Chuvas intensas e ventos com grande poder de destruição obrigam empresas a se precaverem para evitar prejuízos e risco de perder obras
Por: Altair Santos
Anomalias climáticas, como chuvas ininterruptas e tornados, incorporaram um novo elemento aos canteiros de obras: as previsões meteorológicas. É de acordo com boletins sobre o tempo que as construtoras passaram a definir seu cronograma de obras. Etapas como terraplanagem e concretagem de fundações, pilares e lajes são cada vez mais pautadas por boletins climáticos.
Segundo o meteorologista César Ferreira Soares, do Climatempo, ferramentas que fazem previsões ajudam, principalmente, a produtividade no canteiro de obras. “Com o acesso a serviços sobre o clima a empresa melhora o planejamento, principalmente das etapas que exigem ser realizadas com tempo seco, como concretagem e terraplenagem”, diz o especialista.
A antecipação das adversidades climáticas também é uma questão de segurança para os profissionais que atuam no canteiro de obras. “Um meteorologista treinado é capaz de identificar uma tempestade ou um tornado e emitir um alerta para evacuar o canteiro de obra em tempo hábil. As estações meteorológicas também são importantes para esse tipo de trabalho”, completa César Ferreira Soares.
Mais comuns nas regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, os tornados são os sistemas mais severos e temidos pela construção civil. Dependendo da intensidade, o fenômeno pode destruir casas, tombar guindastes, arrancar estruturas metálicas e até esfacelar obras de concreto armado. “São ventos que podem ultrapassar 300 km/h. Dependendo do estágio do empreendimento, um edifício ou uma ponte também podem sofrer danos”, afirma o meteorologista.
Prejuízo na casa dos milhões
Nos Estados Unidos, onde os tornados estão mais incorporados ao clima do país, ocorreram alterações profundas nos sistemas construtivos. Também houve a preocupação na elaboração de normas técnicas que orientassem a construção civil a empreender obras mais seguras e capazes de poupar vidas quando afetadas por esses fenômenos. No Brasil, ainda não existem normas com esta finalidade. “A princípio, não há nenhuma norma na construção civil brasileira relacionada aos fenômenos meteorológicos severos”, cita César Ferreira Soares.
Segundo estudo da Bloomberg, agência internacional de notícias econômicas, os tornados provocam estragos que, anualmente, passam da casa dos 3 bilhões de dólares nos Estados Unidos. Não há um estudo similar para o Brasil, mas segundo informações da Defesa Civil o mais recente tornado verificado no país, e que atingiu a cidade de Xanxerê, em Santa Catarina, em abril de 2015, causou danos equivalentes a R$ 60 milhões.
Neste ano, só as chuvas intermitentes no Rio Grande do Sul, provocadas pelo El Niño, causaram prejuízos em ordem equivalente a dos tornados. A instabilidade climática também paralisou uma série de obras em várias cidades gaúchas e catarinenses, colocando a construção civil em alerta contra esses novos fatores climáticos.

Meteorologista César Ferreira Soares: Brasil não tem norma técnica na construção civil relacionada aos fenômenos meteorológicos severos
Veja aqui a cartilha do Climatempo que alerta sobre os efeitos dos tornados na construção civil.
Entrevistado
Meteorologista César Ferreira Soares
Contato: cesar@climatempo.com.br
Créditos Fotos: Julio Cavalheiro/Secom/Antonio Paz/Governo do RS/Divulgação/Climatempo