Tecnologia reduz tempo de construção de usinas
Atualmente, hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte são as obras de infraestrutura de que mais consomem concreto no Brasil.
Atualmente, hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte são as obras de infraestrutura que mais consomem concreto no Brasil
Por: Altair Santos
Desde a usina de Hoover, erguida na década de 1930 no rio Colorado, nos Estados Unidos, os métodos para se construir UHEs (hidrelétricas de grande porte) se mantêm praticamente inalterados. Evoluíram os equipamentos, a tecnologia e os materiais, mas o conceito não mudou. Entre as inovações agregadas, a principal surgiu nos anos 1970, com o concreto compactado com rolo (CCR). Recentemente, o concreto refrigerado também passou a ser utilizado na construção de barragens.
No Brasil, a primeira UHE a usar concreto compactado com rolo foi Itaipu. A maior hidrelétrica do país consumiu 12,6 milhões de m³ do material. Atualmente as usinas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, que estão em construção na bacia do Amazonas, utilizam o concreto refrigerado. A diferença para o CCR é que esse material diminui o risco de fissuras e absorve menos cimento. Por isso, juntas, as três hidrelétricas em obras irão envolver um consumo de 9,8 milhões de m³ de concreto – pouco mais de 2/3 do que foi gasto em Itaipu.
Segundo o engenheiro civil Antônio Fernando Krempel, diretor presidente da Intertechne – empresa especializada em empreendimentos hidrelétricos – além do tipo de concreto usado na obra, o projeto também influencia no consumo de cimento. “Para cada projeto há uma solução específica compatível com as características do local, de topografia, de fundação, das características do material da fundação e das características do rio. Em função disso, existem barragens de solo, barragens de enrocamento, barragens de concreto, barragens de concreto rolado, enfim, diversas soluções. Cada uma vai demandar um volume de concreto”, explica.
Krempel lembra que o cimento pozolânico é hoje o mais aplicado em obras de hidrelétricas, segundo ele por apresentar menos problemas de reatividade aos agregados. O engenheiro destaca ainda os softwares usados para projetar as UHEs e os equipamentos disponíveis. “A tecnologia embarcada é muito mais sofisticada do que há 30, 40 anos, quando Itaipu foi construída. Tudo isso resulta em obras com tempo de conclusão mais rápido. Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, há 30 anos, seriam construídas em oito anos. Hoje, ficarão prontas em três, no máximo quatro anos”, avalia.
O especialista ressalta que a engenharia brasileira dispõe de recursos próprios para construir suas hidrelétricas. Além disso, ele lembra que atualmente o país conta com profundo conhecimento de geotecnologia para detectar o solo ideal para o erguimento de usinas. “A grande maioria das hidrelétricas é assentada em rocha. Então, hoje, a geologia e a topografia é que determinam que tipo de barragem será construída”, diz Antônio Fernando Krempel, lembrando que muitas delas nem necessitam de acentuadas quedas d’água para gerar energia. “Belo Monte é um exemplo”, completa.
Santo Antônio
A expectativa é que a usina de Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, comece a operar ainda no primeiro semestre de 2012. O canteiro de obras da hidrelétrica atualmente envolve 13 mil trabalhadores. Quando totalmente concluída, em 2015, sua potência instalada será de 3.150 megawatts. A construção está a cargo da Odebrecht e o volume de concreto estimado é de 3,2 milhões de m³. Uma curiosidade é que a usina terá as maiores turbinas do tipo bulbo do mundo.
Jirau
Também em construção no rio Madeira, em Rondônia, a hidrelétrica de Jirau, quando pronta, terá consumido 2,8 milhões de m³ de concreto. No pico, a obra que está a cargo da Camargo Corrêa, terá 22 mil trabalhadores em seu canteiro de obras. A expectativa é que a UHE comece a produzir energia a partir do terceiro trimestre de 2012. Quando totalmente concluída, entre 2013 e 2014, terá potência instalada de 3.750 megawatts.
Belo Monte
A hidrelétrica em construção no rio Xingu, no Pará, terá suas obras aceleradas em 2012, mas deve ser concluída em 2019. A cargo do consórcio Norte Energia, a usina irá consumir 3,8 milhões de m³ de concreto e, quando pronto, terá potência instalada de 4.571 megawatts. Hoje, o canteiro de obras tem 4 mil trabalhadores, mas no pico irá gerar 18.800 empregos.
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Entrevistado
Antônio Fernando Krempel, diretor presidente da Intertechne – empresa especialista em projetos de hidrelétricas
Currículo
– Antônio Fernando Krempel é engenheiro civil pela Universidade Federal de Uberlândia (1978).
– Tem MBA – Gestão de Empresas, ISAD/Un. do Texas – Austin; MBA – Marketing, ISAE/ FGV e é mestre em gestão de projetos, ISAE/ FGV e Universidade de Lille.
– Engenheiro da Intertechne Consultores S.A. desde maio de 2003. Teve participação abrangente em vários assuntos ligados ao planejamento, projeto e construção de empreendimentos hidrelétricos e de infraestrutura, tanto no Brasil como na América Latina e na África. Desde março de 2009 exerce o cargo de diretor presidente da empresa.
Contato: fkrempel@intertechne.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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