Nova geração de concreto celular resiste a 1.200 °C

Blocos testados em universidade árabe têm 15 cm de espessura e suportam 4 horas de fogo sem propagar chamas
29 de janeiro de 2020

Nova geração de concreto celular resiste a 1.200 °C

Nova geração de concreto celular resiste a 1.200 °C 1024 551 Cimento Itambé
Concreto celular é eficaz no desempenho termoacústico, desde os blocos convencionais até os desenvolvidos em universidades. Crédito: Youtube

Concreto celular é eficaz no desempenho termoacústico, desde os blocos convencionais até os desenvolvidos em universidades.
Crédito: Youtube

Pesquisadores da King Abdulaziz City para Ciência e Tecnologia (KACST), na Arábia Saudita, desenvolveram em laboratório uma nova geração de concreto celular. Um dos objetivos da pesquisa é chegar a um material com melhor desempenho térmico, a fim de que as construções no país possam resistir às altas variações de temperatura (muito calor durante o dia e frio à noite), causadas pelo clima desértico. Os resultados dos testes foram apresentados em 2019. O estudo é liderado pelo professor-doutor da universidade árabe, Mohammed Binhussain.

A diferença entre o concreto celular convencional e o desenvolvido no KACST é que o novo material utiliza nanotubos de carbono – produto já testado com alta eficácia na produção de concreto armado. O agregado aumenta a resistência à ruptura e reduz a condutividade térmica do concreto celular. Paredes construídas em laboratório para verificar a eficácia dos blocos produzidos no KACST atestaram se tratar de um material que propaga pouquíssimo calor. Com base nas experiências, os blocos com espessura de 15 centímetros suportaram chamas por 4 horas, com o auge da temperatura atingindo 1.200 graus Celsius (°C).

O concreto celular desenvolvido pela KASCT usa areia com alto teor de sílica, que é moída até virar pó, além de Cimento Portland e alumínio em pó. A mistura recebe água e depois é moldada em fôrmas por um período de tempo suficiente para que o pó de alumínio possa interagir com o cimento e formar bolhas de ar na massa. Isso resulta em aumento de tamanho e diminuição de peso. Nesta fase, nanotubos de carbono são adicionados antes de a mistura secar. Em seguida, as fôrmas são inseridas em fornos a vapor sob alta pressão para obter o resultado final.

Material desenvolvido na Arábia Saudita atende projetos arquitetônicos mais ousados

A pesquisa chegou também a um produto que melhora o desempenho acústico das paredes. O material ainda se mostrou ambientalmente eficaz por não emitir substâncias tóxicas e gerar menos resíduos que os blocos convencionais durante os processos de construção ou reforma. Outra característica apregoada pelos pesquisadores do KACST é que o concreto celular atende projetos arquitetônicos mais ousados, pois pode ser configurado para atender ângulos oblíquos, ou seja, diferentes de 90°. Os blocos facilitam também a abertura de canais e dutos para fios elétricos, cabos telefônicos e orifícios para tubos com alta precisão, onde a tolerância não pode variar de 1 milímetro. 

Os blocos produzidos com o concreto celular desenvolvido na universidade árabe mostraram as seguintes resistências no 1º, 7º e 28º dias de cura: 11,03 MPa, 17,59 MPa e 18,19 MPa. As pesquisas no KASCT envolvem os seguintes departamentos: Centro de Excelência para Sistemas Complexos de Engenharia (CCES), Centro de Excelência em Nanotecnologia Integrada (JCIN), Centro de Excelência em Materiais e Manufatura Avançados (CAMM), Centro de Excelência em Nanotecnologias Verdes (CEGN) e Centro de Excelência em Nanomaterial para Aplicações de Energia Limpa (CENCEA).

No Brasil, paredes estruturais que usam blocos de concreto celular ainda aguardam normalização.

Entrevistado
Universidade King Abdulaziz City para Ciência e Tecnologia (KACST) (via assessoria de imprensa)

Contato
media@kacst.edu.sa

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

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