Nanotecnologia do concreto ganha impulso no Brasil

15 de outubro de 2015

Nanotecnologia do concreto ganha impulso no Brasil

Nanotecnologia do concreto ganha impulso no Brasil 847 537 Cimento Itambé

Novo centro de pesquisa inaugurado recentemente no Coppe/UFRJ permitirá desenvolver agregados que tornem o material mais resistente e sustentável

Por: Altair Santos

Presente em várias inovações ligadas ao concreto, a nanotecnologia tem a oportunidade de ganhar um forte impulso no Brasil. Um passo importante nesta direção foi dado em 14 de setembro de 2015, quando o Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia) inaugurou o Núcleo de Microscopia Eletrônica. O centro de pesquisa ganhou o mais moderno microscópio eletrônico em operação no Brasil. Com resolução atômica, o equipamento permite aumentar o tamanho de partículas 800 mil vezes. É o que faltava para o país avançar em pesquisas químicas para produzir novos materiais, catalisadores, polímeros e medicamentos.

Professor Martin Schmal:  Núcleo de Microscopia Eletrônica do Coppe/UFRJ trará avanços para as pesquisas no país, incluindo as voltadas para materiais como o concreto

Professor Martin Schmal: Núcleo de Microscopia Eletrônica do Coppe/UFRJ trará avanços para as pesquisas no país, incluindo as voltadas para materiais como o concreto

Segundo o professor emérito da UFRJ, e doutor em engenharia química, Martin Schmal, o concreto está entre os materiais que irão se beneficiar das novas tecnologias disponíveis. “A meta é conseguir modificar o concreto, através das nanoestruturas, para otimizar comportamento e desempenho, aumentando as propriedades mecânicas, a durabilidade e a sustentabilidade do material”, diz Schmal, que completa: usando a nanotecnologia, será possível criar um concreto mais resistente, com volumes menores. “As pesquisas permitirão produzir nanomateriais que, futuramente, poderão substituir alguns agregados que hoje são usados na produção do concreto”, afirma.

A partir de um concreto mais resistente e durável, o professor da UFRJ entende que o Brasil poderá entrar no mercado das superconstruções, fornecendo matéria-prima para erguer arranha-céus que ultrapassem os 100 pavimentos ou pontes com vãos maiores. “O primeiro passo é fabricar os materiais; o segundo, conhecer todas estas propriedades. Nestes quesitos, a microscopia eletrônica de alta resolução é muito importante. Sem dúvida, as pesquisas desenvolvidas no país poderão viabilizar materiais para superconstruções”, avalia Martin Schmal.

Engenheiros-pesquisadores

Microscópio eletrônico do centro de pesquisa do Coppe/UFRJ permite aumentar o tamanho de partículas 800 mil vezes

Microscópio eletrônico do centro de pesquisa do Coppe/UFRJ permite aumentar o tamanho de partículas 800 mil vezes

O novo laboratório do Coppe/UFRJ também vai permitir mapeamentos em alta velocidade. Uma análise, que hoje leva 1h54, baixará para 115 segundos. Em termos práticos, significa que será possível alcançar precisão ultramicroscópica para diferenciar as nanoestruturas dentro do material. O equipamento também abre a possibilidade de detectar fissuras e patologias, que, com microscópios menos potentes, são invisíveis. Assim, as certificações se tornarão mais rigorosas.

O Núcleo de Microscopia Eletrônica também será uma nova porta para a formação de pesquisadores mais qualificados. “Dentro do laboratório teremos condições de capacitar engenheiros com profundo conhecimento nas diferentes tecnologias ligadas à nano, tanto na síntese como na caracterização dos materiais. Antes, precisávamos importar especialistas. Hoje, já existem profissionais interagindo com grupos internacionais, como o Max-Planck, da Alemanha, o CNRS, da França, e várias universidades norte-americanas ou europeias. Esta formação é feita com pessoal preparado, com pós-graduação, doutorado e intercâmbio no exterior”, afirma o professor emérito da UFRJ, prevendo que o Brasil definitivamente entrou na era da nanotecnologia.

Entrevistado
Professor-doutor em engenharia química, Martin Schmal, emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autor dos seguintes livros: Cinética Homogênea e reatores (1982), Cinética e Reatores (2010) e Catálise Heterogênea (2011)

Contatos
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Créditos Fotos: Divulgação/Coppe/UFRJ

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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