Projetos mostram como fazer mitigação de CO₂ na Prática

Especialistas discutem como impressão 3D e medição da pegada de carbono tornam a construção mais eficiente

O ano de 2024 foi considerado o mais quente da história com cerca de 1,55 °C acima dos níveis pré-industriais, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). A onda de calor intensa enfrentada por diversas cidades brasileiras tem desafiado os administradores públicos diante das consequências das mudanças climáticas. Durante o 9º Congresso Brasileiro de Cimento, alguns painéis discutiram soluções para reduzir impactos no ambiente urbano.

Para Mayara Munaro, não é possível falar em descarbonização sem incluir obras autogeridas. 
Crédito:
9º Congresso Brasileiro de Cimento

Conheça iniciativas discutidas:

Rede More: mensuração da pegada de CO2 em construções autogeridas
Um dos painéis do Congresso Brasileiro do Cimento destacou a Rede MORE, projeto que busca mensurar a pegada de carbono em construções autogeridas e propor caminhos para a descarbonização da habitação popular no Brasil.

“O cimento ensacado ainda predomina no mercado nacional, o que revela uma realidade muitas vezes ignorada: obras de pequeno porte, em diferentes níveis de autogestão — sobretudo informais — respondem por cerca de 60% do setor. Ou seja, não é possível falar em descarbonização sem incluir esses territórios e agentes”, afirmou Mayara Munaro, professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Ela destaca que, para desenvolver estratégias de mitigação eficazes, é preciso antes entender como construímos, onde e quanto emitimos. “A missão da Rede MORE é justamente essa: criar métodos e indicadores que nos permitam estimar e acompanhar o uso de materiais e as emissões de CO₂ em construções informais, respeitando suas especificidades e buscando soluções alinhadas às necessidades locais”, completou.

Com apoio do hubIC e da Caixa Econômica Federal, e parcerias com instituições como a USP e a ABCP, o projeto realizou um estudo de caso na comunidade de São Remo (SP), aplicando tecnologias como sensoriamento remoto LiDAR (Light Detection and Ranging), que usa lasers para medir distâncias e gerar nuvens de pontos 3D) e modelagem BIM para estimar a pegada de carbono das moradias.

Foram analisadas 39 casas, identificando os principais emissores de CO₂ — alvenaria, estrutura e revestimentos — com destaque para cimento, aço e cerâmica. Os resultados mostraram que 50% das moradias apresentaram emissão em torno de 200 kg de CO₂ por metro quadrado, e 92% estavam abaixo de 350 kg/m², valores compatíveis com a construção formal.

Rafael Pillegi destaca que a conexão entre impressão 3D e sustentabilidade está em usar apenas o material certo, no lugar certo.
Crédito:
9º Congresso Brasileiro de Cimento

A partir disso, a Rede MORE pretende expandir a metodologia para outras regiões do Brasil e propor rotas de mitigação adaptadas às realidades locais, contribuindo para uma construção mais sustentável e inclusiva.

Impressão 3D e Sustentabilidade
A impressão 3D na construção, embora não seja nova, está evoluindo rapidamente e tem se mostrado uma solução sustentável. Isso foi o que mostrou o painel “Impressão 3D – hubIC”, Rafael Pillegi, professor titular do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

“A verdadeira conexão entre a impressão 3D e a sustentabilidade está em um conceito simples: usar apenas o material certo, no lugar certo. Isso é, por definição, sustentável — porque elimina o desperdício, dispensa o uso de formas e torna o processo mais rápido, já que não é necessário aplicar material onde depois será retirado. É uma mudança de paradigma: não se trata mais de encher uma forma, mas de construir com precisão. Imagine, por exemplo, que um mesmo bloco pode ser impresso em diferentes rotas. A depender do caminho adotado, o desempenho do bloco muda — seja térmico, acústico ou estrutural. Isso nos obriga a repensar o design dos elementos construtivos e aprender continuamente com o processo”, pontua Pillegi. 

Do ponto de vista ambiental, o professor acredita que a impressão 3D não pode ser julgada apenas pelo teor de cimento em si, mas pelo conjunto da obra. “Há quem critique a impressão 3D por consumir muito cimento. No entanto, quando analisamos as estruturas produzidas com geometrias otimizadas e baixo consumo de material, vemos que é possível desmaterializar sem perder desempenho. E isso já é realidade. No início, nossos protótipos utilizavam até 1000 kg de cimento por metro cúbico. Hoje, já se imprime com 400 kg — e, no Brasil, desenvolvemos composições com apenas 300 kg/m³. É uma evolução acelerada”, pondera Pillegi.

Esse é um dos caminhos trilhados no Laboratório de Construção Digital, dentro do hubIC, onde busca-se aplicar a impressão 3D com foco em eficiência material, redução de impacto ambiental e inovação construtiva.

Fontes
Mayara Munaro é professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Rafael Pillegi, professor titular do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

Contato:
hubic@hubic.org.br

Jornalista responsável: 
Marina Pastore – DRT 48378/SP 
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