Nova classe C exerce pressão por mais moradias

12 de setembro de 2012

Nova classe C exerce pressão por mais moradias

Nova classe C exerce pressão por mais moradias 150 150 Cimento Itambé

Até 2022, Brasil vai precisar construir pelo menos 20 milhões de habitações para suprir demanda da população que ascende socialmente

Por: Altair Santos

Segundo dados preliminares da Fundação João Pinheiro, que desenvolve trabalho encomendado pelo ministério das Cidades para recalcular o déficit habitacional brasileiro, há um novo fenômeno ocorrendo no país. Apesar de a pressão demográfica ter diminuído, cresce a demanda por novas moradias. Isso se deve ao surgimento da nova classe C, que, em função da ascensão social, está trocando a coabitação familiar pela compra de imóveis próprios. “Famílias recém formadas, e que moravam com parentes próximos, estão, em função do aumento da renda, buscando a casa própria”, relata Rafael Tello, coordenador técnico do Centro de Desenvolvimento da Sustentabilidade na Construção, ligado à Fundação Dom Cabral.

Rafael Tello, da Fundação Dom Cabral: só com industrialização a construção civil atenderá o mercado.

Tello esteve entre os palestrantes do Concrete Congress – evento paralelo ao Concrete Show, que aconteceu de 29 a 31 de agosto em São Paulo. De acordo com dados apresentados pelo especialista, até 2022, para dar conta dessa demanda gerada pela nova classe C, o Brasil vai precisar construir 22 milhões de moradias. Isso deverá impor mudanças ao setor da construção civil. “Conceitos como industrialização habitacional, desempenho, sustentabilidade e preço competitivo terão de ser observados pelas empresas, o que deverá influenciar na forma como elas fazem a gestão de suas obras”, avalia o professor e pesquisador da Fundação Dom Cabral.

Para atingir a meta de suprir a demanda por habitações, a construção civil nacional tem entre os principais desafios a capacitação da mão de obra. “Hoje vivemos quase um analfabetismo profissional. O setor precisa aumentar em 3% ao ano a produtividade do trabalho. De que forma as empresas podem atingir esse objetivo? Adotando gestão, plano de carreiras e competitividade salarial para atrair trabalhadores de outros setores e gerar qualificação suficiente para que a industrialização encontre um ambiente favorável na construção habitacional“, analisa Rafael Tello.

Outra ação necessária é a busca por inovação. Atualmente, o SINAT (Sistema Nacional de Avaliação Técnica) financia até 500 unidades que utilizem sistemas inovadores da construção. Já a Caixa Econômica Federal decidiu desburocratizar a liberação de recursos para obras que utilizam paredes de concreto e painéis pré-moldados. “Há um ambiente melhor para inovar, mas ainda existem barreiras para a industrialização. Dificuldades para realizar ensaios em laboratórios e materiais fabricados em desacordo com as normas estão entre elas. Os códigos de obras dos municípios também são empecilhos. Não há padronização, o que impede a produção em escala. É preciso superar isso para que na próxima década alcancemos a sustentabilidade do território urbano, reduzindo o déficit habitacional“, finaliza Rafael Tello.

Entrevistado
Rafael Tello, coordenador técnico do Centro de Desenvolvimento da Sustentabilidade na Construção, da Fundação Dom Cabral
Currículo
– Rafael Tello é graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Tem pós-graduação em negócios internacionais pela Fundação Dom Cabral e MBA em gestão da sustentabilidade pela Leuphana Universitaet (Alemanha)
– Professor e pesquisador, atua como coordenador técnico do Centro de Desenvolvimento da Sustentabilidade na Construção, parte do Núcleo Petrobras de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral
– Foi coordenador técnico do SGC (Programa Sustentabilidade para Gestores na Construção) da Fundação Dom Cabral, realizado em 2009
– Foi pesquisador assistente no Núcleo de Inovação e Competitividade da Fundação Dom Cabral
Contato: rafaeltello@fdc.org.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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