Pesquisa decifra perfil do empreendedor brasileiro
Estudo aponta que gestão de pessoas, fluxo de caixa e administração de negócios são os principais problemas de quem se lança na iniciativa privada
Estudo aponta que gestão de pessoas, fluxo de caixa e administração de negócios são os principais problemas de quem se lança na iniciativa privada
Por: Altair Santos
Os três maiores problemas enfrentados pelos empreendedores brasileiros são: gestão de pessoas, fluxo de caixa e administração de negócios. Soma-se a isso o fato de que muitos acreditam que empreender é algo intrínseco à vocação e à intuição e, portanto, colocam o preparo em segundo plano. Esse é um dos pontos abordados na pesquisa Empreendedores Brasileiros: Perfis e Percepções 2013, realizada pela Endeavor Brasil em parceria com o Ibope Inteligência. O estudo coletou dados de 3.240 entrevistados, entre proprietários de empresas e potenciais empreendedores, e classificou o empreendedor brasileiro em nove categorias: desbravador, empolgado, provedor, apaixonado, antenado, independente, arrojado, pragmático e lutador.
Para cada uma delas, a pesquisa aponta virtudes e defeitos. São análises que servem também para os pequenos e médios empresários da construção civil. Os perfis definem os empreendedores de acordo com os grupos a que pertencem:
Prestes a se tornar empreendedores
Desbravador: quer empreender para ganhar mais dinheiro, mas não possui experiência e renda. Demanda conteúdo básico e rápido sobre diversos temas, como finanças pessoais.
Empolgado: quer empreender para ter mais independência pessoal. É mais jovem do que a média. Possui interesse em educação à distância e conteúdo inspiracional.
Provedor: composto principalmente por mulheres e pessoas mais velhas, com baixa escolaridade e renda pessoal. Neste caso, são necessários engajamento através de eventos locais ou na comunidade e conteúdos mais simples.
Empreendedores formais
Apaixonado: a maioria é mulher, entre 25 e 35 anos. Em geral possui empresa na área de saúde, estética e venda de acessórios. Enfrenta dificuldades burocráticas e falta de investimento. Poderia se beneficiar de cursos sobre acesso a capital, inovação e networking.
Antenado: geralmente jovem e com maior renda familiar. Enfrenta obstáculos de conhecimento e investimento. Necessita de mentoring e coaching, além de ajuda com recursos humanos.
Independente: empreendedor mais maduro e estável. Não acessa muito a internet, portanto precisa de conteúdo por meio de revistas e jornal. Para resolver problemas financeiros, requer educação sobre linhas de financiamento e oportunidade de acesso a capital.
Arrojado: a maioria é formada por homens com maiores rendas pessoal e familiar. Para crescer, precisaria de ajuda sofisticada e mentoring/networking com especialistas para resolver problemas de conhecimento empresarial, obstáculos financeiros e pessoais.
Empreendedor informal
Pragmático: escolaridade mediana, se comparada a empreendedores informais em geral. Trabalha sozinho e utiliza muito a internet e redes sociais. Para aumentar o baixo faturamento anual e a falta de investimento, carece de conteúdo bem prático e inspiracional, preferencialmente online.
Lutador: empreendedor com mais idade e menor escolaridade, que abriu o negócio por necessidade. Não costuma acessar a internet, demandando mais conteúdo através da televisão e de cursos básicos em gestão de negócios.
A pesquisa, independentemente da categoria do empreendedor, detectou que existe um grande déficit educacional a suprir. Um dado que comprova isso é que, embora quase 100% dos proprietários de negócios formais conheçam o Sebrae, apenas 46% deles já tiveram algum tipo de relacionamento com a instituição; entre os informais, a mesma taxa fica em 31%. “Atualmente, muitos cursos para empreendedores têm foco nas empresas e não no empreendedor em si. Com isso, é mais difícil chamar a atenção do empreendedor. Ele reconhece os cursos de empreendedorismo como um benefício para a empresa, mas não para ele, como pessoa ou líder. Acreditamos que esta é uma das razões pelas quais os empreendedores não recorram aos cursos, embora saibam da sua existência”, destaca Amisha Miller, gerente da área de pesquisa e políticas públicas da Endeavor.
O estudo da Endeavor Brasil mostra também que o brasileiro tem uma relação ambígua com o empreendedorismo. Ao mesmo tempo que 76% dos entrevistados dizem ter o sonho de empreender, apenas 19% avaliam que conseguirão abrir o próprio negócio e 14% afirmam ter o desejo de ter uma empresa que gere empregos. Neste quesito, a pesquisa mostra que os empreendedores com funcionários representam apenas 4% da população brasileira. Tratam-se dos mais desenvolvidos economicamente (sua renda pessoal é quase o dobro em comparação à renda do total de empreendedores) e com maior nível de escolaridade (24% deles completou o ensino superior, enquanto a média dos empreendedores brasileiros é de 16%). Outro diferencial é que este grupo recorre a mais fontes de informação e busca mais treinamento e cursos na área.
Por outro lado, 66% dos que empreendem sozinhos reconhecem que a falta de capital é o grande empecilho para ter funcionários. Aliás, a pesquisa mostra também que empreender priorizando o dinheiro é um dos equívocos do brasileiro, pois inovação, ética e a transformação de problemas em soluções são colocados em segundo plano. O estudo detectou ainda apenas 10% dos que se propõem a empreender avaliam os riscos que envolvem o negócio. Boa parte destes são os chamados empreendedores seriais, ou seja, aqueles que já tiveram mais de um negócio. Também estão neste grupo os que tiveram exemplo de empreendedorismo na família. Um em cada três, entre os donos de empresas que empregam, tem esse perfil. Por fim, o relatório da pesquisa conclui que o brasileiro ainda precisa aprender a cultura do empreendedorismo.
Contato: contato@endeavor.org.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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