Sistemas construtivos inovadores chegam ao Minha Casa, Minha Vida

Construções que permitem reduzir o custo das unidades e elevar a produtividade, sem prejudicar a qualidade, tendem a dar impulso ao programa MCMV.

Construções que permitem reduzir o custo das unidades e elevar a produtividade, sem prejudicar a qualidade, tendem a dar impulso ao Programa

Por: Altair Santos

É consenso entre os players da construção civil que o programa Minha Casa, Minha Vida precisa aderir aos sistemas construtivos inovadores para ganhar produtividade, reduzir custos e conseguir combater o déficit habitacional brasileiro, hoje estimado em 5,461 milhões – segundo dados divulgados em julho de 2013 pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (SindusCon-SP) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Em Curitiba, a Doria construiu 512 unidades dentro do MCMV, usando paredes de concreto moldada in loco.

Para que os sistemas inovadores ganhem espaço no MCMV, hoje eles contam com um facilitador que é o SINAT (Sistema Nacional de Avaliações Técnicas) como explica Júlio César Sabadini de Souza, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). “Ele é  um indutor da inovação tecnológica na construção civil. Em razão de não haver norma nacional a respeito de projeto, execução e especificação de materiais, só podem ser empregados os sistemas construtivos inovadores avaliados no âmbito do SINAT e que possuem DATec (Documento de Avaliação Técnica)”, diz.

Entre os sistemas avaliados, os que têm encontrado menor resistência são os que utilizam painéis de concreto, paredes de perfis de PVC preenchidos com concreto e os sistemas de estrutura leve metálica (light steel frame). Mas nenhum supera o de parede de concreto moldada “in loco”. Esse, definitivamente, já está integrado aos processos construtivos em uso no MCMV.

O motivo é que desde 2012 ele está normatizado pela ABNT NBR 16055 – Parede de concreto moldada no local para a construção de edificações – Requisitos e procedimentos. “Essa tecnologia tem sido utilizada em obras do MCMV e, que eu saiba, não enfrenta resistências”, afirma Júlio César Sabadini de Souza, para quem o uso frequente do sistema foi estimulado pela existência de uma nova norma, a qual especifica procedimentos de execução, projeto e requisitos mínimos.

Preparação da estrutura para receber as paredes de concreto moldadas in loco: tecnologia amplia produtividade, baixa custo e reduz impacto ambiental.

Outra vantagem desta tecnologia é que, por ser recente, a normalização já veio adequada às exigências da norma de desempenho (ABNT NBR 15575) em seus requisitos de isolamento térmico e acústico. Além disso, ela garante produtividade. “No caso do sistema de paredes de concreto, pode-se obter paredes estruturais já com as instalações embutidas, e que permitem a aplicação dos acabamentos diretamente sobre as paredes, sem necessidade de revestimento. Então está se reduzindo etapas de execução e obtendo-se ganhos de produtividade no processo”, explica o pesquisador do IPT.

Segundo dados da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) a expectativa é que até 2024 pelo menos 30% das construções habitacionais utilizem sistemas industrializados como o de paredes de concreto. “Hoje já existe um bom número de construtoras viabilizando unidades habitacionais através deste sistema. É desta maneira que ele se consolida: com um volume suficiente de unidades para se diluir o custo da fôrma. Assim, é natural que a tecnologia seja empregada em grandes conjuntos habitacionais”, estima Júlio César Sabadini de Souza, lembrando outra vantagem da entrada de sistemas inovadores no MCMV. “Como geram menos resíduos, levam vantagem sob o ponto de vista ambiental”, conclui.

Entrevistado
Júlio César Sabadini de Souza, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT)
Currículo
– Júlio César Sabadini de Souza é graduado em engenharia civil pela Universidade Federal de São Carlos (1993), com mestrado em engenharia civil pela Universidade de São Paulo (1997) e doutorado em engenharia civil pela Universidade de São Paulo (2003)
– Atualmente é pesquisador II do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) atuando principalmente na avaliação de desempenho de sistemas construtivos
Contato: sabadini@ipt.br
Créditos fotos: Divulgação / Doria

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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