Após quase 30 anos, norma de vento entra em revisão

6 de setembro de 2016

Após quase 30 anos, norma de vento entra em revisão

Após quase 30 anos, norma de vento entra em revisão 1024 660 Cimento Itambé

ABNT NBR 6123 foi publicada em 1988. De lá para cá, Brasil passou a conviver com fenômenos meteorológicos que exigem sistemas mais eficientes

Por: Altair Santos

A ABNT NBR 6123 – Forças devidas ao vento em edificações – é reconhecida por projetistas e engenheiros como uma norma bem concebida. Tanto que foi publicada em 1988 e, desde então, passou apenas por um processo de revisão de texto. Seus conceitos se mantêm intactos e servindo de referência para projetos e ensaios em túneis de vento. “Apesar de ela ter uma edição já considerada antiga, é uma das mais completas do mundo. Mas, obviamente, precisa de atualização, agregando os conhecimentos que foram adquiridos nestes quase 30 anos”, cita o professor do departamento de engenharia civil e coordenador do Laboratório de Aerodinâmica das Construções (LAC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Acir Mércio Loredo Souza.

Acir Mércio Loredo-Souza, da UFRGS: coordenador da comissão, que será instalada dia 6 de outubro

Acir Mércio Loredo-Souza, da UFRGS: coordenador da comissão, que será instalada dia 6 de outubro

O especialista palestrou na edição 2016 do Concrete Show, realizado recentemente na cidade de São Paulo. Nomeado coordenador da comissão encarregada de revisar a ABNT NBR 6123, o professor da UFRGS cita que um dos pontos cruciais a ser analisado está relacionado às referências de velocidade dos ventos nas regiões brasileiras. “Existe um mapa que fornece as velocidades referenciais, mas ele é dos anos 1970. Atualmente, há mais informações para atualizar esse mapa, incluindo boas evidências técnicas”, diz Acir Mércio Loredo Souza. Mais especificamente, o que precisa ser atualizado são as chamadas isopletas, que definem as linhas de velocidade dos ventos, e que, no mapa, são medidas em metros por segundo (m/s). Suas linhas lembram as de um mapa topográfico.

Instalação será dia 6 de outubro
A atualização desses dados fornece subsídios mais precisos para calculistas e para os laboratórios que promovem ensaios em túneis de vento. Por isso, os engenheiros-projetistas têm tanto interesse na revisão da ABNT NBR 6123, cuja comissão será instalada oficialmente dia 6 de outubro e estará sob a supervisão do Comitê Brasileiro da Construção Civil, o CB-2. Já houve reuniões preliminares e Acir Mércio Loredo Souza afirma que o objetivo é fazer um trabalho criterioso para demonstrar que a velocidade dos ventos deve ser respeitada para se projetar edificações com segurança. O professor lembra ainda que, além da velocidade, a aerodinâmica dos prédios e as cargas de vento que eles irão receber são fundamentais para o sucesso do projeto.

Em sua palestra no Concrete Show, o especialista lembrou que as mudanças climáticas tornam o Brasil cada vez mais suscetível a ciclones extratropicais e a tormentas TS (Thunderstorms), que podem evoluir para tornados. Ele citou como exemplo o ciclone Catarina, que em 2004 atingiu os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e o fenômeno que atingiu Porto Alegre e a região metropolitana da capital gaúcha, em janeiro de 2016. Também relembrou o prédio de 37 pavimentos que estava em construção em Belém-PA, em 2011, e que sofreu colapso de suas estruturas por que não foi levado em consideração o carregamento do vento em seu projeto. “Esses novos parâmetros passam a exigir sistemas mais eficientes, não apenas para estruturas, mas para fachadas e esquadrias. O importante é que a maioria dos acidentes causados pelo vento pode ser prevenida já na fase de projeto”, garante.

Entrevistado
Acir Mércio Loredo Souza
, mestre e doutor em engenharia, professor do departamento de engenharia civil e coordenador do LAC (Laboratório de Aerodinâmica das Construções da Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Contato
acir@ufrgs.br

Crédito Foto: Divulgação/Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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