Até 2016, por conta dos eventos Copa do Mundo e Olimpíadas, Brasil deverá ganhar mais 396 novos empreendimentos. Industrialização impulsiona setor
Por: Altair Santos
Das 27 unidades federativas do Brasil – incluindo o Distrito Federal -, apenas o Piauí não está construindo novos hotéis. No país, há 396 projetos com esse perfil, segundo a ferramenta de pesquisa e-Construmarket. Somente na região sudeste, existem 187 obras em fase de execução ou em estudo de viabilidade econômica. Outras 100 localizam-se no Nordeste, 55 no Sul, 37 no Centro-Oeste e 17 no Norte. Por conta dos eventos Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas 2016, o mercado hoteleiro é o segundo mais aquecido no país – perdendo apenas para o habitacional -, porém com as construções mais aceleradas. Isso se deve ao maciço investimento do setor em processos industriais.
Alvenaria estrutural, construções em pré-fabricado e tilt-up – sistema que utiliza painéis pré-moldados em concreto – estão entre as modalidades construtivas que têm ajudado a impulsionar as obras de hotéis no Brasil. “São tecnologias que aceleram as obras, uma vez que o hotel precisa estar pronto o mais rápido possível e quanto mais industrializada a construção, melhor”, avaliza Caio Sérgio Calfat Jacob, especialista em real estate consulting. Por conta desta celeridade, o investimento em hotel é o que mais tem dado rentabilidade aos fundos imobiliários em 2012. O retorno é de 56%, contra 42% de quem investe em escritórios e 20% dos recursos aplicados em shopping centers e lojas.
Boa parte dos investimentos no setor concentra-se nos chamados hotéis econômicos. No Brasil, o preço das diárias neste segmento subiu 20% e a ocupação cresceu 12%. “Eles predominam, por que são a base da pirâmide. São os modelos de hotéis que mais se precisa construir no Brasil”, destaca Caio Sérgio Calfat Jacob. Trata-se também da modalidade que mais tem investido em processos industriais de construção e acabamento. Como exemplo, os hotéis econômicos utilizam paredes em dry-wall e os banheiros prontos pré-fabricados. São inovações que antecipam a entrega em até um semestre. “Conseguimos reduzir o tempo por volta de seis meses, ou seja, o que daria para fazer em um ano e seis meses hoje dá para fazer em um ano”, comenta o especialista em real estate consulting.

Hotel construído no sistema Tilt-up: sistemas industriais hoje permitem economia de seis meses nas obras.
Caio Sérgio Calfat Jacob avalia que esses novos hotéis em construção no Brasil passarão pelo seu grande teste, sob o ponto de vista de viabilidade econômica, depois da Copa e das Olimpíadas. “Se eles não forem bem planejados, podem ficar ociosos. Por isso, o Secovi-SP desenvolveu um manual de melhores práticas para a construção de hotéis. Nenhum empreendimento neste setor deve ser iniciado sem antes ser realizado um estudo de mercado de viabilidade econômica-financeira. Nossa recomendação é que não sejam construídos hotéis apenas para a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Tem que haver planejamento para que o investimento traga retorno não apenas por um mês, mas por vários anos”, alerta.
Entrevistado
Caio Sérgio Calfat Jacob, especialista em real estate consulting
Currículo
– Caio Sérgio Calfat Jacob é graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP e diretor-geral da Caio Calfat Real Estate Consulting – empresa de consultoria imobiliária que atua em planejamento e desenvolvimento de empreendimentos imobiliários desde outubro de 1996
– É vice-presidente de assuntos turístico-imobiliários do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo) para o mandato 2012-2014
– É fundador, ex-presidente e membro do conselho deliberativo vitalício da LARES (Latin American Real Estate Society)
– É professor de análise de projetos de hotéis e resorts, do MBA Real Estate promovido pela FUPAM-USP, na FAU-USP
– É professor de planejamento de empreendimentos hoteleiros, do curso de especialização em gerenciamento de empreendimentos na construção civil, na FAU-Mackenzie, de São Paulo
Contato: caio@caiocalfat.com / www.caiocalfat.com / www.lares.org.br
Créditos fotos: Divulgação