Sustentabilidade aos 9 bilhões de habitantes
Confira a opinião do advogado Fabio Tokars sobre o futuro das cidades nos próximos anos, quando a população mundial alcançar a faixa de 9 bilhões de habitantes.
O futuro sustentável das cidades depende fundamentalmente da organização da sociedade civil
Por: Camila Braga
Há alguns dias os jornais de todo país noticiavam as eleições, como a festa da democracia, dia em que grande parte dos brasileiros foi às urnas para escolher seus representantes e exercer a cidadania. Não na opinião do advogado Fabio Tokars, que falou sobre o futuro das cidades no II Simpósio Internacional de Sustentabilidade em Arquitetura e Urbanismo, realizado dias 05 e 06 de outubro, em Curitiba (PR). Tokars acredita que o exercício da cidadania não é feito somente com o voto, mas principalmente com a organização da sociedade civil após as eleições, especialmente em temas como o planejamento da questão de sustentabilidade urbana.
O crescimento populacional, e consequentemente das cidades, foi um dos temas amplamente destacado durante o simpósio. E a forma de abordá-lo foi marcante no questionamento do advogado: “projeta-se que a população em 2050 ultrapasse os 9 bilhões. Toda essa gente precisa comer, precisa se vestir, precisa se locomover. Enfim, precisa consumir. Aliás, toda essa gente vai consumir mais do que individualmente consumimos hoje. No contexto de uma civilização focada no consumo e na satisfação de necessidades artificialmente criadas, estima-se que a economia mundial, em 2050, produzirá quatro vezes mais bens e serviços do que produz hoje. Precisamos construir uma nova história. As coisas não estão indo para o rumo que gostaríamos”, ressalta, mencionando o sociólogo britânico Anthony Giddens, conhecido como pai da terceira via.
Tokars vai além e questiona: “se multiplicarmos por seis a produção industrial que temos hoje (o que acompanharia o crescimento da população nos próximos anos), não poderemos mais frear a produção de dióxido de carbono. Há uma necessidade urgente de ação. Mas ação de quem? Dos cidadãos? Do governo? Do mercado?”.
Ação e reação
Para demonstrar o efeito de ações promovidas por cidadãos em relação à sustentabilidade, Fabio Tokars cita um exemplo da própria plateia: “que significância tem um prédio verde em Manhattan, no meio de vários prédios cinza? Vai neutralizar alguma coisa? E por isso vou deixar de morar nele?”, provoca. Lembrando que verde é o jargão utilizado para se referir à sustentável. Neste caso, pode ser que o prédio tenha sido construído de maneira sustentável ou tenha características sustentáveis.
Engana-se também, segundo o palestrante, quem pensa que a solução do problema vem dos mercados ou da indústria, e que basta uma chaminé a menos e a emissão de dióxido de carbono, que está em 380 ppm (parte por milhão) e se eleva de 2 a 4 ppm ao ano, pode ser refreada. Para que alguma mudança significativa no mercado ocorra é preciso que haja uma forte redução do consumo supérfluo, uma conscientização geral da população e dos CEOs (Chief Executive Officer) das principais indústrias. Em relação ao dióxido de carbono, estima-se que se esta concentração atingir 560 ppm, a humanidade não poderá sobreviver.
Já referente aos representantes políticos, mais uma vez, questiona: “o governo vai resolver o nosso problema? Vai atender às demandas de sustentabilidade? Só se houver uma efetiva pressão por parte da sociedade civil, que seja capaz de alterar os resultados de uma eleição. Atualmente, as eleições são decorrência principalmente de campanhas de marketing, sem grande debate popular quanto aos projetos de governo.”, provocando uma reflexão em todos os que estavam no evento.
Sujeitos da ação
Se por um lado o povo fica dependendo de interesses maiores no momento das eleições, por outro, assume um poder muito mais importante, qual seja, de frear o poder real. “O que existe na sociedade civil são grupos de pressão. Somente no momento em que começarmos imediatamente a trabalhar é que teremos algo de concreto. Temos que fazer com que as instituições comecem a agir de acordo com o posicionamento sustentável”, afirma.
E para que as mudanças de comportamento ocorram, não basta apenas que se criem leis no sentido de proibir certas condutas. É necessário não só combater atos lesivos ao meio ambiente, mas criar leis que incentivem a inovação tecnológica necessária à alteração do destino de nosso planeta, salientou Tokars. “O Brasil tem todas as condições materiais de ser líder do século XXI”, concluiu.
Entrevistado
Fabio Tokars
– Graduação em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
– Graduação em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba.
– Especialização em Metodologia do Ensino Superior pela Faculdade de Direito de Curitiba.
– Mestrado e doutorado em Direito das Relações Sociais pela Universidade Federal do Paraná.
– Atua especialmente no estudo do Direito Societário e dos Fundamentos Econômicos do Direito Empresarial.
– Professor de Direito Empresarial na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), onde também é Administrador Universitário, e no Unicuritiba, onde leciona em turmas de Graduação e de Pós-Graduação Stricto Sensu-Mestrado.
Contato: flt@marinsbertoldi.com.br
Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content
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