Veículo Leve sobre Trilhos da Baixada Santista começa a funcionar em março de 2015, enquanto Cuiabá, Fortaleza e Natal adiam projetos
Por: Altair Santos
As obras de mobilidade para a Copa do Mundo de 2014 previam que três VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos) estariam em funcionamento durante o evento: um em Cuiabá-MT, um em Fortaleza-CE e outro em Natal-RN. O primeiro atrasou, e só vai entrar em operação parcial em 2016. Já o da capital potiguar está com seu projeto em processo de revisão e pode se transformar em um BRT (Bus Rapid Transit). Na metrópole cearense, o plano foi abandonado. Com isso, o primeiro VLT do Brasil a operar será o que liga a cidade de Santos a São Vicente, no litoral paulista.
A obra já começou a funcionar em período de teste e será integrada ao sistema de transporte coletivo das duas cidades a partir de março de 2015. O veículo tem os trilhos assentados sobre radiers de concreto. Na primeira etapa, o VLT da Baixada Santista vai percorrer 11,6 km. Quando totalmente concluído, fará um percurso de quase 55 km. Segundo o engenheiro civil Carlos Romão Martins, gerente de implantação de sistemas da EMTU/SP e responsável por gerenciar o empreendimento, uma das vantagens do VLT é que ele se utiliza do leito de uma estrada de ferro já existente – a Sorocabana -, o que praticamente igualou seu custo ao da implantação de um BRT.
O investimento total para viabilizar o novo modal da Baixada Santista é de R$ 1 bilhão, incluindo obras civis, sistemas de sinalização, comunicação e a compra de 22 veículos com tecnologia espanhola. “O VLT utiliza o antigo leito da estrada de ferro Sorocabana, que atravessa os municípios de Santos, São Vicente e Praia Grande. As principais vantagens são traçado retilíneo em quase toda a extensão, o que proporciona menor custo de manutenção e facilita a operação dos veículos, além de redução de custo com desapropriações”, explica Carlos Romão Martins.

VLT utiliza a tecnologia de fixação dos trilhos diretamente na superestrutura de concreto, dispensando dormentes
Concreto especial
O VLT utiliza a tecnologia de fixação dos trilhos diretamente na superestrutura de concreto, dispensando dormentes. O método construtivo usado foi o top-down, onde o concreto é bombeado de baixo para cima, a fim de penetrar nos nichos das placas de apoio de fixação dos trilhos. O material, além de boa plasticidade, precisa que sua resistência final atinja 35 MPa. “É um método mais econômico e se aplica bem às vias segregadas, o que é o caso do VLT da Baixada Santista”, diz o engenheiro responsável. No trecho que entrará em operação, a obra consumiu 20 mil m³ de concreto.
A opção por um concreto com menor densidade se deu também por causa do tipo do solo na região, que exigiu soluções mais complexas para a construção da via. Além disso, a ampliação do túnel José Menino, em Santos, precisou que fosse usada a tecnologia de desmonte de rocha a frio com uso de plasma, substituindo a necessidade de detonações. Outro desafio se impôs na ampliação do viaduto Antônio Emmerich, em São Vicente, já que a antiga estrutura teve que ser demolida e o vão foi ampliado para a passagem de uma avenida de mão dupla e a instalação de uma ciclovia.
Em seu trecho inicial, o VLT da Baixada Santista irá percorrer 15 estações, entre São Vicente e Santos. A operação comercial começa em março de 2015 e será implantada de maneira gradativa, até que o viaduto sobre a rodovia dos Imigrantes seja concluído no primeiro semestre de 2016. A previsão inicial de demanda é de 30 mil usuários/dia e cada veículo terá capacidade de transportar 400 passageiros por viagem.
Veja vídeo sobre o avanço das obras do VLT da Baixada Santista

Trens do VLT da Baixada Santista usam tecnologia espanhola e podem transportar 400 passageiros por viagem
Entrevistado
Engenheiro civil Carlos Romão Martins, gerente de implantação de sistemas da EMTU/SP e responsável por gerenciar o VLT da Baixada Santista
Contato: imprensa@emtu.sp.gov.br
Crédito fotos: Divulgação/EMTU/Jair Pires