Ilha Pura abrigará 50 mil moradores depois dos jogos de 2016. Complexo sustentável terá 31 edifícios de 17 andares cada um e consumirá 350 mil m³ de concreto
Por: Altair Santos
O evento dos jogos olímpicos, que acontece daqui a três anos no Rio de Janeiro, tem entre seus projetos essenciais a construção da vila olímpica – local que tradicionalmente abriga os atletas que disputam as competições. No caso da Vila dos Atletas, a Construtora Odebrecht planeja transformá-la no bairro mais sustentável do Brasil.
Depois de agosto de 2016, o local será rebatizado de Ilha Pura e deverá abrigar 50 mil moradores. As obras estão 15% concluídas e devem ser finalizadas no final de 2015, com prazo-limite até maio de 2016. Segundo Maurício Cruz Lopes, diretor de projetos da Odebrecht, desde o início da construção da Vila dos Atletas tem sido tomadas medidas que garantam a sustentabilidade do empreendimento. Uma delas é que 100% da água cinza produzida dentro do canteiro de obras é coletada, tratada e reusada no vestiário que serve os 2,5 mil operários contratados. “Há preocupação também com a pegada de carbono. Por isso, selecionamos fornecedores que fazem esse controle desde a extração da matéria-prima até a entrega do produto no local da obra”, explica Maurício Cruz Lopes.
O empreendimento também se preocupa com a emissão de gás carbônico (CO₂) na produção de concreto. Por isso, foram instaladas duas centrais na obra, com capacidade de produzir, por ano, 100 mil m³ de material. “Faremos uma economia de 1,5 milhão de quilômetros, poupando o transporte de concreto por betoneiras, e, com isso, haverá a redução anual de 1.200 toneladas de gás carbônico”, revela o diretor de projetos da Odebrecht. Com 31 edifícios de 17 andares cada, espalhados em uma área de 632 mil m² da Barra da Tijuca, o Ilha Pura irá consumir um total de 350 mil m³ de concreto.
Construídos de acordo com as normas da certificação AQUA, os prédios do Ilha Pura terão os seguintes equipamentos voltados para a sustentabilidade do bairro planejado: aquecimento solar, telhado verde, painéis fotovoltaicos, tomadas para veículos elétricos, paisagismo com espécies nativas, central de tratamento de água, iluminação eficiente em led e elevadores capazes de gerar 60% da energia que irão consumir. “Acreditamos que o uso de tecnologia verde permita reduzir o consumo de energia em 30%, se comparado a uma obra convencional. Isso nos primeiros dez anos”, avalia Maurício Cruz Lopes, que expôs o projeto no Congresso Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS 2013).
No mesmo evento foi apresentado o projeto do Jardim das Perdizes, que a Construtora Tecnisa está empreendendo na região da Barra Funda, em São Paulo. Trata-se de um outro bairro sustentável, com 28 torres distribuídas em uma área de 250 mil m². Os apartamentos terão de 80 m² a 197 m², para atender famílias com renda mensal entre 6 e 20 salários mínimos. “A principal característica deste empreendimento é a possibilidade de inclusão social”, destaca Fábio Villas Bôas, diretor-técnico da Tecnisa. Além do Jardim das Perdizes e do Ilha Pura, existem no Brasil outros dois bairros sustentáveis em fase de construção: o Pedra Branca, em Palhoça, na região metropolitana de Florianópolis, e o Noroeste, no Distrito Federal.
Entrevistados
Engenheiros civis Maurício Cruz Lopes, diretor de projetos da Construtora Odebrecht, e Fábio Villas Bôas, diretor-técnico da Construtora Tecnisa
Contato: secretaria@cbcs.org.br
Créditos fotos: Divulgação/COB/SCHWING-Stetter/CBCS 20013