Pesquisa usa vidro reciclado como agregado do concreto

Escola de engenharia na Austrália conseguiu fazer o processo inverso e transformar o material novamente em areia
25 de julho de 2019

Pesquisa usa vidro reciclado como agregado do concreto

Pesquisa usa vidro reciclado como agregado do concreto 1024 732 Cimento Itambé
Próximo passo do estudo é dar viabilidade econômica à areia de vidro, para que ela seja incorporada pelo mercado Crédito: Deakin School of Engineering

Próximo passo do estudo é dar viabilidade econômica à areia de vidro, para que ela seja incorporada pelo mercado
Crédito: Deakin School of Engineering

Pesquisadores da Deakin School of Engineering, na Austrália, conseguiram fazer o processo inverso da fabricação de vidro e transformar o material novamente em areia. Com a reciclagem, a equipe de cientistas passou a testar areia de vidro na produção de concreto polimérico para pisos industriais. “Descobrimos que substituir a areia por vidro reciclado fortalece o concreto polimérico, além de dar mais resistência e melhor acabamento aos pisos industriais”, diz o professor-sênior Riyadh Al-Ameri, que coordena a pesquisa.

Para Al-Ameri, há uma importante questão ambiental e econômica na descoberta.  “O concreto é um material de construção importante e a areia é um de seus principais componentes. Portanto, encontrar uma alternativa à areia faz sentido econômico. Além disso, descobrimos que substituir a areia por vidro reciclado dá um destino correto a um dos produtos que têm grande fluxo entre os resíduos domésticos. Trata-se também de importante contribuição à sustentabilidade”, completa.

A próxima etapa do estudo é impulsionar a substituição da areia convencional pela areia de vidro na produção de concreto polimérico, e viabilizá-la economicamente. “Qualquer mudança que reduza o custo de produção levará a ganhos significativos para a indústria, potencialmente em escala global”, reforça Riyadh Al-Ameri, que chama a atenção para as políticas ambientais que tornam cada vez mais restritiva a extração de areia. “A escassez de jazidas de areia já é uma realidade em alguns países. Isso reforça o apelo de nossa pesquisa.”

Outro componente que começa a inviabilizar o uso de areia natural é o frete. Com os areais cada vez mais afastados dos locais das obras, o transporte chega a ter um custo maior que o do próprio material. Atualmente, a alternativa mais viável para a construção civil é o uso de areia de brita, que aproveita parte do material de descarte das minerações. Porém, ela é vista com restrições para a produção de concreto polimérico.

Testes mostram que a areia de vidro realça as propriedades do concreto polimérico

Os testes na Deakin School of Engineering mostram que o uso da areia a partir da reciclagem do vidro realça as propriedades do concreto modificado com polímero, que são:
– Elevada aderência nos pontos de ligamento entre um concreto pré-existente e um concreto novo, nos casos de recuperação estrutural
– Resistência química e à abrasão (tráfego de pedestres)
– Resistência à flexão e tração
– Permeabilidade e módulo de elasticidade reduzido
– Excelente propriedade dielétrica
– Baixa porosidade e absorção de água
– Resistência a gelo/degelo

Por isso, o concreto polimérico é recomendado para áreas com tráfego intenso, como estações de trem, de metrô, rodoviárias e aeroportos. No Brasil, o produto ainda é pouco utilizado. Por duas razões: o número reduzido de pesquisas sobre o material e o custo das resinas usadas na mistura. No entanto, na Ásia, o concreto polimérico está presente em usinas nucleares, obras marítimas, tanques industriais e sistemas de abastecimento de água. A resistência, a durabilidade e a ductilidade têm levado ao crescimento do concreto polimérico em obras de infraestrutura. 

Entrevistado
Reportagem com base em publicação da pesquisa desenvolvida na Deakin School of Engineering

Contato: hos-eng@deakin.edu.au

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