Obras de alargamento de faixa de areia: como fazer?

Engorda costeira ajuda a compensar a erosão, mas é preciso levar em conta custos que impactam o meio ambiente
13 de julho de 2022

Obras de alargamento de faixa de areia: como fazer?

Obras de alargamento de faixa de areia: como fazer? 1000 667 Cimento Itambé
Na engorda artificial, com a colocação de areia, há um preenchimento com o material, preferencialmente de mesmo tamanho, densidade e granulometria do material original da praia
Crédito: Envato

No final de 2021, a megaobra de alargamento da Praia Central, em Balneário Camboriú (SC), ficou pronta. E, há poucas semanas, em Matinhos (PR) começaram as obras de dragagem e engorda da faixa de praia, de Caiobá até o Balneário Flórida. Com este projeto, espera-se que a faixa de areia tenha de 70 a 100 metros de largura. 

No entanto, este tipo de obra não é novidade no Brasil. O processo, que tem o nome de engorda ou alargamento da faixa de areia, já foi feito em Recife e também em Alagoas. Mas por que se tem optado por esta técnica? De acordo com Marcos Lyra, engenheiro civil especialista em obras de defesa costeira, o que acontece é que as praias sofrem erosão com o passar do tempo e, para contê-la, é utilizada esta técnica, que consiste na colocação artificial de areia preferencialmente de mesmo tamanho, densidade e granulometria do material original da praia. 

“O principal objetivo da obra é preservar, alargar ou formar praias e dunas, compensando a erosão verificada, aumentando a largura da praia. Não existe solução única para contenção de erosão costeira. Indicar o alargamento de faixa de areia para qualquer praia é uma opção de difícil eficácia. É preciso buscar maior eficiência nas obras de proteção costeira, procurando encontrar nas soluções de engenharia a recuperação da praia natural recreativa. As cidades litorâneas precisam de adaptação para enfrentar as marés atuais e futuras, frente as mudanças climáticas”, explica Lyra.

Quando vale a pena fazer a engorda costeira?

Teoricamente toda praia com processo erosivo poderia utilizar o alargamento da faixa de areia. Entretanto, para saber se realmente vale a pena fazer este tipo de obra, Lyra aponta que em todo projeto de engenharia para proteção costeira, deve-se observar cinco itens: custo de implantação; custo de manutenção; disponibilidade do material; impacto ambiental e durabilidade.

“Para avaliar o custo-benefício da obra da engorda artificial de praia, é preciso manter a vigilância no acompanhamento do pós-obra. Existem dois tipos básicos de acompanhamento: o primeiro tipo é para conformidade da construção do projeto e para avaliação do desempenho do projeto. Geralmente feitos durante a execução da obra e durante o primeiro ano após a sua implantação. O segundo tipo é muitas vezes negligenciado. É preciso especificar claramente a necessidade de um plano de monitoramento e um plano de operação e manutenção”, opina Lyra.

Na equação custo-benefício da obra da engorda artificial, deve-se observar se o investimento é economicamente viável. “Muitas vezes, o alto custo da obra, as dificuldades de atendimento aos parâmetros de projeto e as incertezas quanto à durabilidade da intervenção, são fatores limitantes para sua utilização”, destaca Lyra.

Estudo de impacto ambiental

Uma das polêmicas ligadas à engorda das praias é a questão ambiental. Lyra indica que é preciso fazer um EIA/RIMA bem fundamentado, o que é algo dispendioso e complexo. “É importante realizar um diagnóstico dos impactos ambientais, não só pela diversidade de parâmetros envolvidos que deve considerar as zonas de empréstimo, os níveis energéticos, as características e o controle das areias a depositar na praia, que compreende os ciclos de enchimento e emagrecimento, mas acima de tudo devido ao alto grau de incerteza quanto à durabilidade da intervenção”, aponta.

Ainda, Lyra sugere realizar estudos de modelo matemático e modelo reduzido, para avaliar as condicionantes da praia, garantindo o êxito da engorda artificial. “Em praias muito energéticas, há o risco da areia ser retirada pelo mar num período inferior a cinco anos, sendo necessário repor os sedimentos na praia, onerando ainda mais o investimento”, conclui.

Entrevistado
Marcos Lyra é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Alagoas, especialista em obras de defesa costeira com MBA em gestão ambiental de desenvolvimento sustentável. Conceituado profissional, ocupou diversas funções para o desenvolvimento de projetos de engenharia nas áreas sanitária e ambiental no Estado de Alagoas, Brasil. Palestrante, escritor, autor de vários artigos sobre erosão costeira, atualmente é consultor responsável pelo sucesso no controle de erosão costeira e recuperação de praias com o uso de dissipadores de energia Bagwall e Sandbag no litoral nordestino do Brasil.

Contato
engenhariacosteira@gmail.com

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP

13 de julho de 2022

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