Jundiaí transforma resíduos em praças e calçadas

2 de setembro de 2015

Jundiaí transforma resíduos em praças e calçadas

Jundiaí transforma resíduos em praças e calçadas 824 593 Cimento Itambé

Cidade do interior de São Paulo assume reciclagem de entulhos da construção civil, transformando-os em agregados para fabricar artefatos de cimento

Por: Altair Santos

Em 2013, a prefeitura de Jundiaí, no interior do estado de São Paulo, se confrontou com grave problema orçamentário: descobriu que apenas 2% de tudo que arrecadava poderia ser destinado aos investimentos, incluindo obras públicas. Porém, as demandas da população, no que se referia à construção de calçadas, pavimentação de ruas, tubulações para saneamento básico e revitalização de espaços públicos, não podiam esperar. Foi aí que surgiu a ideia de transformar resíduos da construção civil (RCC) em dinheiro.

Gilberto Valverde Carneiro: é preciso mostrar que é possível transformar resíduo em dinheiro

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No distrito industrial de Jundiaí foi construído o Geresol (Centro de Gerenciamento de Resíduos Sólidos) – usina mantida pela própria prefeitura, que recebe o RCC, separa os agregados e os utiliza no concreto para produzir peças pré-fabricadas de cimento para fins não estruturais, como pavers, meios-fios e manilhas. Em dois anos, o Geresol já recebeu 700 mil m³ de RCC e extraiu 300 mil toneladas de material reciclado. Isso gerou economia de R$ 13 milhões ao município, que passou a não comprar mais produtos virgens, principalmente areia e brita.

Junto com o Geresol, a prefeitura de Jundiaí implantou um rigoroso sistema de fiscalização do transporte de caçambas e dos geradores de resíduos da construção civil, que passam de 40 mil na cidade. Quanto às empresas que atuam no município, transportando caçambas, elas passam de 250. Os caminhões só podem circular se estiverem cadastrados na prefeitura. Quando isso ocorre, eles passam a ser monitorados por GPS. Para fiscalizar o transporte ilegal, o rastreamento é feito por 25 fiscais.

Brasil só recicla 6% do RCC
O funcionamento do modelo foi apresentado pelo diretor de obra, manutenção e resíduos da Secretaria de Serviços Públicos de Jundiaí, o engenheiro Gilberto Valverde Carneiro, durante a 9ª edição do Concrete Show, que aconteceu de 26 a 28 de agosto na cidade de São Paulo. “Só conseguimos viabilizar o projeto quando mostramos que ele poderia ser superavitário e gerar dinheiro para o município. Essa é a lógica que deve prevalecer para uma política de reaproveitamento de resíduos da construção”, disse, durante o seminário “Resíduos da Construção Civil – Avanços Obtidos nos 13 Anos da Resolução Conama 307”, realizado pelo SindusCon-SP, dentro do Concrete Congress.

Geresol: local onde resíduos de Jundiaí são reciclados recebe visitas diárias de profissionais ligados à construção civil

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Jundiaí também criou um sistema informatizado chamado CTR (Controle de Transporte de Resíduos). As empresas cadastradas informam onde vão coletar os resíduos, o horário e qual o trajeto a ser percorrido para a descarga no Geresol. O motorista da caçamba também é treinado para orientar o cidadão comum, que contrata a caçamba, a não jogar lixo orgânico ou outros materiais que não sejam entulhos da construção civil. Caso isso ocorra, o contratante da caçamba também está sujeito a receber multa.

O modelo de Jundiaí inspira outros municípios do estado de São Paulo a adotar procedimentos semelhantes. O governo paulista pretende disseminá-lo através de um programa batizado de SIGOR (Sistema de Gerenciamento Online de Resíduos Sólidos). Assis, Catanduva, Santos, São Vicente e Santo André iniciaram tratativas para implantar o programa. Já a prefeitura da cidade de São Paulo também trabalha para implantar um sistema semelhante, enquanto o SindusCon-SP atua paralelamente, prestando orientação técnica e disseminando as práticas de uso de resíduos recicláveis através de um manual criado por especialistas. O objetivo também é sensibilizar outros estados, pois no país apenas 6% dos resíduos da construção civil são coletados, armazenados e reciclados corretamente.

Veja vídeo de como funciona o programa de destinação de RCC em Jundiaí-SP

Baixe aqui o manual “Gestão Ambiental de Resíduos da Construção Civil – Avanços Institucionais e Melhorias Técnicas”.

Entrevistado
Gilberto Valverde Carneiro, graduado em engenharia civil, industrial e de segurança. Atualmente, é diretor de obra, manutenção e resíduos da Secretaria de Serviços Públicos de Jundiaí-SP
Contatos
gcarneiro@jundiai.sp.gov.br
g.valverde@uol.com.br

Créditos fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé/Prefeitura de Jundiaí/Cleber de Almeida

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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