Primeira aplicação de concreto como revestimento sobreposto ao asfalto aconteceu em uma pequena localidade de Indiana, nos Estados Unidos
Por: Altair Santos
O inverno rigoroso de 1918 levou o asfalto da 7th Street, em Terre Haute – pequena localidade do estado de Indiana, nos Estados Unidos -, a ficar completamente deteriorado. No começo do século passado, o pavimento asfáltico não detinha tecnologia para resistir a baixíssimas temperaturas sem se degradar. A solução, na época, foi espalhar concreto sobre o revestimento existente. Nascia o whitetopping.
A ideia prosperou e revestiu outras ruas e também estradas norte-americanas. Mas não havia um procedimento padrão para o preparo e a aplicação do concreto. Até os anos 1960, a técnica era usada como paliativo para a degradação do asfalto. No começo de 1970, depois de ensaios e pesquisas desenvolvidas em ambiente acadêmico, o estado da Califórnia passou a empregar o pavimento de concreto com o dimensionamento de 175 mm a 225 mm de espessura, criando um padrão para revestimento urbano, estradas rurais e rodovias.
Entre 1977 e 1981, organismos de governo dos Estados Unidos avalizaram o emprego de whitetopping. A confiabilidade fez com que o número de trechos rodoviários pavimentados com concreto sobre asfalto saltasse de 81 em 1982 para 189 em 1993, principalmente nas rodovias norte-americanas conhecidas como farm-to-market (estradas rurais). No Brasil, o melhor exemplo de whitetopping está na BR-290, entre Osório e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. São mais de 100 quilômetros em que o pavimento de concreto foi sobreposto ao asfalto. A substituição do revestimento teve a assessoria técnica da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).
Whitetopping ultrafino
Nos Estados Unidos, o pavimento em concreto tem o estímulo da American Concrete Pavement Association (ACPA). Desde 1998, o organismo passou a incentivar pesquisas com o whitetopping ultrafino (UTW). O material é reforçado com fibras, o que permite aumentar sua resistência e reduzir a espessura para até 50 mm. Recentemente, a Federal Highway Administration (FHWA) – similar ao Dnit no Brasil – lançou um programa para que se pesquise o uso de fibras de carbono neste tipo de pavimento, o que vai combinar maior resistência com menor espessura. O protótipo em teste tem 28 mm. As primeiras aplicações em estradas podem acontecer em 2017. A ACPA participa do desenvolvimento, assim como a EUPave (European Concrete Paving Association).
No Brasil, a ABCP define as vantagens do whitetopping em 11 pontos:
• Aplicado diretamente sobre o pavimento asfáltico existente.
• Requer preparação apenas da superfície em estágios avançados de degradação.
• Aplicação favorecida no caso de restrições orçamentárias e tráfego pesado.
• Usa concreto comum, sem armaduras.
• Evita a reflexão de trincas.
• Aumenta a segurança de rolamento.
• Substitui com vantagem a construção “por etapas”.
• Amplia a vida útil e a capacidade de carga dos pavimentos.
• A preparação da superfície deteriorada é mínima, reparando principalmente “panelas” existentes ou fresando a superfície (no caso de existência de trilhas de roda consideráveis).
• Vida útil acima de 30 anos.
• Como todo pavimento de concreto, economiza energia elétrica de iluminação e combustível.
Entrevistados
– ACPA (American Concrete Pavement Association) (via assessoria de imprensa)
– EUPave (European Concrete Paving Association) (via assessoria de imprensa)
– ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) (via assessoria de imprensa)
Contatos:
info@eupave.eu
acpa@acpa.org
abcp@abcp.org.br
Crédito Foto: Divulgação