Navios de concreto ajudaram a ganhar até guerras
Tecnologia perdeu a corrida para a indústria do aço, mas foi útil para a produção de embarcações, principalmente até a metade dos anos 1940
Tecnologia perdeu a corrida para a indústria do aço, mas foi útil para a produção de embarcações, principalmente até a metade dos anos 1940
Por: Altair Santos
Entre 1942 e 1945, a escassez de aço levou Inglaterra e Estados Unidos a investirem na fabricação de navios usando concreto armado. Um exemplo foi o SS Arthur Talbot, lançado ao mar em 1943. Estaleiros especializados em fabricar embarcações de concreto proliferaram também por outros países, como a Holanda. Durante a Segunda Guerra Mundial, a própria marinha nazista fabricou embarcações de concreto.
Até 1969, um destes navios, que servia para transportar carvão mineral e abastecer a frota da Alemanha nos combates em alto-mar, estava ancorado no Rio de Janeiro. Rebatizada de Esmeralda, a embarcação foi arrematada em leilão por um comerciante português que fazia o transporte de bacalhau entre Porto, em Portugal, e o Rio Janeiro.
Mais tarde, o Esmeralda foi comprado por um empresário de Luanda, na África, para fins turísticos. Porém, sem receber manutenção, o navio acabou apresentando infiltrações e foi afundado propositadamente na costa do país africano. A citação faz parte de um estudo coordenado pelo professor de engenharia mecânica naval da Universidade Federal de Pernambuco, Juraci Nóbrega.
Recentemente, Nóbrega estimulou um grupo de alunos a construir uma canoa de concreto, usando um varão de ferro, tela de arame e cimento. O protótipo, desenvolvido em parceria com o programa de intercâmbio Brasil-França (Brafitec), foi apresentado como uma alternativa para os pescadores de baixa renda de Pernambuco, já que o custo da embarcação (R$ 600), comparado com canoas de madeira, é quase três vezes menor.
Estaleiro Kiptopeke
Porém, nada se iguala à produção em série de navios de concreto que operou até o início dos anos 1950 na cidade de Tampa, na Flórida-EUA. O estaleiro Kiptopeke especializou-se na fabricação deste tipo de embarcações para fins comerciais, transportando principalmente açúcar, café e minério entre os Estados Unidos, países do Caribe e da América do Sul.
Após a interrupção da fabricação de navios de concreto, o estaleiro Kiptopeke vendeu parte dos cascos para servir de quebra-mar ao longo das costas leste e oeste dos Estados Unidos e do Canadá. O auge da produção do estaleiro se deu entre 1945 e 1949, no pós-guerra, quando ainda havia escassez de aço para a produção de navios. O Kiptopeke chegou a empregar mais de duas mil pessoas.
No Brasil, alguns dos primeiros navios-plataformas da Petrobras para a exploração de petróleo em águas marinhas foram construídos em concreto. A tecnologia aperfeiçoou-se, mas nos anos 1960 começou a ser sufocada pela indústria do aço, mesmo parecendo mais segura. Segundo estudiosos, o Titanic não teria afundado, em 1912, se tivesse sido construído em concreto armado e se a tecnologia para fabricar navios de betão já existisse naquela época.
De acordo com o professor da UFPE, Juraci Nóbrega, atualmente a fabricação de embarcações de concreto se limita a pequenos barcos, principalmente no continente africano. “Na África, é comum a construção de barcos de concreto armado que pesam cerca de 500 quilos e conseguem transportar até 1,5 tonelada de carga”, afirma.
Entrevistado
Engenheiro mecânico e professor do curso de engenharia naval da Universidade Federal de Pernambuco, Juraci Nóbrega
Contatos
juraci.nobrega@ufpe.br
jccnobrega@gmail.com
Créditos Fotos: US Army/Divulgação/UFPE
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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