Recente webinar promovido pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) mostra que a tecnologia de paredes de concreto é uma alternativa viável para projetos de edifícios altos. Em Brasília-DF, um prédio com mais de 20 pavimentos foi inaugurado no 1º semestre de 2020. Em Balneário Camboriú-SC, está em construção a maior edificação do país a utilizar o sistema. O empreendimento terá 50 pavimentos e 160 metros de altura.
O uso de paredes de concreto cresceu no Brasil movido pelo Minha Casa Minha Vida. Até 2019, 65% dos projetos destinados ao programa utilizavam a tecnologia. Hoje, ela está incorporada também na construção de casas de alto padrão e agora chega aos prédios altos. A evolução dos sistemas de fôrmas e a qualidade do concreto autoadensável produzido no Brasil é que permitem esse avanço, analisam os participantes do webinar.
Segundo Rubens Monge Silveira, gerente de edificações da ABCP, a tecnologia não é nova no Brasil. “Foi usada pontualmente nos anos 1980, mas o Minha Casa Minha Vida o transformou em um modelo muito relevante”, diz. O engenheiro civil também destaca a evolução do sistema. Principalmente, por causa das atualizações das normas técnicas ligadas à industrialização do concreto e o surgimento da Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575).
É importante destacar também o desenvolvimento de produtos e soluções específicas para o sistema construtivo, como kits hidráulicos e elétricos, esquadrias que podem ser instaladas antes da concretagem e a evolução das fôrmas. Parte desse avanço se deve ao grupo Paredes de Concreto – criado dentro da ABCP, em 2010 -, cuja missão é propagar as vantagens da tecnologia, que são:
– Rapidez de execução.
– Reduz uso de mão-de-obra.
– Custos globais mais baixos.
– Ótimo desempenho.
– Não gera entulho.
– Sistema industrializado.
– Produção em escala.
Concreto autoadensável e tecnologia de paredes de concreto são indissociáveis
No caso do edifício em Balneário Camboriú, a inovação está no sistema de fôrmas trazido da Coreia do Sul. Conhecida como Gang Forms (Fôrmas Trepantes) a tecnologia reduz em 20% o tempo para concretagem de cada pavimento e resulta em paredes de concreto espelhadas, ou seja, sem rebarbas ou riscos de desalinhamentos milimétricos entre um andar e outro. Com o uso de concreto autoadensável, o equipamento permite subir um pavimento a cada 3 dias, em média. Isso no caso de edifícios altos, pois em projetos T+3 ou T+4 (térreo mais 3 pavimentos ou térreo mais 4 pavimentos) é possível avançar um andar por dia.
Segundo Jairo Abud, presidente da ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) concreto autoadensável e tecnologia de paredes de concreto são indissociáveis. O dirigente também justifica o crescimento do sistema construtivo. “O autoadensável é um concreto sofisticado que proporciona alta produtividade, o que compensa a diferença de valor para o concreto convencional. Por isso, toda construtora que passa a utilizar paredes de concreto não retorna mais para sistemas tradicionais de construção, como a alvenaria”, diz.
Outro quesito que amplia a demanda pelo sistema está relacionado ao custo dos aditivos, que caiu significativamente nos últimos anos. A produtividade de bombeamento também aumentou a competitividade do autoadensável. Além disso, seu uso exige uma quantidade menor de mão de obra, desde que bem treinada. Esse elenco de vantagens fez o sistema de paredes de concreto chegar aos projetos de edifícios altos no Brasil.
Entrevistado
Reportagem com base no webinar “Paredes de concreto”, promovido pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
Contato
comunicacao@abcp.org.br