Ecológico, tijolo solocimento ganha impulso

Produto à base de solo arenoso e cimento Portland tem desempenho semelhante aos blocos de concreto e aos tijolos cerâmicos.

Produto à base de solo arenoso e cimento Portland tem desempenho semelhante aos blocos de concreto e aos tijolos cerâmicos

Por: Altair Santos

Apesar de ainda ser pouco industrializado, o tijolo solocimento começa a ganhar corpo no mercado da construção civil. Antes, o produto se limitava às organizações comunitárias do interior do país, que estimuladas pelas prefeituras instalavam centrais de produção para fabricar o material e usá-lo em programas de habitações sociais. Atualmente, por ser um elemento ecológico e com alto grau de sustentabilidade, o tijolo solocimento ganha impulso.

Tijolos de solocimento: tão eficientes quanto os tijolos cerâmicos e os blocos de concreto

Outro aspecto que conta a favor do produto é que ele tem desempenho equivalente ao tijolo cerâmico e aos blocos de concreto. Desde que fabricado com materiais de qualidade, pode ser empregado em praticamente todo tipo de construção. “Sendo tijolo, tem a mesma aplicação de um tijolo comum. Pode ser usado na construção de edifícios com estrutura de concreto normal ou em parede monolítica“, explica Suely da Silva Guimarães, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CEPED), ligado à Universidade Estadual da Bahia.

O CEPED desenvolveu pesquisas com tijolo solocimento para auxiliar o governo baiano a construir habitações populares na região cacaueira do estado.  O baixo custo e a facilidade para produzi-lo permitiram construir casas a baixo custo. “Conseguimos desenvolver paredes monolíticas, sem rejunte e com encaixe macho e fêmea, como nas construções pré-fabricadas, o que reduziu sensivelmente o preço das habitações”, revela Suely da Silva Guimarães.

No projeto do centro de pesquisa da Universidade Estadual da Bahia foi usado o cimento Portland comum para a construção das paredes monolíticas de solocimento. O material nasce de uma mistura de solo arenoso – o ideal é que tenha teor de areia acima de 50% para dar uma liga consistente -, água e cimento. A ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) recomenda o uso de cimento Portland Composto CP II-F (com adição de material carbonático – fíler) para a produção de um solocimento mais resistente.

Neste caso, o produto pode ser utilizado até em pavimentação, que foi como ele começou a ser empregado no Brasil. A estrada Caxambu-Areias, em Minas Gerais, construída em 1939, foi a primeira a utilizar solocimento. Na época, o empreendimento já teve a assessoria técnica da ABCP. O país chegou a ter 25 mil quilômetros de estradas com esse tipo de pavimento. Hoje, o solocimento é utilizado como base de pavimentos flexíveis e sub-base de pavimentos de concreto. O material é eficiente também como contenção de encostas.

Vantagens

– Um de seus principais componentes, o solo arenoso, é abundante em várias regiões do Brasil.
– O processo construtivo é simples e facilmente assimilado por mão de obra não qualificada.
– Tem nível de conforto acústico e térmico semelhante ao do tijolo cerâmico.
– Apresenta alta durabilidade e boa impermeabilidade.
– No caso de paredes monolíticas, dispensa chapisco, emboço e reboco.
– Baixo custo de produção e ideal para a construção de habitações de interesse social.

Desvantagens

– Pouco produzido industrialmente.
– Ainda tem penetração limitada no mercado da construção civil, principalmente nas regiões sul e sudeste do país.
– Quase nenhum incentivo governamental para que possa ser produzido em escala industrial.

Entrevistado
Suely da Silva Guimarães, pesquisadora da Universidade do Estado da Bahia
Currículo
– Engenheira civil graduada pela Universidade Federal da Bahia (1973)
– Tem mestrado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1977)
– Atualmente é pesquisadora da Universidade do Estado da Bahia no Programa Incubadora Tecnológica de Cooperativas populares da Pró-reitoria de Extensão
– Tem experiência em projetos de pesquisa e extensão nos temas: materiais e componentes de edificações, fibras vegetais, solocimento, habitação popular, incubação de cooperativas populares e economia solidária
Contato:sguimaraes@uneb.br

Créditos Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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