Vendas de cimento em março têm alta de 0,3% na comparação anual
Reajustes em insumos, instabilidade geopolítica e avanço da taxa de juros e inflação impedem avanço maior
O mercado brasileiro de cimento fechou o mês de março com aumento de 0,3% nas vendas em comparação à março de 2021, com 5,5 milhões de toneladas comercializadas, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). No entanto, o primeiro trimestre do ano apresentou um declínio de 2,2% nas vendas em relação ao mesmo período de 2021. Em termos nominais, foram comercializadas 14,9 milhões de toneladas no trimestre.
De acordo com o SNIC, um dos principais fatores que levaram a este crescimento mais tímido foi a acelerada elevação dos custos de produção da indústria do cimento, aliada ao avanço da taxa de juros e inflação. Além disso, há também um ambiente de instabilidade geopolítica mundial que tem contribuído significativamente para o baixo desempenho de vendas do setor – que é o caso da guerra entre Rússia e Ucrânia.
“A disparada dos custos dos insumos do cimento, aliados a uma forte instabilidade do cenário político e econômico, não nos autorizam um prognóstico de bom desempenho como os verificados nos últimos três anos. Portanto, a ambição da indústria em 2022 é manter a sustentabilidade do setor frente a um ambiente terrivelmente pressionado”, afirma Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC.
Vendas por regiões do país
Em março, duas regiões do Brasil tiveram alta na venda mensal de cimento: Centro Oeste (crescimento de 12,9%) e Norte (10%). A maior queda nas vendas foi no Nordeste (4,4%). Na região Sul, houve um declínio de 2,7%, enquanto no Sudeste este número foi de 0,1%.
Influência do setor imobiliário
Por outro lado, a grande demanda do setor imobiliário no mês de março fez com que os efeitos negativos se atenuassem. O anúncio de novos subsídios do programa Casa Verde Amarela e também a utilização do pavimento de concreto nas rodovias do sul do país trazem uma perspectiva de melhora pontual nas vendas de cimento.
No entanto, segundo o SNIC, a performance de lançamentos tende a não se sustentar nesses patamares nos próximos meses, uma vez que o aumento de estoque dos imóveis, a queda das vendas e os juros altos devem inibir futuros empreendimentos.
A autoconstrução, importante indutor do consumo de cimento, continua desacelerando em virtude do alto nível de desemprego, da menor renda da população. Além disso, há o crescente endividamento das famílias, que atingiu 51,9%, o maior valor de toda a série histórica iniciada em 2005.
Aumento dos insumos
Diante desse cenário de instabilidade do primeiro trimestre do ano, a indústria do cimento tem sofrido significativos reajustes em seus insumos, tais como refratários, gesso, sacaria, frete marítimo e rodoviário. Ainda, é possível destacar o aumento do coque de petróleo que chegou a subir 37% no primeiro trimestre do ano. Vale lembrar que de 2020 ao primeiro trimestre de 2022, o preço do coque foi majorado em 485%.
No entanto, existe uma perspectiva de melhora nos custos do frete marítimo com a aprovação da Lei da Cabotagem – a BR do Mar. A iniciativa deve estimular a concorrência e baratear o transporte de carga marítimo, como a redução da alíquota do AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante) de 25% para 8% na navegação de longo curso e de 10% para 8% na cabotagem.
Entrevistado
Paulo Camillo Penna, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC)
Contato
Assessoria de imprensa – celso.souza@fsb.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
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