Prédio é evacuado em Praia Grande após danos estruturais; por que esse problema ocorre?
Edifício sofreu "cisalhamento de três pilares", de acordo com o Corpo de Bombeiros
No dia 13 de fevereiro, um prédio residencial de 19 andares foi evacuado em Praia Grande, no litoral de São Paulo, após três colunas do edifício sofrerem cisalhamento, de acordo com o Corpo de Bombeiros da cidade.
O cisalhamento ocorre a partir da ação de uma força na direção transversal ao eixo do material, causando deformação. Segundo a corporação, não houve risco iminente de desabamento e nem houve vítimas, e, agora, engenheiros e técnicos buscam identificar as causas do problema para produzir o laudo oficial. Enquanto isso, os moradores não podem retornar aos apartamentos.
Mas o que pode provocar danos nas estruturas de um prédio? É obrigatória a realização de inspeções periódicas? A ruptura acontece de forma rápida?
Para saber mais sobre o assunto, o Massa Cinzenta conversou com o engenheiro Antonio Stramandinoli Junior, sócio-diretor da Kalkulo Projetos Estruturais, empresa com mais de 40 anos de existência, com sede em Curitiba, no Paraná.
Leia a entrevista
Segundo o Corpo de Bombeiros, três colunas do prédio da Praia Grande estavam recebendo uma carga maior do que elas de fato aguentavam, e, por isso, houve a evacuação. O que pode causar um problema assim? Pode ser tanto problema na construção, em si, quanto por ações dos moradores?
Antonio Stramandinoli Junior: Nesse caso, onde o edifício foi construído há muito tempo, não pode ser considerado um problema de execução ou de projeto. Normalmente, o que causa problema desse tipo pode ser uma deterioração da estrutura, como corrosão das armaduras, ou, então, um acréscimo de carga, provocada por uma alteração na ocupação de um ou mais pavimentos. Pode acontecer, também, em uma manutenção para a correção da corrosão das armaduras dos pilares, quando executada sem a técnica adequada. Essas intervenções na estrutura exigem experiência e cuidados especiais.
Quando um problema na estrutura acontece, a ruptura e o estrago costumam aparecer aos poucos ou de forma rápida?
Antonio Stramandinoli Junior: A norma de estruturas de concreto NBR 6118 define critérios para o dimensionamento de vigas, lajes e pilares, de modo que eles apresentem ruptura do tipo dúctil, ou seja, com avisos. Isto é, que antes do rompimento apresentem grandes deformações e ou deslocamentos e, também, uma fissuração em progressão, de modo que possamos perceber que aquele elemento estrutural está caminhando para um colapso.
Com uma atitude adequada, por parte dos responsáveis, na maioria das vezes, acidentes graves podem ser evitados. Por outro lado, acidentes que ocorrem durante a construção do edifício, ou logo após sua conclusão, podem definir que o problema teve origem em erros de execução ou de projeto.
Tirar uma parede que não é permitida, durante reforma de algum apartamento, por exemplo, pode causar um problema assim?
Antonio Stramandinoli Junior: Pode, se o edifício foi projetado em alvenaria estrutural, onde as paredes são responsáveis tanto pela resistência das cargas como pela vedação. Em edifícios projetados com uma estrutura formada por lajes, vigas e pilares, que são os elementos estruturais responsáveis pela absorção e transmissão das cargas, a retirada de uma parede não traz nenhum problema de segurança, pois as paredes têm apenas a função de vedação.
Há alguma averiguação periódica obrigatória em prédios, para identificar um problema desses com antecedência?
Antonio Stramandinoli Junior: A NBR 6118 estabelece, em seu item 25.3, que a construtora deve entregar ao condomínio ou proprietário do imóvel um manual de utilização, inspeção e manutenção. A seguinte observação encontra-se nesse item da norma: “Esse manual deve especificar, de forma clara e sucinta, os requisitos básicos para a utilização e a manutenção preventiva, necessários para garantir a vida útil prevista para a estrutura, conforme indicado na ABNT NBR 5674”.
Um outro problema grave, que tem acontecido muito nos condomínios, é o caso das reformas internas dos apartamentos. Tanto que, agora, toda reforma tem que ser comunicada ao síndico, além de ser executada por profissionais com experiência e habilitados. Depois de muitos acidentes provocados por reformas executadas inadequadamente, entrou em vigor em 2014 a norma da ABNT NBR 16280 – Reforma em Edificações.
Atualmente, os problemas relacionados às reformas diminuíram, mas, infelizmente, não acabaram. A meu ver, por falta de fiscalização eficiente, por parte do órgão competente.
Fontes
Antonio Stramandinoli Junior, sócio-diretor da Kalkulo Projetos Estruturais
Prefeitura de Praia Grande
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
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