para Concreto Auto Adensável. Atualmente ela é diretora-executiva da Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto, que é membro da Comission 6: Prefabrication fib (federation internationale du beton).

Email: iria@abcic.org.br

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação

29 de abril de 2009

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