Minha Casa, Minha Vida precisa virar política de Estado

16 de maio de 2013

Minha Casa, Minha Vida precisa virar política de Estado

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Setor da construção civil aguarda que PEC da Habitação seja votada no Congresso, para alavancar novos investimentos

Por: Altair Santos

Liderados pelo SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo) vários segmentos ligados à cadeia produtiva do setor estão convictos de que chegou a hora de o Brasil ter uma política de Estado para a habitação, em vez de apenas programas governamentais. O sucesso do Minha Casa, Minha Vida, que em março de 2013 completou quatro anos com 1,5 milhão de moradias construídas e 2,5 milhões de unidades contratadas, é que leva à mobilização pela aprovação da PEC (Projeto de Emenda Constitucional) da Habitação, que desde 2008 tramita no Congresso Nacional.

Sérgio Watanabe, presidente do SindusCon-SP: MCMV precisa ser um programa perene, independentemente de governo.

Para o presidente do SindusCon-SP, Sérgio Watanabe, tornou-se inadiável o Brasil ter uma política de habitação, até por que em países vizinhos, onde isso ocorreu, houve praticamente a erradicação do déficit habitacional. “Em 1996, mandamos uma missão ao Chile para ver o projeto que praticamente liquidou o déficit por lá. Em 2007, fomos ao México, que adotou plano semelhante e hoje constrói praticamente um milhão de casas por ano. Com base nos dados colhidos, e em parceria com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) montamos duas propostas que resultaram na PEC: o Moradia para Todos e o Moradia Digna. Mas o projeto ainda segue parado na Câmara, apesar de já ter passado por todas as comissões”, diz o dirigente.

Por isso, para reforçar a mobilização do setor, no dia 29 de abril de 2013, na sede do SindusCon-SP, foi realizado o workshop “Minha Casa, Minha Vida e Parcerias: Gargalos e Propostas”. O evento reuniu players da construção civil, além de gestores da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e representantes do ministério das Cidades. “O objetivo é que o governo tome a iniciativa de perenizar o Minha Casa, Minha Vida, agilizando a votação da PEC no Congresso. Só assim o déficit habitacional no Brasil, que hoje está na casa de 5,2 milhões de moradias, conseguirá ser zerado”, afirma Watanabe.

Ainda de acordo com o presidente do SindusCon-SP, para atender a demanda, o setor da construção civil precisa ter um projeto de longo prazo que garanta recursos e o ajude a se preparar para processos industriais de construção em massa. “Não podemos mais imaginar que a cada troca de governo os programas habitacionais sejam revistos. O país precisa de uma política que vincule receitas da União, dos estados e dos municípios”, defende Sérgio Watanabe, que lançou um slogan para a mobilização: sua casa, nossa causa. A PEC da Habitação propõe reservar 2% do orçamento da União e 1% dos orçamentos de estados e municípios para fundos nacional, estaduais e municipais de habitação de interesse social.

CBIC apoia

Encontro no SindusCon-SP reuniu os principais players da construção civil nacional.

No mesmo evento, o presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, deu total apoio ao movimento e lembrou que por falta de uma política de Estado o Brasil passou cerca de 20 anos no “vazio” em termos de construção habitacional. “Desde o fim do BNH (Banco Nacional de Habitação) até o surgimento do Minha Casa, Minha Vida, nossa luta foi insana. Muitas vezes ficamos sem respostas, mas em 2008, por pressão da sociedade, que pedia moradias, e por causa da crise econômica mundial, o governo federal, enfim, se rendeu ao Minha Casa, Minha Vida. Esse programa trouxe conquistas enormes para o país. Transformou vários segmentos da sociedade e permitiu que hoje a construção civil comemore 3,5 milhões de vagas formais nos canteiros de obras. Mas ainda há um déficit acentuado e, por isso, é importante que a PEC seja aprovada. Com ela, poderemos construir mais, e melhor”, concluiu.

Entrevistados
Sérgio Watanabe, presidente do SindusCon-SP (Sindicato da Construção de São Paulo) e Paulo Safady Simão, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção)
Currículos
– Sérgio Watanabe é graduado em engenharia civil e cumpre seu segundo mandato como presidente do SindusCon-SP, cuja gestão vai até 2014. Também é vice-presidente da CBIC e diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)
– Paulo Safady Simão é graduado em engenharia civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1971
– Especializou-se em Administração de Empresas na Fundação João Pinheiro, em conjunto com a Graduate School of Business da Columbia University de New York
– Foi presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (SindusCon-MG) no período de 1986 a 1992
– Vice-presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) de 1989 a 1995
– Preside a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) desde 2003
– Também integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES)
– É vice-presidente da Federação Interamericana da Indústria da Construção (FIIC) e da Confederação das Associações Internacionais de Empreiteiras de Construção (CICA)
– Ocupa o cargo de diretor-presidente da Wady Simão-Construções e Incorporações LTDA
Créditos fotos: Divulgação / SindusCon-SP

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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