Empresa familiar precisa ter estratégia como herança

30 de março de 2016

Empresa familiar precisa ter estratégia como herança

Empresa familiar precisa ter estratégia como herança 920 612 Cimento Itambé

Ao propagar seus conceitos e preparar os sucessores, empreendedor dá passo importante na direção da sustentabilidade e da longevidade do negócio

Por: Altair Santos

A tese de que empresas familiares não têm estratégias definidas não é verdadeira. Os empreendedores que formam as primeiras gerações de um negócio possuem, sim, projetos bem consolidados. Porém, os planos ficam em “suas cabeças”, o que não é o ideal.

Empreendedor-sênior precisa preparar os sucessores para receber o bastão

Empreendedor-sênior precisa preparar os sucessores para receber o bastão

A prática demonstra que o confinamento da estratégia pelo empreendedor faz com que a continuidade do negócio demande esforço adicional. “Uma avaliação mais detalhada do modelo de empresa familiar demonstra que cada empreendedor traçou uma ou várias estratégias, até que seu sonho fosse alcançado. Consolidada a empresa, ele segue calibrando as estratégias de acordo com o seu melhor julgamento, mas de forma isolada. Portanto, desconhecido dos demais. O ideal é que ele estruture o negócio para que seus sucessores entendam o DNA da empresa, possam absorvê-lo e tocá-lo adiante”, avalia Cláudia Tondo, coordenadora do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

Ao abrir seus conceitos e preparar os sucessores, o empreendedor está dando um passo importante na direção da sustentabilidade e da longevidade de seu negócio, independentemente do tamanho da empresa e do ramo de atividade. “A prática demonstra que a existência da estratégia apenas na cabeça do empreendedor faz com que a continuidade do negócio e das relações familiares demande um esforço adicional, já que é preciso estruturar o negócio, a família e o patrimônio. O desafio não é pequeno, mas o seu grau de dificuldade não exime ninguém de encará-lo. Desatar esse nó revela-se o verdadeiro desafio e, porque não, um grande estímulo”, alerta Robert Juenemann, conselheiro de administração do IBGC.

O especialista lembra que quando o empreendedor-sênior não prepara seus sucessores, sejam executivos familiares ou não-familiares, pode estar selando o futuro da empresa. Isso, normalmente, resulta na demora da companhia em modernizar-se ou, simplesmente, na venda do negócio.

Governança corporativa familiar
Uma solução para a empresa é adotar a governança corporativa familiar. Ela facilita a montagem de uma estrutura que permite o diálogo sobre assuntos essenciais para a continuidade dos negócios.

Entre eles, direcionar empreendimentos, formalizar objetivos e alinhar expectativas. “No ambiente da família, recomenda-se a criação de fóruns que estimulem o diálogo respeitoso sobre os temas importantes para seus membros e crie uma ponte entre as pessoas que compõem o topo da hierarquia empresarial. Na medida em que estes diálogos se estabelecem, os empreendedores acabam percebendo que outras pessoas também estão comprometidas para o sucesso e a continuidade dos negócios”, explica Claudia Tondo.

A coordenadora do IBGC ainda sugere que, para facilitar esse diálogo, o conselho familiar elabore uma agenda temática e inclua em sua pauta assuntos considerados relevantes para a prosperidade da empresa.

Por fim, Robert Juenemann acrescenta que estruturas de governança propiciam diálogos respeitosos e facilitam desatar nós que poderiam comprometer a estratégia da empresa familiar. “É muito comum encontrarmos membros da nova geração dizendo: precisamos fazer um planejamento estratégico. Por outro lado, membros da geração sênior ficam mudos em relação ao assunto, achando que isso é exagero de quem, em geral, estudou formalmente mais do que eles. E, aí, o nó entre as gerações não é desatado e quem pega o preço é a empresa”, diz, finalizando que uma estratégia transparente deve ser a principal herança das empresas familiares.

Saiba mais
Entre os dias 13 e 14 de abril, o IBGC estará em Curitiba, ministrando o curso Governança Corporativa em Empresas Familiares. Para mais informações, acesse o link:
http://www.ibgc.org.br/inter.php?id=19607/governanca-corporativa-em-empresas-familiares

Entrevistados
Cláudia Tondo, coordenadora-geral do Capítulo Sul do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)
Robert Juenemann, conselheiro de administração do IBGC

Contato: ibgc@planin.com

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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