Faltam profissionais qualificados na construção civil

19 de maio de 2008

Faltam profissionais qualificados na construção civil

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Profissionais de engenharia estão entre os mais disputados no mercado

Cláudio Elias Conz

Cláudio Elias Conz

Não sendo mais nenhuma novidade, o mercado da construção civil está sem profissionais qualificados para atuarem nas inúmeras obras por todo o país.

Com os preços de materiais acessíveis, com as diversas formas de pagamento e até mesmo com a facilidade em obter a casa própria com financiamento imobiliário, o setor da construção civil cresceu no último ano, sendo que a previsão apenas para 2008 é um aumento de 10,2% (Folha Online). O problema está em encontrar trabalhadores capacitados para atenderem a demanda.

De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Elias Conz, o problema da qualificação de mão-de-obra já vem de longa data. No entanto, a situação atual é ainda mais grave principalmente pelo aumento de crédito, de financiamentos e pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que apesar de contribuir para o aquecimento do mercado, tem exigido um grande número de trabalhadores preparados.

Com a extinção de profissionais no setor da construção, devido à grande recessão do setor nos últimos anos, a economia do país e as grandes empresas podem ser prejudicadas. O engenheiro civil e consultor, André Augusto Choma, conta que as conseqüências desse problema são: falhas no planejamento e na gestão dos empreendimentos, atrasos nos cronogramas e aumento dos custos. Já para Conz, a principal conseqüência é o grande número de acidentes. “Além disso, a pouca qualificação causa prejuízos para quem contrata, com o desperdício de materiais”.

Mas, por que há tanta falta de profissionais qualificados? Simplesmente porque não há investimentos em treinamentos e cursos para a área, afirma Choma.

“O que considero mais crítico é o fato de poucas construtoras investirem na formação dos seus gestores de obras. O investimento necessário para treinar as equipes é pequeno se comparado aos resultados que elas podem propiciar para a empresa. É claro que a maioria delas é composta por profissionais experientes, mas treinamentos constantes é uma forma de manter a equipe atualizada, com foco em ferramentas de gestão que vão auxiliar na obtenção dos resultados planejados”, conta o engenheiro.

O presidente da Anamaco aponta uma iniciativa positiva. Segundo ele, o governo federal vai aplicar cerca de R$ 7 milhões nos próximos meses em treinamentos aos beneficiários do Bolsa-Família do estado de São Paulo (sendo um representante por unidade familiar) para o trabalho na construção civil.

Além disso, a própria Anamaco investe em qualificação por meio do programa Doutores da Construção, que já formou diversas turmas de profissionais. “Eletricistas, instaladores hidráulicos, pedreiros, pintores, dentre outros profissionais do setor recebem treinamento técnico gratuito, passam por avaliações das informações apresentadas no curso e se capacitam para apresentar as melhores soluções, aplicações e instalações corretas dos produtos”, conta Conz.

O caminho é esse, pois só com treinamento e cursos os profissionais poderão obter qualificação e atender a demanda. “O diferencial de uma empresa é a qualificação da sua mão-de-obra”, afirma Choma.

Além disso, com os treinamentos para a mão-de-obra será possível melhorar a produtividade das equipes, diminuir desperdícios e aumentar a probabilidade de cumprir cronogramas. “O investimento em gestão aumenta as chances de sucesso dos empreendimentos das construtoras”, explica Choma.

Procura por engenheiros qualificados é grande

De acordo com especialistas em recrutamento e recursos humanos, os profissionais de engenharia estão entre os mais disputados no mercado deste ano. Só em 2007, essa procura foi de 36%.

Porém, algumas exigências serão feitas na hora da contratação, como: saber desempenhar atividades pesadas e manuais, além de ter capacidade em liderar pessoas.

De acordo com o Vice-Presidente da Área Técnica de Política e Relações Trabalhistas do Sinduscon-PR, Eng.º Euclésio Manuel Finatti, essa escassez vem acontecendo desde meados do ano passado.

Para ele, a curto prazo, esse problema não tem solução, uma vez que as escolas de engenharia não estão conseguindo formar profissionais preparados para enfrentar o trabalho em uma obra. Além disso, o mercado não pode esperar esse profissional ficar mais dois anos fazendo uma pós-graduação e mais diversos longos cursos de qualificação.

De acordo com ele, os profissionais recém-formados devem procurar cursos mais breves e ter uma visão de melhoria do mercado para conseguir caminhar junto ao setor. “Felizmente a procura por esses cursos já está sendo grande e isso é um fator positivo para aumentar a qualificação desses profissionais”.

Cláudio Elias Conz – É presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), do Sindicato do Comércio Atacadista de Materiais de Construção do Estado de São Paulo (Sincomaco), do Instituto Brasileiro de Serviços e Terceirização na Construção e na Habitação (IBSTH) e do Comitê Nacional de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação – ligado ao Ministério das Cidades (CTECH). Além de ser membro do Conselho Curador do FGTS, representando a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e presidente da Câmara da Construção da Fecomércio de São Paulo.

André Augusto Choma – É PMP, Engenheiro Civil, consultor e sócio da Euax Gestão de Projetos (www.euax.com.br). Tem experiência na gestão de projetos de construção industrial, comercial, residencial e na gestão de projetos de desenvolvimento e implantação de softwares. É instrutor de treinamentos de gestão de projetos e autor do livro “Como Gerenciar Contratos com Empreiteiros” (PINI, 2005 – www.gestaodeempreiteiros.com.br).

Euclésio Manuel Finatti – É engenheiro civil, Vice-presidente da Área Técnica de Política e Relações Trabalhistas do Sinduscon-PR.

Referência:
Créditos: Caroline Veiga

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