Déficit habitacional oferece espaço para braços de grandes construtoras crescerem

10 de novembro de 2011

Déficit habitacional oferece espaço para braços de grandes construtoras crescerem

Déficit habitacional oferece espaço para braços de grandes construtoras crescerem 150 150 Cimento Itambé

Empresas criadas para atender segmento de habitações populares tendem a seguir com vendas em alta, motivadas pelo avanço da nova classe C e pelo Minha Casa, Minha Vida

Por: Altair Santos

Se a primeira etapa do Minha Casa, Minha Vida contou com um desembolso de R$ 53,1 bilhões do governo federal, a segunda fase, que foi lançada em junho de 2011, promete investimento de R$ 125,7 bilhões até 2014, dos quais R$ 72,6 bilhões virão do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). De olho neste volume de dinheiro, as grandes construtoras do país estimam que seus braços econômicos, criados para atender o segmento de habitação popular, ainda têm muito espaço para crescer.   

Em 2011, “braços econômicos” devem responder por 50% das unidades comercializadas pelas grandes construtoras.

Em algumas empresas, a nova divisão de negócios já responde por até 50% das unidades comercializadas por ano. É o que ocorre com a construtora Ideal Rossi, que é o braço econômico da Rossi. No caso da Cyrela, que criou a Living há quatro anos, o segmento voltado a construções de habitações populares já representa 35% da receita total. A expectativa é que chegue a 50% até 2013. “Há espaço para elas crescerem mais, principalmente se houver um viés de redução de taxas de juros para incentivar o consumo”. avalia o economista Fausto Gouveia, da Legan Asset, especialista em tendências econômicas e mercado financeiro.

Não apenas o programa habitacional criado pelo governo federal em 2009, mas também a mobilidade social no país estimula as grandes construtoras há investirem em braços econômicos. Até empresas especialistas em obras estruturais hoje estão atuando nesse segmento. Como a Odebrechet, que criou a Bairro Novo. Elas se sentiram estimuladas pela nova classe C – principal cliente das subsidiárias – e também pelo déficit habitacional de 7,9 milhões de moradias que ainda há no país (6,4 milhões em área urbana e 1,5 milhão em área rural) segundo os mais recentes números do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Soma-se a isso a disponibilidade de crédito para o segmento imobiliário, que em sete anos praticamente triplicou. Saiu de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2004 para 4,6%, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). “Foi uma conjuntura econômica que levou as construtoras a tomarem esta estratégia de criar braços econômicos. Aqui no Brasil, o crédito sempre foi bastante reprimido. Com o plano Minha Casa, Minha Vida, ele alimentou o setor, gerou crédito abundante e atraiu as grandes construtoras”, disse Fausto Gouveia.

Para atender a demanda do mercado, os braços econômicos passaram a desenvolver estratégias próprias para construir seus empreendimentos. Boa parte das empresas padroniza os projetos, dá prioridade ao sistema construtivo conhecido como alvenaria estrutural e investe na mecanização do canteiro de obras. Mesmo assim, esbarram nos gargalos da construção civil, sobretudo na escassez de mão de obra. “Isso afeta a rentabilidade destas empresas, pois gera atraso na obras. Esse pode ser um dos motivos que causou a queda de algumas delas na bolsa de valores mas não significa que não tenham espaço para voltar a crescer”, analisa o economista da Legan Asset.

A projeção é que o segmento de habitação popular (unidades com valor até R$ 200 mil) tenha espaço para crescimento sustentável até 2023. É quando, segundo o Plano Nacional de Habitação (PlaHab) do Ministério das Cidades, deverá zerar o déficit por novas moradias no Brasil. De olho nessa projeção, e já consolidados nas regiões sudeste e sul, os braços econômicos das construtoras passam a priorizar o norte e o nordeste do país, onde estão os maiores percentuais do déficit habitacional brasileiro, com 22,9% e 20,6% da população, respectivamente.

Algumas Construtoras que investiram em braços econômicos
– Gafisa (Tenda e Fit)
– Cyrela (Living)
– Odebrechet (Bairro Novo)
– Rossi (Ideal Rossi)
– Plaenge (Vanguard)

Veja o documento do Ipea:
– O planejamento da habitação de interesse social no Brasil: desafios e perspectivas
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/comunicado/111025_comunicadoipea118.pdf

Entrevistado
Fausto Gouveia, diretor da área Private da Legan Asset Management                                                                         
Currículo
– Economista e já atuou como analista de mercado, agente de investimentos e atualmente é economista chefe da Legan Asset Management
Contato: fausto@leganasset.com.br

Créditos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

 

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