Reforma da Previdência afeta, sim, o mercado imobiliário
Entre as razões, está a possibilidade de que a elevação dos juros possa inibir os investidores em imóveis
A reforma da Previdência afeta diretamente o mercado imobiliário. Por quê? A trajetória de gastos do governo com aposentadorias é muito maior do que a capacidade de investir. Sem reforma, ou se criam mais impostos e ou se emite mais dinheiro, o que significa inflação. Consequentemente, os juros sobem. E os juros altos inibem as atividades do mercado imobiliário, já que a taxa de juros está muito atrelada à reforma da Previdência. É o que explica o economista Eduardo Zylberstajn, coordenador do índice FipeZap. “Quem está preocupado com o mercado imobiliário, tem que se preocupar com taxa de juros. E hoje, os juros estão muito atrelados ao futuro da reforma da Previdência”, diz.
Por isso, acreditam os especialistas do setor, o mercado imobiliário – apesar de dar sinais de reaquecimento em 2019 – só terá crescimento vigoroso se a reforma previdenciária for aprovada no Congresso Nacional. Alguns entendem que a reforma seja mais benéfica para o segmento que busca financiamento residencial. Outros avaliam que as mudanças na Previdência impactem mais no setor de imóveis corporativos. Há os que entendem que todos sairão ganhando. É um cenário avalizado pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), para quem o setor já deveria ter voltado a crescer desde 2018, caso a reforma tivesse sido aprovada em 2017, quando o governo Michel Temer não teve força para fazê-la avançar no Congresso.
Na avaliação da CBIC, hoje o mercado imobiliário poderia crescer em 10% ao ano – projeção que foi transferida para 2020, caso as alterações na Previdência se consolidem. Mesmo assim, o otimismo está no ar, como aponta o economista Alexandre Nigri ao Instituto Brasileiro de Estudos Financeiros e Imobiliários (IBRAFI). “Vivemos uma janela de otimismo muito grande, que se baseia principalmente na questão da taxa de juros. O que são juros? É taxa mais a expectativa”, afirma, completando que a aprovação da reforma é vista pelo mercado como o primeiro passo de outros que deverão ser dados. “A reforma da Previdência não vai resolver todos os problemas, mas ela tem que ser feita para trazer otimismo e confiança”, diz.
Em defesa da segurança jurídica e da retomada dos investimentos
Enquanto a reforma não sai, o mercado imobiliário se movimenta de acordo com os relatórios que são publicados semanalmente. O mais recente, que analisa a primeira quinzena de março, faz a seguinte avaliação: “O mercado imobiliário tem algumas barreiras a serem superadas. A retração do poder de compra do cidadão brasileiro é uma realidade atual, e a diminuição do poder de mercado das incorporadoras também. Em algumas praças, a situação chega a extremos, com imóveis alugados a quase zero de rendimento, apenas com a quitação de taxas condominiais.”
Por esse motivo, no dia 13 de março de 2019, 88 sindicatos e associações representativas da cadeia produtiva da construção civil estiveram com o presidente de Câmara de Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para declarar apoio do setor à reforma da Previdência. O grupo saiu em defesa da segurança jurídica e da retomada da capacidade de investimento do país, seja ele público ou privado, o que só se dará a partir da reforma que encabeça a lista de reformas das quais o Brasil necessita urgentemente.
Quer saber mais sobre a reforma da Previdência? Acesse o seminário Reforma da Previdência, promovido pela FGV Projetos
Parte1
Parte 2
Entrevistados
Instituto Brasileiro de Estudos Financeiros e Imobiliários (IBRAFI) e (Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) (via assessorias de imprensa)
Contato: contato@ibrafi.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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