Só empresas preparadas vão lucrar com a Copa

10 de maio de 2011

Só empresas preparadas vão lucrar com a Copa

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Estudo encomendado pelo Sebrae à Fundação Getúlio Vargas mostra que evento vai gerar muitos negócios para a construção civil, mas também será seletivo

Por: Altair Santos

Recente pesquisa encomendada pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) à FGV (Fundação Getúlio Vargas) aponta que a construção civil é a mola-mestra dos negócios que já estão sendo gerados em torno da Copa do Mundo de 2014. Para o setor, o evento deve ser visto como mobilizador e acelerador de processos e oportunidades.

Dival Schmidt Filho: “A construção civil é a mola-mestra, pois hoje ela é o setor mais procurado e mais demandando para a Copa do Mundo.”

É o que revela Dival Schmidt Filho, coordenador do comitê técnico do Programa Nacional para Atuação do Sistema Sebrae na Copa de 2014. Ao mesmo tempo, o gestor revela que as empresas precisam estar organizadas para se candidatar às possibilidades de negócios que despontam no país. As que não estiverem adequadas, avalia o estudo do Sebrae, não terão como competir. Confira na entrevista a seguir como se dará esse processo seletivo:

O “Mapa de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas nas Cidades-Sede” apontou que a Copa do Mundo criará 128 grandes oportunidades para as pequenas empresas da construção civil. Que oportunidades são essas?
São oportunidades vinculadas às várias funções do setor, mas as principais dizem respeito às atividades como canteiros de obras, parte administrativa, fornecimento de alimentação, manutenção e proteção patrimonial. Tem também as áreas de fiscalização e gerenciamento, ligadas a certificação de qualidade, controle tecnológico de resistência de concreto, auditorias, serviços médicos e de saúde, equipes de proteção, equipamentos tipos EPI’s, meio ambiente, proteção e segurança no trabalho, além das obras civis propriamente ditas, que dizem respeito ao parque de instalações, paisagismo, pavimentação, sinalização e terraplanagem. Incluem-se ainda a parte de projetos, como elaboração e serviços especializados, além da função relacionada a materiais e insumos, que está mais vinculada ao fornecimento à parte comercial da construção civil.

A construção civil é o setor que mais irá se beneficiar do evento? O estudo mostra com qual fatia ela ficará do total de recursos a serem investidos na Copa?
Obviamente é um dos setores que mais se beneficiará, até por que os investimentos estão fortemente vinculados à parte relativa a infraestrutura, mobilidade urbana e arenas desportivas. Então, o conjunto destes investimentos iniciais atinge ao redor de 20 bilhões de reais. Agora, na própria construção civil o setor de serviços é fortemente beneficiado, assim como o setor de tecnologia da informação. Mas a construção civil é a mola-mestra, pois hoje ela é o setor mais procurado e mais demandando para a Copa do Mundo, e a partir dela forma-se um encadeamento produtivo, beneficiando outros setores.

Qual a lição de casa que uma pequena empresa da construção civil precisa fazer para estar entre as que irão se beneficiar do evento?
Para que estas empresas estejam realmente aptas para participar deste processo de oportunidades elas precisam ter requisitos que as credenciem. Trata-se de um conjunto de processos, tanto na área de gestão como na parte de formalização e de documentação em geral. Como o foco do evento é fazer uma Copa Verde, empresas que tenham programas voltados à sustentabilidade e com certificações levam vantagem. É fundamental para as empresas que elas comecem o dever de casa identificando e avaliando se têm ou não requisitos para entrar neste jogo. O estudo do Sebrae preceitua isso, junto com a Fundação Getúlio Vargas, como condição sine qua non para entrada neste processo de oportunidades.

Quem ainda não está estabelecido como empreendedor da construção civil e quer entrar no mercado agora, para aproveitar oportunidades de negócios gerados pela Copa, tem alguma chance de prosperar?
O Sebrae tem programas para novos empreendedores, novos entrantes que vislumbrem neste evento mobilizador a oportunidade de desenvolver negócios. Agora, é importantíssimo ressaltar que a Copa do Mundo é um evento mobilizador, acelerador de processo, é um evento de oportunidades, mas não é a solução para a expansão de negócios. É preciso que, quando se pense em estabelecer novos negócios para aproveitar oportunidades, se vislumbre também a perspectiva da estratégia do médio e longo prazo para que não haja nenhum processo de frustração. A Copa tem data de vencimento, que é 2014. Pode haver uma expansão até 2016, por conta das Olimpíadas, mas volto a ressaltar: o evento é mobilizador e acelerador de processos.

Das 12 subsedes da Copa, quais devem gerar mais negócios?

Existe um cronograma de investimentos públicos que beneficiam a todas elas. Os valores vão variar, logicamente, em função dos planejamentos e dos programas que estão definidos. Algumas delas, que já têm boas estruturas, vão aperfeiçoar estas estruturas; outras vão criar estas estruturas, principalmente na área de mobilidade urbana e na área de infraestrutura. Todas vão ter benefícios de fluxo de investimento para garantir uma participação efetiva de oportunidade.

Por regiões do país, em específico o Sul, há dados sobre o impacto do evento na construção civil do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul?
Especificamente, no Rio Grande do Sul e no Paraná, que serão subsedes, há uma situação peculiar, pois os dois estados terão arenas privadas. Além disso, são cidades que já têm uma organização urbana bastante razoável e cujo investimento maior será na mobilidade. Tem também a parte ligada à infraestrutura aéreo-portuária, mas o volume de investimentos estão extremamente direcionados em três grandes vetores: infraestrutura; mobilidade urbana e serviços em geral. Esta última parte alcança o turismo, que num determinado período, principalmente durante o evento, vai ter um efeito muito significativo.

O Sebrae prepara seminários para que essas empresas possam saber aproveitar as oportunidades geradas pela Copa? Que seminários são esses?
Começamos no ano passado um processo de divulgação em algumas cidades. A partir deste mês de maio, vamos começar um programa de doze eventos que vão exatamente colocar em prática o programa e os seus principais efeitos, que visam a busca da convergência dos interesses dos ofertantes e das demandas decorrentes destas oportunidades.

O “Mapa de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas nas Cidades-Sede” revela o quanto de emprego será criado e quais as especialidades que serão mais procuradas pelo setor da construção civil?
O que nós temos hoje, em termos de estudo que quantifica emprego, está na ordem de uns três milhões e meio, mais ou menos. Este é um estudo econométrico feito pela Ernest&Young e pela Fundação Getúlio Vargas. Então, eles sinalizam esse volume de empregos, mas na sua grande maioria temporários. O esforço dos agentes de desenvolvimento do país é fazer com que a maioria destes empregos temporários se torne permanentes.

Dos 9 setores da economia mapeados pelo Sebrae, quais serão os mais beneficiados, além da construção civil?
O turismo vai ser extremamente ativo, assim como a tecnologia de informação, o agronegócio, principalmente no campo de produtos orgânicos, e áreas como madeira e móveis, vestuário, moda, têxtil e confecção. São setores que poderão tirar bom proveito do evento mobilizador que é a Copa do Mundo.

Entrevistado
Dival Schmidt Filho, coordenador do comitê técnico do Programa Nacional para Atuação do Sistema Sebrae na Copa de 2014
Currículo

Graduado em economia, já atuou na Embratur (Empresa Brasileira de Turismo) e hoje ocupa a coordenação do comitê técnico do Programa Nacional para Atuação do Sistema Sebrae na Copa de 2014
Contato: dival.schmidt@sebrae.com.br

Crédito: Bernardo Rebello/Agência Sebrae

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
10 de maio de 2011

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