“O concreto é amigo da gente”, dizia Ruy Ohtake
Morte do arquiteto não encerra seu legado. São mais de 300 obras projetadas e construídas, várias delas premiadas
Dos quatro principais expoentes da arquitetura brutalista no Brasil, Ruy Ohtake era o único vivo. No dia 27 de novembro de 2021, aos 83 anos, ele juntou-se a Vilanova Artigas, Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha. A morte de Ohtake não encerra seu legado, que soma mais de 300 obras concluídas no país e no exterior. Todas têm em comum o uso do concreto armado como elemento principal. “O concreto é amigo da gente. Ele se molda a qualquer desenho que eu faço. Nenhum outro material tem essa característica. Além disso, possui uma textura diversificada. Outra vantagem é que o concreto gera peças acabadas e também pode receber cores na sua pigmentação”, afirmava.
Ruy Ohtake apaixonou-se pelo concreto na metade dos anos 1970. Foi quando ele se convenceu de que o material era o único que poderia manter a perenidade de suas obras. “O concreto é uma das grandes criações tecnológicas do homem, mantendo-se valorizado há mais de 100 anos. Mas é importante dizer que a tecnologia sem criatividade perde valor. Só com criatividade é que a estrutura consegue cumprir seu papel, que é surpreender e inovar”, dizia. A paixão do arquiteto pelo concreto teve forte influência de sua mãe, a artista plástica Tomie Ohtake, que tornou-se uma das principais representantes mundiais do movimento estético conhecido como abstracionismo.
Tendo o concreto como inspiração, Ruy Ohtake construiu todo tipo de obra imobiliária: de prédios públicos a edifícios comerciais e residenciais, passando por teatros, cinemas, equipamentos esportivos e hotéis. São projetos arquitetônicos que lhe renderam 25 prêmios nacionais e internacionais. Destaque para a embaixada do Brasil em Tóquio-Japão, o hotel Unique, na cidade de São Paulo, e o Aquário Pantanal, em Campo Grande-MS.
Ano de 2021 também foi marcado pelas perdas de Paulo Mendes da Rocha e Jaime Lerner
Em sua fase mais recente, Ohtake estava focado em aliar sua obra a questões sociais. “É preciso pensar em espaços para a educação e em novos conceitos de moradia. Chamo a atenção para a sustentabilidade social. A água é importante, a captação da energia solar é importante, mas a condição humana das classes sociais mais desfavorecidas é mais importante”, destacava.
Além de atuar na arquitetura, Ruy Ohtake tinha a preocupação de deixar seu legado para futuros arquitetos. Por isso, foi professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie e na Universidade Católica de Santos. “Nossa arquitetura é uma das mais reconhecidas no mundo… Em nosso país, o arquiteto tem que ter compromisso com a cidade em que ele está construindo”, ensinava.
O ano de 2021 foi marcado por perdas importantes na arquitetura e urbanismo. Em maio morreram Paulo Mendes da Rocha e Jaime Lerner.
Entrevistado
Texto com base no arquivo de reportagens publicadas no Massa Cinzenta, da Cia. de Cimento Itambé, sobre Ruy Ohtake, além de dados disponíveis nas redes sociais do arquiteto
Contato
contato@ruyohtake.com.br
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
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