O concreto pega a estrada

11 de dezembro de 2008

O concreto pega a estrada

O concreto pega a estrada 150 150 Cimento Itambé

Mais eficiente do que o asfalto, o pavimento à base de cimento é redescoberto pelo Brasil.

Carlos Roberto Giublin

Até a metade do século passado, a pavimentação de concreto era a mais usada em rodovias, pistas de aeroportos brasileiros e vias urbanas. Com o desenvolvimento da tecnologia do asfalto, muito mais barata na época, o cimento passou a suprir unicamente a construção civil e caiu em desuso nas estradas. Passados mais de 50 anos, eis que o concreto é redescoberto como pavimento. Mais duradouro e capaz de causar danos menores ao meio ambiente, ele volta a avançar sobre as estradas do Brasil. A meta da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) é, em 10 anos, ter 20% das rodovias nacionais construídas de concreto.

Atualmente, dos 196 mil quilômetros de rodovias pavimentadas no país, cerca de 3 mil utilizam concreto. Segundo o gerente regional da ABCP-Sul, Carlos Roberto Giublin, isso representa de 1,5% a 2% da malha rodoviária. Porém, há um esforço da associação para que se aumente esse percentual. “Nossa associação juntamente com a indústria de cimento está fazendo um trabalho a longo prazo. Primeiro, promovemos esse tipo de tecnologia. Agora, estamos investindo em equipamentos. Compramos cinco conjuntos de pavimentadoras de concreto e usinas dosadoras. São máquinas que trazem a qualidade do pavimento em concreto para um padrão internacional. Com isso, vamos difundir a tecnologia”, assegura.

A meta da ABCP é atingir um nível semelhante ao que se verifica na Alemanha e nos Estados Unidos. Os dois países são os que mais utilizam concreto em rodovias. “Dos 100% da malha viária deles, 20% são concreto”, diz Giublin, que acredita que com o investimento em máquinas se poderá chegar também a 20% no Brasil. “Os equipamentos que trouxemos melhoraram a qualidade, a produtividade e baixaram o custo. O pavimento de concreto tornou-se competitivo”. Carlos Giublin calcula que no longo prazo o uso de concreto em estradas faz a obra ficar 70% mais barata. “Na hora de construir, o quilômetro do concreto é em torno de 10% a 25% mais caro. Mas tem de se pensar que uma rodovia de concreto dura 20 anos sem exigir manutenção, enquanto a de asfalto dura no máximo oito anos. Então, é aí que o concreto se torna bem mais barato”, afirma.

Segurança e Meio Ambiente

O pavimento de concreto já é aceito como um redutor de acidentes rodoviários. Uma das razões é que, por não se deformar, ele não surpreende o motorista durante um trajeto. “Quantas vezes se anda numa estrada de asfalto e, de repente, encontra-se um buraco ou uma das faixas com sulcos formados pelo peso dos caminhões. No concreto, isso não acontece. Nele se trafega com muito mais segurança. Sem contar que em dias de chuva o concreto não gera aquaplanagem e tem um grip (aderência do pneu com o pavimento) muito bom. Outro detalhe: em viagens noturnas, por ser mais claro, ele gera melhor visibilidade”, analisa Giublin.

Outra vantagem do concreto, difundida pela ABCP, é que o material traz menos danos ao meio ambiente. Composto por materiais que já se encontram na natureza, como pedra e areia, ele é menos agressor que o asfalto, cujo componente principal é o petróleo. “Além disso, o petróleo é uma fonte esgotável e altamente poluidora”, comenta Carlos, acrescentando que o concreto, por não absorver calor, ajuda a resfriar o ambiente, enquanto o asfalto esquenta.

Por conta destas características do material, está sendo construída no Nordeste brasileiro a mais longa rodovia em concreto do país. São 340 quilômetros que vão ligar a cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, até as divisas com Pernambuco e Alagoas. Trata-se da duplicação da BR-101 Nordeste. Dos oito lotes da estrada, três estão sendo construídos pelo exército em parceria com a ABCP, que treinou o efetivo e emprestou seus equipamentos para a execução da obra. A previsão é que esse trecho fique pronto em 2009. “Com certeza, será a maior obra de pavimento de concreto no Brasil em extensão”, afirma Giublin, que presta consultoria ao empreendimento. Depois de concluída essa etapa, a duplicação da BR-101 deverá se estender até Feira de Santana, na Bahia. O objetivo é fechar 800 quilômetros de pavimentação e recolocar de vez o concreto nas estradas do Brasil.

Você sabia…

* A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) foi fundada em 1936, com o objetivo de promover estudos sobre o cimento e suas aplicações. Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos, mantida voluntariamente pela indústria brasileira do cimento, que compõe seu quadro de associados.

* Desde 1998, com a retomada do pavimento de concreto, um total de 111 obras já foram executadas no país utilizando o material.

* Por refletir melhor a luz, o concreto ajuda a economizar energia. Um exemplo: no trecho em concreto da Avenida Iguaçu, em Curitiba, as lâmpadas dos postes foram trocada de 400 watts para 250 watts. A iluminação pública ficou melhor que antes, proporcionando economia à Prefeitura de Curitiba.

11 de dezembro de 2008

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