Mudanças no FGTS causam impacto no financiamento imobiliário

Confira as alterações propostas pelo governo e as perspectivas para o setor
11 de maio de 2023

Mudanças no FGTS causam impacto no financiamento imobiliário

Mudanças no FGTS causam impacto no financiamento imobiliário 1024 418 Cimento Itambé
 Alterações no FGTS impactam diretamente o setor da habitação.
Crédito: Envato

No início de abril, o Ministério das Cidades publicou a Instrução Normativa nº 11/2023 para modificar itens relacionados ao Orçamento Operacional do FGTS, referente à área de habitação, alterando a Instrução Normativa nº 40/2022, do então Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).

Assim, o valor mínimo para o financiamento de imóveis novos passou de R$ 1,2 bilhão para R$ 2,7 bilhões. Já o valor máximo dos recursos destinados a imóveis com valores superiores a R$ 500 mil subiu de R$ 600 milhões para R$ 1,35 bilhão

O Governo Federal também elevou o volume de recursos do FGTS no apoio à Produção de Habitações, que passou de R$ 40,4 bilhões para R$ 42,9 bilhões, e no programa Pró-Cotista, indo de R$ 2 bilhões para R$ 4,5 bilhões.

Mudança na correção do FGTS

Ainda sobre FGTS e habitação, o Supremo Tribunal Federal (STF) está julgando uma mudança na forma de correção do FGTS: atualmente, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço rende a Taxa Referencial (TR) acrescida de 3% ao ano, e a proposta é que passe a ser a TR somada a 6% ao ano. 

O julgamento já tem dois votos a favor da mudança, compartilhados pelos ministros Luís Roberto Barroso e André Mendonça, mas foi paralisado em 27 de abril após o pedido de vista (mais tempo para estudar o caso) feito por Nunes Marques.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Antônio França, essa alteração vai encarecer o crédito imobiliário e excluir o acesso de famílias de baixa renda. “O julgamento mexe com a estrutura que propicia que uma grande parte dos cotistas do FGTS possa receber recursos ou subsídio para adquirir a casa própria.”

Segundo França, se o FGTS passar a render mais, as taxas de juros para o crédito imobiliário ficarão mais caras, deixando os valores das parcelas mais altos, tirando, assim, a possibilidade de 13 milhões de famílias terem seus imóveis. Além disso, também cairá o ritmo da incorporação imobiliária. “Na média, 2,7 milhões de empregos diretos e indiretos são criados por ano. Pode haver uma perda de 1,3 milhão de empregos se essas medidas forem implantadas”, explica o presidente da Abrainc. 

Ainda não há data marcada para a finalização do julgamento no STF. 

Dados do FGTS no financiamento imobiliário

Um levantamento realizado pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) destacou a situação atual e perspectivas de financiamento para o setor imobiliário.

Os dados divulgados durante a Reunião Plenária do Departamento da Indústria da Construção e Mineração (Deconcic/Fiesp), em 26 de abril, mostram que 2022 registrou um volume de financiamento com recursos do FGTS e do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) de R$ 241 bilhões, o 2º melhor resultado histórico – ficando atrás apenas de 2021, que chegou a R$ 255 bilhões. Desse montante, R$ 62 bilhões vieram do FGTS, enquanto R$ 179 bilhões, do SBPE. 

Em relação ao número de unidades entregues, 2022 chegou ao total de 1,15
milhão, também abaixo apenas do observado em 2021, que teve 1,23 milhão. O
FGTS foi responsável por 439 mil dessas unidades, e o SBPE, por 713 mil.

A Abecip apresentou, ainda, as expectativas para 2023, de acordo com estimativas e o orçamento previsto para cada sistema. A previsão é de que o volume de financiamentos caia 8%, passando de R$ 241 bilhões para R$ 221 bilhões. A participação do FGTS, no entanto, deve aumentar 5%, mas a do SBPE pode cair 13%.  

Fontes

Ministério das Cidades
Abrainc
Abecip

Jornalista responsável
Fabiana Seragusa 
Vogg Experience

11 de maio de 2023

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