Pontes utilizam método de balanço sucessivo e contam com equipamentos importados da Espanha, para minimizar danos ambientais na Régis Bittencourt
Por: Altair Santos
A duplicação da rodovia Régis Bittencourt, no trecho da Serra do Cafezal, chegou ao estágio mais desafiador para a engenharia. Entre os quilômetros 357 e 361,5 da estrada que liga Curitiba-PR a São Paulo-SP, estão obras de arte que agregam processos inovadores à construção pesada do país. São três túneis e cinco viadutos a serem entregues até o final de 2015, e que precisaram importar tecnologia espanhola para se viabilizar. Assim, a Ferrovial Agroman e a ULMA Construction entraram no consórcio que lidera o trecho da obra que exige essas demandas. As empresas detêm conhecimento na área da construção de túneis e de pontes e viadutos, dentro do método conhecido como balanço sucessivo. O sistema requer menos pilares para suportar estruturas de concreto.
Como o local da obra tem rigorosas restrições ambientais, os gigantes espanhóis da construção pesada trouxeram ao Brasil equipamentos que permitem que a concretagem seja através de formas suspensas. “A técnica de balanço sucessivo é indicada para vencer vãos em áreas onde há dificuldade de acesso e para montagem de escoramentos. A partir de um pilar de suporte, as peças avançam em balanços, uma a uma, até a totalidade da execução do vão”, explica o engenheiro civil Eneo Palazzi, diretor-superintendente da concessionária Autopista Régis Bittencourt.
O consórcio que viabiliza obras no ponto crítico da Serra do Cafezal é liderado pela empreiteira Toniolo, Busnello, que constituiu parceria com a Ferrovial Agroman. Em um trecho de 3.200 metros, as empresas constroem 3 túneis, totalizando 1.325 metros, e 5 viadutos, somando 1.668 metros. O traçado atravessa uma importante região de Mata Atlântica e, para a execução da obra, tem sido utilizados métodos de trabalho diferenciados, a fim de atender as restrições impostas por organismos ambientais. “A licença de instalação no trecho em questão não nos autoriza a construção de caminhos de serviços para a realização das obras. Obrigatoriamente, os canteiros devem ser implantados na lateral da pista existente. A limitação de espaço exige agregar mais tecnologia aos métodos construtivos”, afirma Eneo Palazzi.
36 obras de arte até 2017
A duplicação da Serra do Cafezal é a obra mais importante do contrato de concessão da Régis Bittencourt. A extensão total do trecho envolvia 30 quilômetros, começando no quilômetro 336,7, em Juquitiba-SP, e terminando no quilômetro 367, em Miracatu-SP. Destes 30 quilômetros, 17,5 já foram duplicados e liberados ao tráfego de veículos, o que representa quase 60% do total das obras. Agora, as frentes de trabalho concentram-se nos 4,5 quilômetros que exigem túneis e viadutos. No caso dos túneis, a tecnologia utilizada nas escavações é a NATM (New Austrian Tunnelling Method).
No total, o projeto de duplicação prevê 36 obras de arte, das quais nove já foram concluídas. Um trecho, de aproximadamente 8 quilômetros na parte central da Serra do Cafezal, será licitado a partir de 2015. A conclusão total da duplicação da Serra do Cafezal está prevista para fevereiro de 2017.

Dificuldade para montar escoramentos convencionais exige equipamentos que trabalham suspensos para concretar pilares
Entrevistado
Engenheiro civil Eneo Palazzi, diretor-superintendente da concessionária Autopista Régis Bittencourt
Contato: autopistaregis@autopistaregis.com.br
Crédito Fotos: Divulgação/Arteris/ULMA Construction