Casa com painéis cimentícios é alternativa às favelas

8 de março de 2017

Casa com painéis cimentícios é alternativa às favelas

Casa com painéis cimentícios é alternativa às favelas 600 600 Cimento Itambé

Protótipo foi montado em Pequim, na China, e ganhou prêmio internacional como projeto voltado para a acupuntura urbana

Por: Altair Santos

Senhora Fan é a primeira moradora de uma “Plugin House”

Senhora Fan é a primeira moradora de uma “Plugin House”

Na China, arquitetos criaram uma casa com placas cimentícias que pode ser montada em um dia. Batizado de Plugin House, o projeto permite que as peças sejam encaixadas e parafusadas, poupando a instalação de canteiro de obras. As paredes pré-fabricadas têm o formato de “sanduíche” e recebem placas de EPS (poliestireno expandido) no interior, para aprimorar o desempenho termoacústico da casa.

A Plugin House ganhou o Archimarathon Award na categoria acupuntura urbana. O prêmio, concedido em Milão, na Itália, venceu outros 42 projetos voltados para a melhoria da qualidade de vida em ambientes urbanos. “É uma construção que faz refletir sobre as responsabilidades sociais dos arquitetos, principalmente em países com grande concentração populacional como a China”, diz o arquiteto Zhang Ke, que liderou o projeto.

 

Visão externa da “Plugin House”: contraste em uma das hutongs de Pequim

Visão externa da “Plugin House”: contraste em uma das hutongs de Pequim

O protótipo foi montado em um hutong de Pequim. Hutongs são equivalentes às favelas no Brasil. Geralmente são formados por aglomerados de casebres, sem nenhuma urbanização, e cercados de vielas onde não trafegam carros. Para se adaptar a esse ambiente, a Plugin House foi projetada para explorar ao máximo a luminosidade natural. As instalações hidrossanitárias da obra também exigiram soluções inovadoras.

Na China, os hutongs geralmente não têm captação de esgoto. As pessoas costumam compartilhar sanitários públicos. No entanto, na Plugin House o banheiro está ligado a uma fossa séptica, com um sistema de compostagem. Também há uma instalação de reúso da água do chuveiro e das pias da cozinha e do lavabo. “São sistemas simples que utilizam o que aquele ambiente urbano oferece como alternativas”, afirma Zhang Ke.

 

Acupuntura urbana

A oportunidade de construir a Plugin House veio de uma senhora chinesa que herdou uma moradia de sua mãe em um hutong em Pequim. Por isso, o protótipo foi batizado de “Mrs Fan Plugin House”. A construção antiga foi demolida para dar lugar à casa alternativa. A concepção do projeto durou um ano e a montagem da casa aconteceu no verão chinês de 2016.

Segundo o arquiteto, o projeto pode ser uma solução para urbanizar favelas em países emergentes, como China, Índia e Brasil, adaptando-o às particularidades de cada região. O custo para projetar a Plugin House foi US$ 10 mil (cerca de R$ 32 mil) mas os criadores avaliam que a produção em massa pode reduzir pela metade o valor da casa pré-fabricada.

Zhang Ke é defensor da acupuntura urbana. O conceito, criado pelo arquiteto e teórico social finlandês Marco Casagrande, combina desenho urbano com a tradicional medicina chinesa. Trata-se de um conjunto de ações pontuais e de revitalização que podem mudar progressivamente a vida nas cidades. Na maioria das vezes, essas intervenções estão relacionadas ao urbanismo e à sustentabilidade.

 

Veja vídeo da construção “Plugin House”:

Entrevistado
Arquiteto Zhang Ke, do escritório People’s Architecture Office

Contato
office@peoples-architecture.com

Crédito Fotos: People’s Architecture Office

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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