Pesquisadores do Laboratório de Tecnologia e Conforto Ambiental (Lateca), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), realizaram um protótipo de ambiente construído em sistema de solo-cimento autoadensável (SCAA).
“O SCAA se caracteriza por uma mistura composta por cimento, solo e aditivos. Esse que foi usado na construção do protótipo, com vistas a dar uma “pegada” ecológica, contou também com incorporação de areia de resíduo de construção, um material que está sendo reciclado na nossa região a partir de Resíduos de Construção Civil. Agregamos outros componentes para controlar a retração da mistura. O uso do SCAA é semelhante ao do concreto autoadensável, ou seja, ele tem a alta fluidez no estado fresco devido a utilização de água de amassamento e aditivos, por isso tem a capacidade de escoar pelas fôrmas com a ação de seu próprio peso”, explica o professor Ivan Julio Apolonio Callejas, coordenador do projeto.
Latossolo amarelo
Na composição do sistema de solo-cimento autoadensável é utilizado o latossolo amarelo, que é característico da região da Baixada Cuiabana. “Chegamos a usá-lo em 80% na massa da mistura. No entanto, nada impede que o traço seja ajustado em função das características do solo da região onde se queira usar o SCAA. Na realidade, a ideia de se utilizar o solo veio em razão da elevada quantidade de solo que é movimentada durante a execução das obras civis. Este solo muitas vezes é doado para aterro ou vai para os aterros sanitários. Então, nosso questionamento foi: ‘por que não usar esse solo para fazer as próprias construções de um empreendimento?’. Além disso, o solo se caracteriza como um material virgem, com baixa energia incorporada e com grande disponibilidade na superfície do nosso planeta”, destaca Callejas.
Aplicação do sistema de solo-cimento autoadensável
Callejas aponta que, dependendo da dosagem, com mais ou menos cimento, é possível alcançar resistências superiores a 4 MPa, o que equivale a um bloco de concreto estrutural. “É possível alcançar resistências superiores a 4 MPa, o que equivale a um bloco de concreto estrutural. No entanto, como estamos avançando na tecnologia, nesse primeiro momento, vislumbramos a sua aplicação em construções térreas”, pondera.
Além disso, para colocá-lo em prática, vale lembrar que um novo sistema construtivo como o do SCAA precisa atender uma série de requisitos da NBR 15575. “O objetivo é garantir aos usuários, por exemplo, habitabilidade, conforto térmico, segurança estrutural, entre outros. Diante disso, para uma avaliação completa do desempenho da habitação com esse material, vislumbro que ainda vamos levar no mínimo uns 5 anos de pesquisa para poder colocar o SCAA no mercado”, conclui Callejas.
Entrevistado
Ivan Julio Apolonio Callejas é coordenador do Laboratório de Tecnologia e Conforto Ambiental (LATECA) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
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Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP