Complexo viário é considerado o mais importante entre as obras de infraestrutura do estado, mas esbarra na falta de um projeto definitivo
Por: Altair Santos
O Rio Grande do Sul enfrenta um gargalo em sua economia, que se materializa na ponte móvel que cruza o rio Guaíba, em Porto Alegre. Construída há 53 anos, a obra não comporta mais o volume de veículos que trafega diariamente pela BR-116 – cerca de 47 mil. Por isso, faz crescer a mobilização por um novo complexo viário na capital gaúcha. O empreendimento é vital para que o estado consiga ter uma logística competitiva. Estima-se que, por ano, os congestionamentos causados na travessia do Guaíba causem prejuízo de aproximadamente R$ 200 milhões.
A construção de uma nova ponte sobre o rio Guaíba, interligada às duplicações de trechos das rodovias BR-116, BR-386 e BR-448, é considerada a principal obra de infraestrutura do Rio Grande do Sul. O problema é que ela esbarra na falta de um projeto definitivo que possa viabilizá-la. Há incertezas sobre a extensão da ponte, sobre quais pontos ela irá interligar, assim como o modelo construtivo mais adequado e a forma como o empreendimento será financiado. Para se ter ideia, desde que o projeto foi colocado em discussão, em 2006, o comprimento da ponte já variou de 1,9 quilômetro a quase 5 quilômetros.
Segundo Luiz Domingues, vice-presidente do Movimento Ponte do Guaíba, o modelo de construção também sofreu alterações. “A princípio seria estaiada, mas isso foi descartado. Se fosse estaiada, iria precisar de uma torre de 105 metros para sustentar o vão de 40 metros, para a passagem de navios de grande porte. Isso, porém, interferiria no tráfego aéreo do aeroporto Salgado Filho”, explica. Sem ser estaiada, a ponte, que teria 1,9 quilômetro de extensão, deverá ter seu cumprimento ampliado para 2,5 quilômetros, segundo um novo projeto de viabilidade técnica em andamento.
Por enquanto, o que parece ser consenso é que o pavimento no entorno da ponte e na própria estrutura que irá atravessar o rio Guaíba será em concreto, por causa do grande tráfego de caminhões que se locomovem para o Porto de Rio Grande. Mas o que precisa ser solucionado é quem vai bancar a obra. O governo federal, através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prometeu a liberação de R$ 900 milhões para o empreendimento, mas os recursos ainda não saíram. Os atrasos levam o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) a projetar que a obra não começa antes de 2015.

Ponte atual, que é móvel, não comporta mais fluxo de veículos e causa prejuízo médio de R$ 200 milhões por ano ao Rio Grande do Sul.
Por isso, surgiu um movimento no Rio Grande do Sul para viabilizar a ponte mais rapidamente. Recentemente, o secretário de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque, levou o apelo ao Ministério dos Transportes. A alternativa é entregar a obra para a concessionária que já administra o trecho: a Concepa. Em troca da prorrogação do contrato de concessão, que acaba em 2017, a empresa teria se comprometido a fazer a nova ponte num prazo de 700 dias, utilizando tecnologia à base de pré-moldadas.
A proposta tem o apoio da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) mas depende da aprovação de Brasília, já que abrange trechos de rodovias federais. “A decisão está nas mãos da presidente Dilma, mas nós gaúchos não podemos ficar olhando o problema sem tomar uma iniciativa”, conclui o secretário Beto Albuquerque. Enquanto isso, estima-se que o custo da ponte já esteja em torno de R$ 1,1 bilhão. Há seis anos, quando começaram os debates para sua construção, a ponte estava avaliada em R$ 385 milhões.
Entrevistado
Movimento Nova Ponte do Guaíba e Secretaria Estadual de Infraestrutura do Rio Grande do Sul
Contatos: http://www.novapontedoguaiba.blogspot.com/ novaponteguaiba@gmail.com / http://www.seinfra.rs.gov.br
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