Efeitos da norma de desempenho não serão imediatos

25 de julho de 2013

Efeitos da norma de desempenho não serão imediatos

Efeitos da norma de desempenho não serão imediatos 972 972 Cimento Itambé

Consumidor só irá perceber mudanças daqui a dois anos. Por outro lado, NBR 15575 impõe novos desafios a engenheiros, projetistas e arquitetos

Por: Altair Santos

A ABNT NBR 15575 – Desempenho de Edificações Habitacionais, que desde 19 de julho de 2013 está em vigor, só será efetivamente percebida pelo consumidor daqui a dois anos, quando novos empreendimentos adequados a ela forem entregues. É o que preveem especialistas, como o engenheiro-projetista Jorge Batlouni Neto, coordenador do grupo de Estruturas e Fundação do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo) e o assessor técnico do SindusCon-PR, Ivanor Fantin Júnior. “Como a norma vale para empreendimentos protocolados a partir do dia 19 de julho, e a obra dura de um ano e meio a dois anos para ficar pronta, teremos que esperar esse tempo para ver os efeitos reais da norma“, avalia Fantin.

Jorge Batlouni Neto: algumas empresas só estão acordando agora para a ABNT NBR 15575.

Essa projeção vale para as empresas que estão preparando-se para a ABNT NBR 15575 desde que ela teve sua primeira versão aprovada, e depois entrou em consulta pública e passou por nova revisão para ser melhorada. “Tem empresas que já estão adaptando seus processos desde quando estava acontecendo a revisão da norma. Isso vale tanto para construtoras quanto para produtores de insumos, como janelas e portas, por exemplo. Mas tem algumas que estão acordando agora e terão de correr atrás para atender as especificações”, afirma Jorge Batlouni Neto. “Alguns fornecedores não fizeram a lição de casa e vão ter problemas para adequar seus produtos à norma, apesar de todo o tempo que foi dado”, completa Ivanor Fantin Júnior.

A norma de desempenho foi dividida em seis partes: 1) requisitos gerais; 2) sistemas de
estrutura; 3) sistemas de pisos; 4) vedações verticais; 5) vedações de coberturas e 6) sistemas hidrossanitários. No entender dos especialistas, um dos pontos mais complicados será o que exige do construtor um manual de uso, operação e manutenção da unidade habitacional, a fim de que o usuário possa segui-lo ao longo do período de vida útil do imóvel. Há também a questão de que a ABNT NBR 15575 tende a puxar a revisão de outras normas. “A mais urgente é a parte 3 da norma 15220, que trata do zoneamento bioclimático (ABNT NBR 15220 – parte 3 – Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social). “Ela já é uma norma defasada e ainda não temos nenhuma comissão trabalhando na revisão. A relevância, é que ela afeta todo o desempenho térmico das habitações”, alerta Ivanor Fantin Júnior.

Ivanor Fantin Júnior: norma de desempenho tende a impor a revisão de outras normas.

Jorge Batlouni Neto destaca também que das seis partes da norma, a parte dois (sistemas de estrutura) vai requerer atenção se forem usados processos inovadores de construção. Além disso, a parte um passa a pedir cuidados especiais na construção das alvenarias que dividem os apartamentos, assim como na das lajes e no acabamento de caixilhos, janelas e paredes externas. “Isso ocorre, porque estaremos tratando de uma elevação na qualidade da habitação”, diz o coordenador do SindusCon-SP, lembrando que o adiamento da entrada em vigor da norma de desempenho foi benéfico sob o ponto de vista de entendimento de suas peculiaridades. “O mercado assimilou melhor a norma e vai conseguir construir com mais atenção”, entende. “A versão anterior tinha uma série de problemas que inviabilizaria a construção civil no Brasil”, emenda o assessor técnico do SindusCon-PR.

A ABNT NBR 15575 é vista como um marco na evolução da construção civil brasileira, mas também imporá novos desafios a engenheiros, projetistas e arquitetos, em especial. “A norma passa a exigir especificações de materiais, algo que não havia costume no Brasil. Por exemplo, a escolha de uma cerâmica terá que atender o desempenho necessário para o tipo de construção proposto”, explica Jorge Batlouni Neto. “Para projetar, será importante saber os parâmetros dos produtos. E o que nós não temos é justamente isso. Ainda são poucos os ensaios feitos pelas empresas, e que podem balizar o projetista a identificar materiais”, conclui Ivanor Fantin Júnior, estimando que em cinco anos a norma de desempenho terá sido totalmente assimilada pela cadeia produtiva da construção civil.

Entrevistados
– Jorge Batlouni Neto, coordenador do grupo de Estruturas e Fundação do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo)
– Ivanor Fantin Júnior, assessor técnico do SindusCon-PR (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná)
Currículos
– Jorge Batlouni Neto é graduado em engenharia civil pela Universidade de São Paulo (1982) e mestre em Habitação e Tecnologia pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT (2003)
– É diretor-superintendente da JB Tecnum Engenharia e Construções Ltda (Tecnum Construtora)
– Professor do MBA da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo –Tecnologia na Gestão da Produção de Edifícios (desde 2002)
– Coordenador do grupo de Estruturas e Fundação do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (Sindicato da Industria da Construção Civil de São Paulo)
– Ivanor Fantin Júnior é graduado em engenharia civil pela PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) e assessor técnico do SindusCon-PR
Contatos: jbn@tecnum.com.br / engenharia@sindusconpr.com.br
Créditos fotos: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos
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