Museu árabe é eleito o “estado da arte” do concreto

Conjunto de edifícios na Arábia Saudita recebe honraria do ACI por unir avançadas tecnologias construtivas
22 de janeiro de 2020

Museu árabe é eleito o “estado da arte” do concreto

Museu árabe é eleito o “estado da arte” do concreto 1024 651 Cimento Itambé
Construção do Ithra começou em 2010 e sua execução consumiu uma série de materiais produzidos exclusivamente para a obra. Crédito: Saudi Aramco

Construção do Ithra começou em 2010 e sua execução consumiu uma série de materiais produzidos exclusivamente para a obra.
Crédito: Saudi Aramco

O Centro Rei Abdulaziz para a Cultura Mundial, localizado em Dhahran, na Arábia Saudita, recebeu a mais alta honraria do American Concrete Institute (ACI): o prêmio Excellence Awards 2019, concedido às obras que atingem o “estado da arte” do concreto. Para alcançar o reconhecimento, o museu – também chamado de Ithra (enriquecimento, em árabe) – precisou vencer etapas no Oriente Médio e na Ásia, que começaram em 2017. No ano passado, o ACI chancelou a premiação internacionalmente.

Com área construída de 85 mil m², a edificação une avançadas tecnologias construtivas da indústria do concreto. As características da estrutura incluem lajes pós-tensionadas com 15,9 metros de comprimento, paredes e rampas inclinadas de concreto, colunas de concreto armado torcido e inclinado e acabamento com concreto decorativo. O volume de concreto usado na obra se aproximou dos 130 mil m³.

O prédio principal da construção, batizado de Torre do Conhecimento, tem 112 metros de altura. Os pilares das fundações possuem 3 metros de diâmetro cada e a estabilidade da estrutura é reforçada por um núcleo de concreto armado que atua como um cantilever apoiado. As colunas que sustentam as lajes elevadas são inclinadas e resultam em forças de empuxo horizontais na cabeça e na base de cada elevação da coluna. As lajes pós-tensionadas atuam como diafragmas estruturais para transportar essas forças de volta ao núcleo. 

A torre principal do Ithra tem 18 grandes pavimentos. Ela está conectada a prédios menores. Todos têm formas arredondadas e são revestidos com aço tubular inoxidável. A arquitetura lembra um aglomerado de pedras em um oásis. A revista internacional de design Wallpaper classificou a estrutura de “a peça mais progressiva da arquitetura contemporânea da Arábia Saudita”.

O revestimento de aço que envolve o complexo do museu é formado por 93.403 tubos de aço com 76,1 milímetros de diâmetro e 2 milímetros de espessura. Se perfilados, percorreriam uma extensão de 360 quilômetros. Os tubos foram colocados a 10 milímetros de distância um do outro. A precisão permite que a luz natural penetre nos prédios e os iluminem internamente. O aço é o Duplex 2205, projetado exclusivamente pela britânica BuroHappold para o Ithra. Uma das finalidades do revestimento é resistir à abrasão da areia soprada pelo vento.

Para engenheiro-chefe da obra, complexidade da construção superou a lógica

O Ithra teve sua construção financiada pela Saudi Aramco, a empresa de energia e produtos químicos da Arábia Saudita. A construção começou em 2010 e seu custo ultrapassou os 400 milhões de dólares – mais de 1,5 bilhão de reais. O projeto arquitetônico é do escritório norueguês Snøhetta. Diante da complexidade dos projetos e da quantidade de materiais exclusivos usados na obra, o engenheiro-chefe Belal Nasir definiu o que foi construir o Ithra: “Se estivéssemos com todos os sentidos, não teríamos começado isso. Subestimamos a complexidade, o que no final foi bom, pois se tivéssemos feito uma análise de risco provavelmente não teríamos construído. A obra incorporou muitos desafios, mas conseguimos superar”, resume. 

Antes de conseguir a premiação máxima do ACI, projeto do Ithra precisou concorrer com outras obras no Oriente Médio e na Ásia. Crédito: Saudi Aramco

Antes de conseguir a premiação máxima do ACI, projeto do Ithra precisou concorrer com outras obras no Oriente Médio e na Ásia.
Crédito: Saudi Aramco

A execução da edificação foi finalizada em outubro de 2017. Porém, a abertura para o público só ocorreu um ano depois. Atualmente, o Ithra recebe um fluxo de 700 mil visitantes por ano. Além do reconhecimento do ACI, como obra que alcançou o “estado da arte do concreto”, o museu também recebeu uma classificação especial do US Green Building Council, por suas preocupações com a sustentabilidade, desde a implantação do canteiro de obras. O museu também preservou métodos construtivos seculares dos árabes, como o uso de tijolo solo-cimento fabricado in loco nos muros que circundam os prédios. 

Saiba mais sobre a construção do Ithra

 

Veja por que o ACI concedeu o prêmio Excellence Awards ao Ithra 

Entrevistado
Reportagem com base no relatório da ACI (American Concrete Institute (ACI) sobre a construção do Ithra, com dados da Saudi Aramco

Contato
techinq@concrete.org
international.media@aramco.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

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