Megaeventos ajudam engenharia a recuperar tempo perdido

5 de setembro de 2012

Megaeventos ajudam engenharia a recuperar tempo perdido

Megaeventos ajudam engenharia a recuperar tempo perdido 150 150 Cimento Itambé

Para professor da USP, Fernando Rebouças Stucchi, Copa do Mundo e Olimpíadas incorporam inovações, principalmente para a industrialização em concreto

Por: Altair Santos

Os megaeventos programados para ocorrer no Brasil em 2014 (Copa do Mundo) e em 2016 (Jogos Olímpicos) servirão para dar novo impulso à engenharia brasileira, principalmente no incremento de novas tecnologias aos canteiros de obras e aos processos de industrialização do concreto. A opinião é do professor titular da Poli-USP (Universidade de São Paulo), Fernando Rebouças Stucchi, que no 6º Concrete Show South America, realizado de 29 a 31 de agosto de 2012, em São Paulo, participou do seminário da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto).

Fernando Rebouças Stucchi: "Ficamos 30 anos investindo pouco em tecnologia.”

Stucchi palestrou sobre o tema “Arena multiuso para a Copa 2014 no Brasil e a importância da industrialização em concreto para a engenharia estrutural”. Para ele, a construção de novos estádios no país está permitindo que sejam abertas janelas para a inovação, retirando a engenharia brasileira de uma inércia de três décadas. “Há trinta anos, o Brasil detinha mais conceitos inovadores e estava mais próximo da engenharia praticada nos Estados Unidos e na Europa do que agora. A crise causada pela hiperinflação (anos 1980 e 1990) fez com que o país não investisse nada em construção e ocorresse um atraso”, lamenta.

O professor da USP cita que as construtoras deixaram de adquirir equipamentos de ponta, causando déficit tecnológico na engenharia nacional. “Hoje faltam guindastes pesados, Shield para fazer túnel de metrô, hidrofresa para escavação de parede diafragma, enfim, vários equipamentos. Da mesma forma, o Brasil deixou de trabalhar com concretos mais evoluídos, como os de alta resistência e os que contêm fibras, que só agora começam a ser utilizados em obras nacionais. Então, diria que a Copa não vai fazer milagres, mas está permitindo abrir janelas para a engenharia brasileira”, assegurou Fernando Rebouças Stucchi.

Seminário da ABCIC, no 6º Concrete Show South America: um dos mais concorridos.

A tecnologia do pré-moldado é a que tende a se beneficiar mais das obras para receber o mundial da Fifa, em 2014. Há inovações sendo agregadas às construções dos estádios que provavelmente irão se disseminar para outros tipos de empreendimentos. As arenas de Cuiabá, do Grêmio de Porto Alegre, de Recife, de Salvador e de São Paulo agregaram muitas inovações. Mas a que está na frente, segundo Stucchi, é a de São Paulo. “Há técnicas maravilhosas de acabamento. Uma delas é uma empena enorme no setor leste do estádio. O pessoal simplesmente deu uma lixada nas juntas e parece que está estucada. Além disso, a obra tem balanços pré-moldados de seis metros que foram fixados com parafuso e uma grande quantidade de peças pesadas que nunca foram usadas antes em obras como esta”, afirma o especialista.

No entanto, ao mesmo tempo que serve de alavanca para a inovação, a Copa do Mundo também expõe a carência da área do pré-moldado em algumas regiões do país. “Em Recife, as peças estão sendo moldadas in loco. Por quê? A única fábrica capaz de atender projetos desta envergadura no Nordeste já estava comprometida com a arena Salvador e Recife, então, não usufruiu do pré-moldado. Isso mostra que o Brasil ainda não tem a quantidade de fábricas de pré-moldados que deveria ter”, ressalta Fernando Rebouças Stucchi, destacando ainda que outro empecilho está na formação de profissionais. “Para formar bons engenheiros que saibam construir com pré-moldado é preciso, no mínimo, uns dez anos. Já para formar técnico de nível médio, talvez uns cinco anos. Precisamos recuperar esse terreno perdido”, finaliza.

Entrevistado
Fernando Rebouças Stucchi, professor titular da Poli-USP e sócio-diretor da Egt Engenharia
Currículo

– Fernando Rebouças Stucchi é graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica pela Universidade de São Paulo (1975)
– Tem especialização em estruturas de concreto pela Centre de Hautes Etudes de La Construction (1979) e mestrado em engenharia civil pela Universidade de São Paulo (1982), além de doutorado em engenharia civil pela Universidade de São Paulo (1991)
– Atualmente é professor titular da Universidade de São Paulo, professor associado da Universidade de São Paulo, presidente de comissão da Associação Brasileira de Normas Técnicas
– Também é membro do Comitê Técnico CT-301 do Instituto Brasileiro do Concreto, Sócio do ACI e Membro Votante do Comitê 318 da American Concrete Institute e membro votante da Fédération Internationale du Béton
– Tem experiência na área de engenharia civil, com ênfase em estruturas, atuando principalmente nos seguintes temas: estruturas de concreto, pontes, projeto de estruturas
– Ocupa ainda o cargo de sócio-diretor da Egt Engenharia Ltda
Contato:
egt@egtengenharia.com.br / fernando.stucchi@poli.usp.br
Créditos fotos: Divulgação/Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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