Pacote de resgate: qual é o impacto para o setor de construção civil?
Ações preveem a destinação de R$ 30 bilhões do FGE para oferecer crédito a custos mais baixos.
O governo federal apresentou em agosto o Plano Brasil Soberano, um pacote inicial de medidas voltado a reduzir os efeitos econômicos da decisão dos Estados Unidos, que no dia 30 de julho anunciaram aumento unilateral de até 50% nas tarifas de importação sobre produtos brasileiros. O plano reúne iniciativas distribuídas em três frentes: reforço ao setor produtivo, proteção aos trabalhadores e atuação diplomática com foco no multilateralismo.
As ações preveem a destinação de R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) para oferecer crédito com taxas acessíveis, além da expansão das linhas de financiamento ao comércio exterior. Também incluem a prorrogação da suspensão de impostos para empresas exportadoras, o aumento da restituição de tributos federais por meio do Reintegra e a simplificação da aquisição de alimentos por órgãos públicos.
De acordo com Ieda Vasconcelos, economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Sinduscon-MG, o Plano “Brasil Soberano” foi criado para amenizar os efeitos das tarifas impostas pelo governo americano aos produtos exportados pelo Brasil.
“O objetivo é proteger os exportadores nacionais e preservar empregos. Dessa forma, seu impacto sobre setores produtivos, como a construção civil, tende a ser indireto, à medida que busca fortalecer a economia e manter postos de trabalho. Uma economia mais robusta gera empregos e investimentos, o que pode ampliar a demanda por infraestrutura, por exemplo. No entanto, neste momento, não é possível medir a dimensão desse impacto indireto, nem mesmo afirmar com certeza que ele ocorrerá. Vale destacar, porém, que o país já apresenta uma demanda consistente por habitação, com um déficit superior a seis milhões de moradias”, observa.
Marcos Pedro, economista, cientista político e professor do UniBrasil Centro Universitário, destaca que o “pacote” tem como foco principal a preservação de empregos e a manutenção da renda.
“No entanto, a aquisição de habitação é um planejamento de longo prazo para as famílias, que envolve financiamentos de 10, 20 anos ou mais. Por isso, mais importante do que a manutenção momentânea do emprego e da renda é a expectativa de estabilidade futura, que permita esse planejamento e a confiança de que as famílias conseguirão honrar os financiamentos até o final”, afirma.

Crédito: Envato
Impactos na Selic
Para Ieda, se o aumento das despesas públicas gerar pressão inflacionária e comprometer a confiança na política fiscal do país, o Comitê de Política Monetária (Copom) poderá manter a Selic em patamar elevado por mais tempo ou até mesmo elevá-la.
“E uma Selic alta encarece o custo do crédito e, consequentemente, desestimula investimentos nos setores produtivos da economia, como a construção civil. No setor, crédito mais caro pode significar o adiamento de lançamentos imobiliários, o que se traduz em menor volume de obras, renda e empregos”, alerta.
Já Marcos Pedro ressalta que, se o governo encontrar dificuldades para equilibrar suas contas públicas devido às medidas previstas no “Pacote de Resgate”, a confiança dos agentes econômicos em relação à capacidade de cumprimento dos compromissos futuros pode diminuir, forçando uma nova elevação da taxa Selic, que já está em 15% ao ano.
“Caso esse movimento se confirme, os impactos sobre a construção civil ocorrerão de duas formas, dependendo do tempo de duração do pacote. A primeira será sobre a construção leve (imóveis residenciais), já que a alta da Selic encarece o financiamento imobiliário, elevando o valor das prestações. Assim, menos famílias conseguirão comprar imóveis e, mesmo aquelas que comprarem, terão de comprometer uma parcela maior de suas rendas, reduzindo o padrão de consumo. O segundo impacto será sobre o custo de aquisição de bens de capital para as empresas construtoras — como máquinas, equipamentos e veículos — que também ficarão mais caros de financiar”, explica.
Impactos na infraestrutura
Um cenário fiscal fragilizado poderia comprometer os investimentos públicos em infraestrutura? Para Marcos Pedro, caso o governo precise reorganizar o orçamento e redirecionar os poucos recursos hoje destinados a investimentos para auxiliar os setores mais afetados, será inevitável reduzir a verba destinada à infraestrutura.
“Para evitar isso, seria necessária uma redução de gastos em outras áreas. Mas devemos lembrar que estamos em um ano pré-eleitoral, em que a demanda por obras e inaugurações faz parte do calendário político — e esse é um ponto difícil de alterar”, conclui.
Entrevistados
Ieda Vasconcelos é economista pela PUC-MG, doutora e mestre em Administração de Empresas pela Universidade Fumec. Economista chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Sinduscon-MG.
Marcos Pedro é economista, cientista político e professor do UniBrasil Centro Universitário.
Contatos
Assessoria CBIC – ascom@cbic.org.br
Assessoria UniBrasil Centro Universitário – pauta@acciocomunicacao.com
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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